Crítica | 3ª temporada de Atypical: O equilíbrio perfeito de humor e drama

Crítica | 3ª temporada de Atypical: O equilíbrio perfeito de humor e drama

4 Novembro, 2019 0 Por Ida Carolina Curty

Atypical é uma série da Netflix que tem como foco principal o personagem autista Sam Gardner (Keir Gilchrist ). A série traz visibilidade para um tema pouco falado na sociedade, nos mostra a rotina do Sam, da sua família e de como todos lidam com o autismo.

Um dos aspectos mais importantes em Atypical é a capacidade do roteiro de abordar o cotidiano do Sam e como plano de fundo nos mostrar a vida de todos ao redor dele. E ao longo das temporadas todos os personagens vão evoluindo de forma muito natural, muito semelhante a nossa vida.

Reprodução: Netflix

A terceira temporada de Atypical nos leva ao Sam na faculdade com um dado muito importante, você sabia que 4 entre 5 autistas não se formam na faculdade? Eu não sabia, e foi graças a série que descobri não só esse, mas diversos outros problemas dos quais eu não fazia ideia de que pessoas especiais enfrentam todos os dias. Além desse problema, Sam também tem que lidar com o fato da sua namorada, Paige, estar longe, de acompanhar o ritmo acelerado da faculdade, lidar com todas as matérias, fazer novos amigos, porque agora ele está sozinho de verdade. Outra pessoa que também sofre com o caos que é a faculdade é a Paige, que acaba sofrendo muito bullying e abandona a faculdade. Paige se vê sem tudo que planejou e precisa se reinventar.

Reprodução: Netflix

Atypical consegue nos mostrar todos esses problemas equilibrando muito bem o drama e o humor, e, como disse antes, também nos mostra os problemas dos outros personagens. Exemplo disso são os pais do Sam que enfrentam um problema desde a primeira temporada.

ALERTA DE SPOILERS!

Na primeira temporada temos um foco muito grande no Sam e na mãe dele, a Elsa (Jennifer Jason Leigh), além de retratar o cotidiano do Sam, também é retratado o cotidiano da mãe dele. A Elsa é uma excelente mãe, que faz de tudo por seus filhos, ela deixou a vida dela para ser exclusiva dos filhos, principalmente do Sam que exigia muito dela. Não estou usando isso como motivo ou desculpa mas o fato é que na primeira temporada a Elsa se viu na oportunidade de ser mulher novamente, e não somente mãe, e acabou tendo um caso extraconjugal, o que leva a separação dela e do Doug (Michael Rapaport). A segunda e a terceita temporada nos leva ao arrependimento de Elsa e a tentativa de perdão do Doug. Se na segunda temporada você odeia a Elsa, na terceira você vê claramente como as pessoas podem mudar, e como a Elsa se esforça para isso, ela realmente busca o perdão de todos, principalmente do Doug.

Reprodução: Netflix

Outro personagem que merece muito destaque é a Casey (Brigette Lundy-Paine). Casey é a irmã mais nova do Sam, e também um porto seguro para ele. A primeira grande mudança do Sam foi quando a Casey mudou de escola por ter conseguido uma bolsa de estudos devido ao atletismo. Nessa nova escola a Casey faz novos amigos, o que abala seu namoro com Evan (Graham Rogers). Ela também conhece a Izzie (Fivel Stewart), que no começo é sua antagonista e acaba por se tornando sua melhor amiga.

Reprodução: Netflix

Muito se tem falado do relacionamento da Casey e da Izzie, então eu gostaria de comentar um pouquinho sobre. A Casey e a Izzie são melhores amigas e acabam desenvolvendo sentimentos mais fortes uma pela outra. Ao longo da segunda temporada surgem diversos sinais de que isso estava acontecendo, os sorrisos bobos da Casey quando recebia mensagens já me deram provas disso, as duas se aproximaram muito rápido. E galera, eu realmente não julgo a Izzie por suas atitudes, todo LGBT+ que já passou pelo processo de descobrimento e aceitação teve ou tem atitudes muito parecidas com a dela, de ambas, na verdade. É um processo demorado de aceitação, e durante esse caminho você realmente comete muitos erros com a pessoa que está do seu lado, seja por medo dos outros e da família, seja pela confusão que está dentro da sua cabeça. Na minha opinião, o relacionamento da Casey e do Evan era mais de amizade, e pra mim isso foi bem evidente. Mas vamos lá, por mais que eu tenha defendido ali em cima, a terceira temporada realmente pecou nesse ponto, o relacionamento delas não foi abordado da forma que todos nós gostaríamos, mas como eu já disse também, Atypical se assemelha muito a realidade, e sim, galera, é assim que as coisas acontecem na vida real.

Reprodução: Netflix

Outro assunto que a terceira temporada trata muito bem é o relacionamento abusivo. Zahid (Nik Dodani), melhor amigo do Sam, começa a namorar e aos poucos o que parecia ser um mar de flores vai se tornando um relacionamento extremamente abusivo, Zahid perde sua essência, se torna outra pessoa e acaba no final trocando sua amizade com Sam pelo namoro. No final Zahid é trocado por um ex da sua namorada e finalmente se toca de tudo que aconteceu.

A terceira temporada de Atypical consegue abordar todos esses temas e mesmo assim se manter leve, dando tempo de tela certo para cada personagem sem perder sua essência. A temporada completa já está disponível na Netflix.