Crítica | Irmandade – Uma das maiores séries brasileiras existem

Crítica | Irmandade – Uma das maiores séries brasileiras existem

12 Novembro, 2019 0 Por Marcos Marques

Irmandade é uma série da Netflix criada por Pedro Morelli com um elenco de peso como Naruna Costa, Seu Jorge, Lee Taylor, Danilo Grangheia, Wesley Guimarães, Pedro Wagner e etc. 

A série fala sobre Cristina (Naruna Costa), uma advogada do ministério público que gosta de resolver todos os casos que caem em suas mãos. Um dos casos específicos se trata sobre seu Edson (Seu jorge), que foi preso 20 anos atrás e ela nunca manteve contato. A dor é maior devido Cristina se sentir culpada pela prisão do seu irmão, o que a deixa totalmente atordoada com essa culpa nas costas. 

Em meio de uma decisão de salvar seu irmão de sessões de torturas, ela acaba adulterando documentos fazendo com que ela seja presa e caia nas mãos de Andrade (Danilo Grangheia) que faz uma chantagem pedindo para que ela se infiltre na Irmandade, organização criminosa encabeçada por Edson para conseguir a localização de Carniça, um dos fundadores da facção criminosa. Deste ponto, Cristina começa a se questionar sobre sua posição no mundo do crime. 

Primeiro de tudo: a série é política e faz uma crítica sobre o sistema penitenciário, é o maior pronto da trama e nunca é esquecido. A todo momento é mostrado qual o objetivo da Irmandade que faz uma mesclagem de violência e luta pelos direitos, principalmente, o direito dos detentos. Em diversas cenas a violência é explícita e angustiante principalmente no presídio que eles chamam de “ratoeira” onde a violência dos guardas com os presos são pesadas, tanto psicologicamente como em sessões de tortura. 

Reprodução: Netflix

A série também faz uma ótima construção sobre o que é certo e errado, em vista da personagem Cristina que é uma mulher com pensamentos conversadores vindos do seu pai e todo o ensinamento é quebrado quando a mesma começa a se envolver com o crime passando de apenas informante de policial para a pessoa que carrega uma arma na cintura. Junto com Darlene (Hermila Guedes) que é esposa do Edson e chamada com ‘Dama do Crime’, elas constroem uma sororidade mesmo que ambas não percebam, mas servem de apoio uma para a outra. Edson por sua vez, é um homem que quer justiça dentro do sistema penitenciário, ele luta contra a opressão e monta a Irmandade como uma revolução para exigir direitos e serem tratados como gente e não como “bicho” como ele mesmo aponta. 

A série possui muitas tramas e questões para serem debatidas, é um mergulho profundo sobre o sistema e suas formas.

A atuação da atriz Naruna Costa é impecável, e muito me impressiona a atriz não ter tantos trabalhos na televisão, mas por outro lado, ela é muito conhecida nos teatros. Hermila Guedes atua de uma forma magnífica e não é de se esperar menos,a atriz também faz parte do elenco de “Segunda Chamada” série da TV Globo que está fazendo muito sucesso. E claro, o Seu Jorge que faz um papel muito forte e pesado para a trama. Ele consegue carregar uma dor e uma atuação incrível que somente ele poderia fazer. Ele tem uma expressão facial muito boa e suas falas são totalmente fortes e firmes a todo momento. 

Reprodução: Netflix


Em geral, a série é uma grande incógnita porque ela aponta para vários lados e se questiona a todo momento o que seria o “certo” e mostra a realidade do sistema penitenciário em 1994, o que não muda muita coisa em relação aos dias atuais. Outro ponto positivo é como a série usa os eventos de 1994 na trama, como quando o Brasil ganhou a Copa, a circulação do real e a morte do Ayrton Senna.

A fotografia da série é muito bonita e as paletas de cores ambientam muito bem os anos 90 com muitas referências, cenários bem feitos e tudo minimamente pensado. 

Irmandade é sem sombra de dúvida uma das maiores séries brasileiras que existe, ela faz duras críticas ao sistema de uma forma forte e concreta, ela faz com que a gente repense sobre nossos ideais e nos deixa refletir sobre o que julgamos ser o certo e o errado.