Coluna | The future is female… Mas até que ponto?

Coluna | The future is female… Mas até que ponto?

23 Janeiro, 2019 0 Por Talita Lopes

Muito se tem falado sobre representatividade feminina no mundo geek, principalmente em relação a personagens heroícas. Como se espera, isso tem animado grande parte do público e, em especial, nós, mulheres.

Mas até que ponto vale a pena criar expectativas se você é fã da Marvel Studios?

Mesmo tendo histórias e heroínas memoráveis em seus quadrinhos, ainda existe um grande porém quando falamos dos filmes do estúdio original da editora: porque mulheres só passaram a ter destaque agora?

Elas estão nesse universo há tanto tempo quanto os homens, fazem seus papeis tão brilhantemente quanto eles, e mesmo assim somente a Vespa está no título de uma megaprodução do MCU, que possuí VINTE filmes no total.

Claro que temos Capitã Marvel pertinho de estrear, mais o filme da Viuva Negra quase começando gravações, e séries como Jessica Jones, Agente Carter e mulheres fortes de Agents of Shield para nos representar, mas ainda assim não parece equivalente a visibilidade que homens continuam tendo nessa parte da industria, o que deixa um gostinho ruim na boca.

E não é só na hora de protagonizar um longa que algumas ações são contráditorias ao que o estúdio tem tentado mostrar para seus consumidores ultimamente.

Lucrecia Martel, diretora argentina, foi contatada pela Marvel para uma reunião em 2018, ondes os executivos disseram que gostariam que ela trabalhasse com eles num de seus projetos.

Mesmo surpresa com a proposta, Lucrecia Martel se interessou, ainda mais por se tratar de um filme solo da Viúva Negra, onde seria trabalhado o desenvolvimento de Scarlett Johansson como Natasha Romanoff.

Mas o que tem de sexista nisso?

Bom, mesmo não podendo falar muito sobre o encontro, Lucrecia deixou claro que eles não tinham interesse em deixa-la dirigir cenas de ação, mesmo que ela fosse a diretora do filme, o que caiu como um balde água fria.

“Empresas estão interessadas em ter mulheres fazendo seus filmes, mas ainda acham que ação é coisa de homem”, disse Martel.

Situações como essa nos fazem refletir sobre a aproximação que estúdios tem tentado com o público feminino: existe um motivo solido para isso? Consumir esses conteúdos espontaneamente nos beneficia ou só serve para reafirmar padrões sexistas que sempre nos foram impostos?

Porque no fim do dia, todos nós só queremos grandes personagens femininas sendo interpretadas fielmente áquilo que representam.

Que sejam épicas, fortes, mas que mostrem vulnerabilidade de um jeito não-apelativo.

E, principalmente, que salvem a si mesmas, porque nenhuma super espiã soviética precisa ser resgatada por um Bruce Banner emocionalmente instável.

 

Texto por Giulia Alves, @waspcomics