Jessica Jones | Uma série que não dá para ser ignorada

Jessica Jones | Uma série que não dá para ser ignorada

28 Maio, 2019 0 Por Talita Lopes

(ATENÇÃO, PODE CONTER SPOILERS)

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“Eles dizem que todo mundo nasceu um herói. Mas se você permitir, a vida o empurrará até que você seja o vilão. O problema é que você nem sempre sabe que cruzou essa linha. Talvez seja o suficiente para o mundo pensar que sou um herói. Talvez se eu trabalhar muito e duramente, talvez eu possa me enganar.”
— Jessica Jones. aka Smile, 1×13.

Ela não é uma heroína comum e dentro de padrões, sua história de vida é sobre ela superando seu passado difícil e trabalhando como uma das melhores investigadoras particular de Nova York. Sua firma, Alias ​​Investigations, nasceu de sua incomparável inteligência nas ruas e de sua motivação pessoal por justiça. Jessica Jones vai em socorro de quem precisa, apesar de sofrer um grave trauma nas mãos de um super vilão sádico.

Jessica Jones da Série x Quadrinho:

A origem dos seus poderes são semelhantes, mas não igual, quando se trata do acidente de carro e sua adoção. Nos quadrinhos, antes de ser a detetive cheia de traumas e problemas, ela se chamou Safira e se inspirava no Peter Parker, o Homem Aranha, para viver sua vida de heroína. O mesmo ja foi seu amigo e uma das paixões no colegial, mas na série ele não é citado. Outra diferença, é que na série antes mesmo de ser uma “heroína” ela ja havia desistido dessa vida.

A sua melhor amiga nos quadrinhos é a Carol Danvers, a Capitã Marvel e nas séries esse posto é da Trish Walker, entende-se que a mudança é pelo fato da Trish ser humana, o que seria melhor para a trama de Jessica, ter essa personagem humana por perto. O vilão é o mesmo, os mesmo abusos psicológicos de Kilgrave, na série a abordagem é ainda mais pesada que nos quadrinhos, tocando em polêmicas como aborto e o estupro. Outra mudança importante, é a advogada Jeri Hogarth, que nos quadrinhos é um homem, mas na série ela mulher e gay. Quando a seu relacionamento com Luke Cage, nos quadrinhos eles se casam e também tem uma filha, tanto que após os eventos de Guerra Civil, Jessica se opõem ao marido que fica ao lado do Capitão América e ela prefere registrar sua filha e dar uma vida sem fuga do governo.

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Primeira Temporada:

Jessica Jones é o oposto do tipo de heroína ou mulher que costumamos ser apresentados, como um exemplo a ser “seguido”. Um dos maiores pontos fortes da série é a sua personalidade “difícil” de lidar, suas imperfeições e crises: ela bebe demais, não é nada delicada com as pessoas ao seu redor, e não se importa em seguir o padrão social exigido pela sociedade e junto a esse combo, passou por um relacionamento abusivo. Um namorado com poder de influenciar decisões de outras pessoas que a persegue insistentemente. O qual faz ela acreditar que cometeu um crime. Apesar da super força e resistência atribuido a ela, é o que mais se aproxima da realidade humana e cotidiana.

Em resumo, essa foi a temporada abordou assuntos em que nós nos vemos sempre nas situações: trauma, violência e manipulação.

Segunda Temporada:

Na segunda temporada em si não tínhamos um vilão, Jéssica em alguns momentos ainda se ver atormentada pela sombra do Kilgrave e aceitando o fato de que ela matou alguém e começa a investir seu passado, e nesse meio ela ainda tem que lidar com um possível adversária com força igual ou superior a ela e com um temperamento ainda pior que o seu. E essa pessoa era nada menos que a sua mãe que estava viva. Como lidar com uma mulher totalmente descontrolada e qual achou que sempre esteve morta, voltando e querendo retomar seu papel de mãe? Como não se tornar como ela também? Essa nova situação, faz ela ter problemas com todos os seus amigos.

Uma das suas melhores amigas, Trish Walker, agora tem um papel diferente ao enfrentar o fantasma do abuso e assédio vivido em sua adolescência e também a busca por poderes e poder ser mais que a garota do rádio. Temos Jeri, uma personagem que é homossexual, e enfrenta problemas em seu relacionamento e também com uma grave doença que compromete toda sua carreira. Apesar da trama se arrastar em vários episódios, essa temporada não se tratava de vilões para combater e sim os próprios demônios pessoais de cada personagem.

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Pontos Positivos:

Jessica é tudo o que a mulher atual busca ser: independente, faz o que quer, ela bebe quando quer, ela transa quando quer e com quem ela quer, entra e sai sem dar muitas explicações, e é a sua própria chefe. Ela tem uma super melhor amiga que é o maior exemplo de sororidade. Suas atitudes, escolhas e fragilidades, compõe a natureza do ser humano, quebrando o estereótipo da feminilidade compulsória quando ela restringe o seu look a uma jaqueta, botas e jeans. Pontos importantes como a relação de Jessica e Kilgrave mostra como nós somos manipuladas constantemente e rebaixadas mediante a fraquezas. E não basta apenas ser dona si, após “destruir” o que a fez mal por tanto tempo, ela é a mulher qual ainda tem que lidar com as consequências de todo abuso físico e psicológico que sofreu em sua vida e como viver bem após tudo isso?  A segunda temporada estreou no dia da mulher de 2018 e teve seus episódios dirigidos somentes por mulheres.

Pontos Negativos:

Fique atento, apesar das diversas temáticas abordadas sobre a pauta feminista, Jessica Jones não é exatamente uma série feminista. Aparentemente vemos um elenco de diversas mulheres, e talvez você se frustre ao sentir falta de desenvolvimento de personagens negros e um pouco mais de diversidade. Reva e Claire Temple por exemplo, são as únicas, mas aparecem apenas para completar a cena para a personagem principal. Luke Cage é o par romântico de Jessica e Malcolm, um rapaz que consegue aos poucos se livrar dos vícios, mas vive um dilema com a amizade, talvez muito abusiva com Jessica, da qual muitas se aproveita de sua boa vontade. E ainda temos um latino que vive nos EUA ilegalmente, e é um dos homens com quem Jessica se relaciona, o que de primeira mão parecia só para curtir e logo após vira algo sem química e extremamente forçado. O que esses personagens têm em comum? Representam minorias com péssimos desenvolvimentos no roteiro e diálogos. Em comparação a primeira temporada, a segunda mantem um ritmo não muito agradavel para assistir, mas ainda assim, não deixe de assistir e tirar as próprias conclusões. Isso não tira o mérito da série, pelo contrário, o melhor do entretenimento televisivo é ser usado além da ferramenta de diversão, mas também para gerar debates intensos em como as tramas favoritam alguns personagens e outros são usados como sidekick ou mantendo o estereótipo de comos sãos vistos as minorias.

Terceira e última temporada

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A terceira temporada vem aí, é a última série da parceria Marvel e Netflix e vai concluir esse arco na TV da personagem. As duas temporadas foram focadas no seu passado e importante para decidir qual desfecho de cada um. Veremos Trish possivelmente como a Hellcat, algum novo vilão ou como os teasers no mostram, seria a Jessica Jones uma fraude e alguém vai tentar desmacara-la?

É importante lembrar os diversos gatilhos que a série tem, sendo uma temática inapropriada para menores de 18 anos.


Confira aqui o Teaser da Terceira Temporada.