Feel Good: Review 1ª temporada – Nem toda representação vem como conto de fadas
25 Março, 2020Passamos os últimos tempos procurando por séries representativas da nossa sociedade; sejam elas sobre amores e paixões, vícios, amizades ou coisas que completam e fazem nosso conjunto de experiências sociais. Mas e quando essa representação também é um jeito de mostrar algumas verdades que nos recusamos a enxergar em nós mesmo e nos outros?
Feel Good começa sendo adorável e então vamos sendo expostos a diversas dessas verdades que talvez, muitos relacionamentos e amizades são difíceis de aceitar ou enxergar. As vezes ficamos tão presos a imaginar que a maioria da problemática vem de relações heterossexuais e esquecemos que esse padrão estabelecido também pode ser reproduzido entre relações homoafetivas, e é triste que quando percebemos isso, provavelmente já esteja num momento em que o controle já foi totalmente perdido.
A série é protagonizada pela comediante canadense, Mae Martin, que interpreta ela mesma nos seis episódios com pouco menos de 30 minutos cada e com roteiro do Joe Hampson (Roteirista britânico). Eles definitivamente nos entrega momentos de boas risadas e outros de tensão, cheio de verdades que nos recusamos entender sobre nossos vícios e como [provavelmente] temos muitas bagunças pessoais para resolvermos. Mae Martin utiliza da sua própria vida para dar vida a sua personagem; uma comediante ex-viciada em drogas e viveu uma série de relações com mulheres heterossexuais e também tem problemas com seus pais.
Ao longo desses episódios vamos dando de cara que nem tudo é realmente como parece ser, e você pode concluir que a cada episódio podemos ter visões diferente sobre cada personagem da série. Você pode ir da raiva até mesmo a compreensão, ao entender que aquele personagem aparentemente rude também pode estar certo em se sentir aborrecido ao serem afetados diretamente com os comportamentos de riscos das pessoas que os rodeiam. Muitos assuntos parecem ser ignorados como forma de proteção, até que esses são forçados a vir à tona e assim ficar claro o que levou aquela tal ação como o caso da personagem da Lisa Kudrow, que tem seu destaque na trama como mãe da personagem Mae. Ora a pessoa que precisa nos fazer sentir o peso das verdades e muitas vezes de forma rude.
A medida em que começamos a rir das trapalhadas da personagem, aquela sua situação que outrora parecia cômica, também te faz pensar na possibilidade de vivenciar situações parecidas ou até mesmo estar no seu lugar. A relação que parecia ser do sonho com sua namorada George, vira um pesadelo à medida que a personagem se ver exclusivamente vivendo pela sua aceitação, que por muitas vezes nos fazem odiar a própria George por não dá o que a personagem quer. O que é o ponto mais importante da trama, em como todos os inícios são bons até sermos obrigados a conviver com as particularidades do outro. Coisas que não são deixadas muito claras enquanto estamos aproveitando a paixão do momento; a representação da relação sexual como resolução dos problemas até o momento que ele não é mais suficiente é um dos pontos importantes. Assim essa relação como dar os os indícios de todos esses problemas universais que recusamos ver e começa a virar algo tóxico.
Feel Good é montada com personagens reais que mostram a naturalidade e nos deixam com a sensação de estar vivendo conflitos reais junto com eles. O que às vezes pode ser um problema para alguns dos telespectadores, os famosos gatilhos, principalmente pela forma que tem a abordagem partes da vida de Mae Martin descritos como “Profundamente Pessoal”. Esses é um dos motivos pelos quais recomendaria a série, mas fica claro que a série fala de vícios em drogas, relações difíceis com os pais e tóxicas, e até com a própria personalidade da personagem. Mesmo contada através de uma comédia dramática, é importante que estejam bem para assistir.
Sou cinéfila e meu filme favorito é indie e pouco conhecido, ele se chama Barbie Fairytopia.