“A Gente se vê Ontem” — Um filme que se camufla em viagem no tempo pra retratar a violência contra os negros

“A Gente se vê Ontem” — Um filme que se camufla em viagem no tempo pra retratar a violência contra os negros

29 Maio, 2019 0 Por Murilo Fagundes

Camuflado em uma ficção cientifica, o novo filme da Netflix A gente se ver ontem consegue ser muito mais, abordando temas como violência policial e marginalização da comunidade negra nos estados unidos de uma forma diferente, porém importante.

O filme gira em torno de Claudette (Eden Duncan-Smith) e Sebastian (Dante Crichlow), dois jovens prodígios que tentam construir uma máquina do tempo para uma feira de ciências e conseguir uma bolsa em uma universidade, após conseguirem o tal feito um tiroteio acaba colocando um dilema sobre eles: se eu voltasse no tempo poderia mudar tudo?

Com uma premissa simples, o longa traz todos os elementos de um filme sobre viagem no tempo para falar do assunto principal, violência contra a comunidade negra, a narrativa do filme se assemelha ao o ódio que você semeia (George Tillman, Jr.), mas com caminhos diferentes.

O roteiro tem de fato todos os elementos de uma boa ficção cientifica, ele não joga as informações de qualquer jeito para chegar ao foco do filme e pautas como: “Mexer no passado pode alterar o futuro” está sempre presente no decorrer da historia.

A viagem no tempo ao longo do filme é “deixada de lado” para entrar de fato no drama e na mensagem que o longa quer passar, mas não se engane achando que é descuido do roteiro, esse recurso é feito propositalmente para inserir de vez que o telespectador na narrativa do filme.

A problemática do filme e de extrema importância, principalmente nos dias de hoje, aonde o movimento negro vem ganhando certo espaço para narrativas com esta, não se engane achando que a marginalização e violência contra a comunidade negra é um problema dos Estados Unidos, mas sim um problema GLOBAL, o filme usa vários elementos da cultura afro e elementos da vida real como a caso do jovem negro morto por policiais que alegaram confundir o celular com uma arma, nos EUA, ou o movimento “vidas negras importam”, podemos perceber também pelo tom do filme colorido sempre contando com tons amarelos e bandeiras africanas ao longo de algumas cenas, tudo isso é inserido cuidadosamente, casando totalmente com tudo que o filme quer passar a quem esta assistindo.

Toda a construção do longa, foi feita cuidadosamente, desde o roteiro, ambientação, figurino, trilha sonora, direção e outros aspectos que nos mostra o cuidado  que o diretor e  roteirista Fredrica Bailey e Stefon Bristol tiveram para entregar um filme que mescle o drama, a realidade com uma pitada de ficção científica ao publico.

A gente se ver ontem não se descuida em nenhum momento, desde o inicio do filme, em explicar a viagem no tempo de forma simples e divertida para no próximo ato nos jogar de cara no assunto principal, acompanhar esses dois jovens com suas ações e conseqüências chega a ser angustiante, porém necessário.

Por mais que a netflix tenha caracterizado como um filme adolescente, A gente se ver ontem não deve ser reduzido apenas a isto, ele vai ale e mostra que assuntos importantes podem ser tratados em qualquer gênero de filmes, seja terror, comédia, drama ou ate mesmo ficção cientifica.

Agente se ver ontem tem direção e roteiro de Stefon Bristol e Fredrica Bailey com produção produção de Spike Lee e esta disponível na Netflix.