Globo de Ouro: Edição de 2022 mostra o poço de irrelevância que a premiação caiu
17 Janeiro, 2022Antes de sua estreia, o Globo de Ouro 2022 já mostrava a fragilidade que foi criticada ao longo de suas edições. Porém, com todo o escândalo que a premiação mergulhou em 2021, o evento caiu em um poço de irrelevância que será difícil de sair.
Seria duvidoso pensar há um ano que o Globo de Ouro ganharia mais uma edição em 2022, afinal não estamos falando de um membro envolvido em polêmicas, mas sim de uma grande comissão comprometida com a corrupção, preconceito e uso de privilégios. Depois da grande exposição que a premiação foi submetida no ano passado, explodiram uma série de boicotes por parte de artistas e da imprensa.
Devolução de prêmios, notas de repúdio e garantia de boicotes foram comuns, principalmente quando a NBC, uma das maiores redes de televisão do mundo, por meio de uma nota no dia 10 de abril, anunciou que não transmitiria a premiação no ano de 2022, mas estaria disposta a voltar a parceria caso mudanças ocorressem.
Mesmo assim a HPFA (Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood) resolveu conduzir a cerimônia, porém de forma “simplista” e se tem uma palavra que define essa edição a palavra seria: coragem! Coragem da comissão de realizar a cerimônia de uma forma tão pobre, com um conteúdo previsível sem mostrar de forma significativa o comprometimento com a mudança, mas sim uma mudança repentina e mascarada.
A cerimônia não teve tapete vermelho, supostamente por conta da pandemia do COVID-19 — sim, pode ser uma verdade, porém fica difícil de acreditar depois de tantos artistas se posicionando contra a premiação e garantindo ausência. Outro baque previsível foi a sua transmissão, afinal, sem um canal toda a premiação parecia mais uma premiação de “melhor qualquer coisa” feita por uma página no Twitter.
Sabemos que na aldeia global que o mundo vive, a internet é uma arma fundamental para promoção de algo, premiações independentes como o Gotham Awards, conseguem se segurar de forma satisfatória mesmo sem apoio de grandes redes, mostrando mais uma vez a fragilidade de uma premiação que era considerada tão relevante.
Os indicados e vencedores não foram uma surpresa, e por mais que possa parecer representativo entregar estatuetas para minorias, não mascara todo um histórico racista e machista da premiação, e sim mostra o quão de aparências ela ainda tenta se manter.
O que o Globo de Ouro precisa é de um desmonte e uma reconstrução, premiar artista quando as polêmicas que envolvem a comissão não forem o alvo, afinal MJ Rodriguez é muito maior que um prêmio dado por uma mea-culpa de uma premiação que luta para manter sua relevância.
Apaixonado por cinema, cerveja e cultura POP. Negro e defensor do cinema nacional