Crítica | Coringa — Um soco no estômago é pouco
27 Setembro, 2019Quando anunciado, “Coringa” deixou muitos fãs da DC se questionando o motivo do filme solo do personagem e de bônus com um ator diferente, já que, Jared Leto havia sido oficializado como o Coringa do DCEU.
Já exibido em festivais de cinema e ganhado o cobiçado Leão de Ouro no Festival de Veneza o filme do personagem da DC Comics tem atraído o público e sendo criticado por muitos.
Coringa é o tipo de filme que você não sabe como reagir, ele foi feito para chocar e foge totalmente da caixinha de um vilão convencional. Apesar de ser da DC Comics, em diversos momentos você esquece de que ele é um filme baseado em um personagem da editora mesmo com diversas histórias fortes ao longo dos 80 anos dele. O filme é o que muitos já sabiam, ele fala de como uma pessoa pode chegar ao extremo da sua insanidade e perder o controle sobre sua vida. A forma como é trabalhada as questões psicológicas do personagem é bastante perturbadora e tensa já que PASMEM o Coringa tem distúrbios mentais pesados. Em diversas cenas, podemos ver o personagem se perguntando sobre sua real existência no mundo e lidando com os fracassos de sua vida e claro, sua doença mental tem um grande peso na trama já que é devido a isso que o faz ser quem ele é.
O filme PODE SERVIR como um gatilho para diversas pessoas, mas em nenhum momento ele tenta relativizar ou como diz a galera “romantizar” é um filme triste que entra na mente de um psicopata e tenta a todo tempo mostrar de que ele é um homem que precisa de ajuda, mas, a sua loucura é tão grande que parece não ter solução.
O roteiro do filme é bem feito e é interessante como ele nos prende ao filme, o filme conta apenas com a presença do personagem e raramente ele tem um “apoio” de outro elemento para se ajudar, o filme é como se a gente estivesse dentro da mente do personagem o que nos deixa questionamentos sobre muitas discussões em relação a sociedade.
Joaquin Phoenix brilha no filme e traz um Coringa jamais visto em qualquer mídia da DC seja ela quadrinhos, filmes, séries, animações e jogos ele tem a sua personificação do personagem de uma forma extremamente presente. As expressões faciais são únicas, a forma como ele debocha das situações e lida com elas é de deixar o queixo no chão. O ator esta extremamente magro para o papel e que da uma aparência de “abatido” para o ator, afinal, o personagem realmente é abatido.
A trilha sonora é impecável, em sua grande maioria ao som de violino e piano o que acompanha de fotografias incríveis e jogo de câmeras únicos e jamais vistos em filmes baseados em quadrinhos. Ainda falando da fotografia, o cenário da “velha gotham” é baseado em Nova York com um cenário sujo e de aglomeração.
O filme chamou a atenção pelo fato dele poder incentivar pessoas ou até mesmo dar gatilhos. Eu acredito que sim, o filme possui muitos gatilhos, mas o propósito de Todd Phillips aparenta ser de colocar questionamentos na cabeça do espectador e apontar falhas que existem na sociedade. Não estou falando sobre como as pessoas “devem” lutar contra o sistema, e sim como ao longo dos anos tivemos e ainda temos falhas e precisamos concerta-las.
Achou que não teria referencias a DC? Achou errado!
O filme possui duas grandes referencias ao universo Batman que vai deixar qualquer fã da DC animado e arrepiado.
Coringa mostra ser um filme pesado, mas que serve como reflexão, e é até estranho dizer que é um ótimo filme devido a cenas fortes que ele tem o que não é negativo, mas eu tenho certeza que você vai receber muitos socos no estomago durante a sessão. O filme é um dos mais esperados na corrida ao Oscar e Joaquin Phoenix tem grandes chances para pegar o Oscar de Melhor Ator.
Se falar mal da Beyoncé o pau vai comer.