Coluna | Será que exigimos muita representatividade?
2 Maio, 2019Sempre batemos na tecla pedindo personagens LGBTs, destaque para personagens femininas, personagens negros e mais diversidade como um todo nos quadrinhos, já que, nossas memorias de infância sempre foram de se lembrar de super-heroi branco, hétero e homem seja em animações, quadrinhos ou até mesmo filmes.
Nos cinemas e nos quadrinhos, a diversidade vem crescendo, aos poucos, mas vem. Tivemos a Mulher-Maravilha nos cinemas, Capitã Marvel, Pantera Negra, Shazam e através de noticias e declarações parece que muita coisa boa esta por vir, seja da DC Comics como da Marvel, mas, como as grandes empresas lidam com isso?
Recentemente, o assunto mais comentado foi sobre os trolls de Capitã Marvel que deram nota baixa através do site Rotten Tomatoes, um site que aglomera criticas de cinema. Muitas dessas criticas vieram apenas por acharam que a Marvel estava sendo “lacradora” e também por uma declaração da Brie Larson que exigiu que durante a sua turnê de divulgação, tivesse mais espaço para mulheres e diversidade já que a maioria das vezes ela sempre via homens brancos em coletivas de imprensa.
Não é a primeira vez que a Marvel é alvo de má recepção dos fãs, a editora já cancelou diversos quadrinhos que eram ligados a diversidade como: The Unbelievable GwenPool, America Chavez (que teve bastante repercusão por ser uma heroina latina e inspirada no visual da cantora Beyoncé), Jean Grey, Generation X (quadrinho liderado pela Jubileu), Luke Cage (que própria Marvel declarou que os quadrinhos não estavam vendendo). Também recentemente tivemos um grande problema no qual os irmãos russos em uma entrevista afirmou que teríamos um personagem abertamente LGBT em Vingadores: Ultimato e bom, não foi da forma como as pessoas esperavam porque foi algo bem raso. Também no mesmo filme, tivemos problemas sérios de banalização de doenças mentais e “entre linhas” colocar um personagem gordo para tirar risadas do público já que o personagem é marcado por ter o corpo definido, o padrão de “homem saudável”. Sem contar, que tivemos uma cena de Thor: Ragnarok que foi removida que apresentava a personagem Valkiria como bissexual.
Muito se pede representatividade nas mídias, constantemente nos apegados a talvez personagens que se assemelhem a nós, como X-Men que sem sombra de duvidas é a equipe de heróis que mais conversa com as minorias, já que, a equipe foi criada justamente para isso. Somos consumidores, independente se for de quadrinhos, filmes, séries nós consumimos produtos e exigimos que tenha representatividade. Brigar pra saber qual editora é pioneira, qual fez isso, qual tratou personagem x, qual fez isso e aquilo pode ate ser motivo de palmas, mas além de tudo: É uma obrigação. Infelizmente nos contentamos com migalhas, com uma falsa representatividade que fica no nosso subconsciente e aceitamos isso da melhor forma possível. É claro que eles sabem qual seu publico alvo, eles sabem o que os fãs homens, héteros e brancos querem. Isso explica quantos heróis brancos em evidencia tomaram a frente, explica que nunca tivemos um herói LGBT em papel principal nos cinemas, explica o porque muitas artes dos quadrinhos são sexualizadas, mostrando personagens femininas em poses sensuais e muitas vezes marcando muito os seios, e partes das heroínas.
Pantera Negra foi um filme que trouxe representatividade, contexto histórico falo isso por varias e varias manchetes de crianças negras que se inspiraram no filme, videos, salas de cinema organizadas por pessoas negras para levar crianças negras para ver o filme, isso sim é representatividade, mas não adianta parar por ai, né? Shazam fala sobre uma família de crianças que moram em uma casa de acolhimento onde eles tentam mostrar que família pode ser sim uma mãe e pai adotivos e que independente de tudo estão juntos não apenas enfrentando vilões, mas, enfrentando problemas pessoais passando por preconceito e inseguranças o que é totalmente positivo e representativo, mas, precisamos de mais. De mais diretores LGBTQ assumindo filmes, mais diretoras, mais pessoas negras tomando a frente de produções cinematográficas e etc. Independente de tudo, temos que ocupar espaços e exigir que espaços sejam ocupados por pessoas negras, mulheres, LGBTQ+ porque não apenas trata do que somos, e sim do que vivemos e da nossa realidade.
Enquanto Letitia Wright, Brie Larson, Tessa Thompson, Chris Evans, Chadwick Boseman, Margot Robbie, Patty Jenkins, Gal Gadot, Ellen Page pedem e exigem a representatividade, feminismo e movimento LGBT, James Gunn assume dois filmes blockbusters e é ovacionado pelo público.
Se falar mal da Beyoncé o pau vai comer.