Coluna | Que vergonha hein, Marvel?
20 Agosto, 2019De uns anos pra cá, a Marvel começou a investir forte na sua campanha de inclusão nos quadrinhos seja pela linha All new, All Diferent que trouxe diversos personagens de diferentes etnias ou nos cinemas trazendo dois grandes blockbusters importantes como Capitã Marvel e Pantera Negra mas, recentemente, a empresa anda assumindo uma política que não se condiz com os seus materiais de publicação ao longo desses 80 anos.
Para vocês entenderem melhor, vamos fazer algumas separações para que vocês entendam da melhor forma possível. Aqui estaremos falando da Marvel Comics e de sua empresa de quadrinhos e produtos licenciados e não da Marvel Studios sob comando da Walt Disney Pictures.
Há uns anos atras foram vazados diversas trocas de e-mail do presidente da Marvel, Isaac Perlmutter, e do diretor da Sony no qual eles trocavam e-mail referentes ao Homem-Aranha no estúdio. Em uma das mensagens foi revelado que o Homem-Aranha deveria ser um homem branco e heterossexual. Não apenas isso, há umas semanas atras o ator Armie Hammer fez um post no seu perfil pessoal no Twitter alegando que o presidente da Marvel Comics é um dos grandes financiadores da campanha de Donald Trump para as eleições presidenciais de 2020. O caso mais recente, foi em relação ao cartunista Art Spiegelman que foi convidado para fazer a introdução do livro Marvel The Golden Age: 1939-1949 no qual ele fez uma crítica ao Donald Trump dizendo “Hoje, o vilão mais malvado do Capitão América, o Caveira Vermelha, está vivo na tela e um Caveira Laranja assombra a América.”e segundo o The Guardian, o cartunista foi censurado e teve sua menção retirada. Sem contar diversas polemicas envolvendo o CEO da Marvel que empacavam a Marvel Studios antes do Kevin Feige assumir.
Toda essa questão envolve uma série de questionamentos sobre a política que a empresa impôs e de como ela nasceu. Grandes super-heróis nasceram quando o mundo travava suas maiores guerras. Superman, Capitão América e Mulher-Maravilha são grandes exemplos de figuras que nasceram literalmente no berço das guerras como forma de protesto contra o Nazismo, nunca perceberam as cores dos uniformes desses personagens?
Os quadrinhos mainstream nasceram políticos e seguem até hoje como uma grande forma de protesto, temos vários exemplos de historias que fazem críticas a política, religião e preconceito. O Capitão América foi um grande símbolo dos Estados Unidos durante a Guerra Mundial servindo como campanha e tendo diversas histórias e capas de suas edições onde o personagem luta com nazistas e “salva o dia” ou historiais mais modernas como X-Men: Deus ama o Homem Mata onde a maior ameaça não é um vilão mutante, nem alienígena e sim uma figura religiosa que é extremista com os mutantes. Tais comportamentos da Marvel nos fazem questionar novamente que representatividade vende, e como vende viu?
É muito dificil de acreditar que a editora que sempre fez alusões ao sistema politico-social se deixou cair nas mãos de uma onda fascista tão grande, a editora que fez uma grande alusão a Martin Luther King e Malcom X em personagens como Charles Xavier e Magneto.
A Marvel realmente trouxe quadrinhos mais inclusivos na linha All new, All Diferent onde tivemos um Homem-Aranha negro, uma ‘Wolverine Mulher’, ‘Thor Mulher’,heroína muçulmana, Capitão América negro e equipe feminina, mas, realmente vale a pena? Porque se jogarmos na mesa o que realmente importa, não sobra nem o Sina Grace pra contar a história.
O fato é que a Marvel se acovardou e deixou de ser a editora pioneira em questões sociais nos quadrinhos, e nos faz questionar se o que está por vir é por pura simpatia ou apenas para sair boa na foto como ‘a editora da representatividade’. Com tanta onda de decepção é impossível acreditar que a editora que sempre foi política se deixou cair na onda do fascismo.
Se falar mal da Beyoncé o pau vai comer.