Análise | Homem-Florônico: Mais um vilão da DC que nos faz concordar com suas motivações!
25 Março, 2019Para quem já está familiarizado com os vilões da DC Comics sabe a preocupação da editora em desenvolve-los tanto quanto os heróis. No DCEU a preocupação em dar motivações super convincentes para os vilões é tão notável que quase nos faz torcer por eles. O mais recente é os Mestre dos Mares, o Orm, como odiar o cara quando tudo que ele quer é acabar com a poluição causada por nós, humanos, nos mares? Claro que o método usado por eles não é lá dos melhores, mas não deixa de ser uma ótima motivação.
Em A Saga do Monstro do Pântano vol. 1, distribuída no Brasil pela Panini, a era desenvolvido por ninguém menos que Alan Moore, no primeiro arco temos o Jason Woodrue que já nos é apresentado como antagonista da história. Para quem não conhece, o Homem-Florônico é metade humano e metade planta, ele se tornou assim após um acidente bioquímico, inclusive foi Jason Woodrue o responsável pela transformação da Pamela Isley em Hera-Venenosa.
Para entendermos melhor as motivações do Homem-Florônico, precisamos entender também a fase do Moore e como foi que ele reformulou o Monstro do Pântano em Swamp Thing nº 20. Na lendária saga “Lição de Anatomia” o Monstro do Pântano é baleado e capturado pela corporação Sunderland. Jason Woodrue fica responsável pela necropsia e depois de trabalhar incessantemente durante semanas ele faz a descoberta que muda tudo no universo do Monstro do Pântano, todos os órgãos dele eram apenas imitações, nada daquilo era realmente necessário porque Alec Holland não estava mais ali, Alec Holland não se misturou na vegetação e se tornou o Monstro do Pântano, o Monstro do Pântano era feito de plánarias. A vegetação do pântano, alterada pela formula que explodiu junto com o jovem cientista, absorveu o que restou de Alec Holland, suas memórias, sua mente, seus conhecimentos e então ela desenvolveu algo mais perto de um corpo humano que pode encontrar, com ossos, órgãos, músculos. O Monstro do Pântano não era Alec Holland transformado em planta, e sim uma planta que pensava ser o Alec Holland e que tentou o máximo possível ser parecida com Alec Holland.
Alan Moore, então, definiu o Monstro do Pântano como um ser elemental e isso lhe proporcionou a habilidade de se conectar e viajar através do verde. Quando a criatura, que tinha como único objetivo voltar a se tornar humano, descobre que na verdade nunca foi sequer um humano, ele entra em transe, adormece e se torna parte da vegetação do pântano, se conectando com o verde, uma dimensão que conecta toda vida vegetal, para tentar achar um novo proposito de vida e tentar seguir em frente. Jason Woodrue percebe essa conexão e através do Monstro do Pântano ele também consegue se conectar e é ai que nosso problema começa.
Quando ele se conecta as plantas falam com ele, elas dizem o quanto estão sofrendo com o homem as cortando, queimando, desmatando e as fazendo sofrer, e é ai que Woodrue consegue controlar todas elas, todas as plantas, fazendo com que elas aumentem a produção de oxigênio terrestre e qualquer faísca desencadeie um incêndio devastador matando todos os humanos. Nesse arco até a Liga da Justiça foi acionada e nem o Superman tem poder de deter o Homem-Florônico já que eles não têm essa capacidade de se conectar com as plantas. O Monstro do Pântano acaba despertando do seu transe e luta contra o Woodrue. O Monstro do Pântano indaga Woodrue dizendo que se as plantas continuassem a produzir oxigênio em massa elas matariam todos os humanos, todos os animais e só restariam eles, as plantas, então quem iria produzir gás carbônico para que ELES sobrevivessem. Num instante ele para de sentir a presença do verde e as plantas abandonam Woodrue, as plantas se deram conta que não sobreviveriam sem o homem e então voltaram atrás e o Monstro do Pântano indaga: será que nós, humanos, faremos o mesmo? Quando será que vamos perceber que não somos capazes de viver sem as plantas?
Uma jovem estudante de Direito e apaixonada pelo Superman. Sou apaixonada também por quadrinhos e super-heróis porque vejo neles uma forma de mudar o mundo, nem que seja só um pouquinho. Tento passar esse sentimento pelos meus textos, espero que gostem!