Crítica | Rua do Medo: 1978 – Parte 2 – Um filme mais sangrento
12 Julho, 2021Rua do Medo: 1978 – Parte 2 dá continuidade a história contada em seu primeiro filme, com Deena (Kiara Madeira) e Josh (Benjamin Flores Jr.), numa tentativa desesperada de achar C. Berman, e salvar a Sam (Olivia Welch) das garras Da Bruxa.
O filme é uma história dentro de uma história, e se aprofunda nas questões abordadas no primeiro filme em forma de flashback, dando a entender que vai se costurando até o desfecho final, na Parte 3.
Confira a crítica de Rua do Medo – Parte 1
Se o primeiro filme da trilogia nos encheu de referências de slashers clássicos, esse também não ficaria de fora. As referências, que estão mais para uma homenagem, mudam as caras aqui, habituado num acampamento de verão, cheio de adolescentes, que não estão sendo supervisionados por adultos, fazendo o que querem floresta adentro. Com uma pegada mais Sexta-Feira 13, a Parte 2 de Rua do Medo entrega muito mais sangue e gore que seu primeiro filme. O filme é visualmente muito bem trabalhado, o gore, para quem gosta desse estilo, está sensacional, a direção e a fotografia do filme capricharam bastante nas cenas, começando com cores quentes e escurecendo a medida que as coisas vão se revelando. Como o filme se passa na natureza e no verão, o filtro vermelho é predominante, o que combina bastante com a atriz principal.
Novamente, a história não é focada na vilã, que todos nós já conhecemos, Sarah Fier, A Bruxa, e sim nos adolescentes. E o filme se passa num acampamento de verão, cheio de crianças e adolescentes, e mesmo a história não focando tanto nos vilões, o vilão aqui é importante, porque é alguém conhecido dessas crianças e adolescentes, e tal como Jason Voorhees, ele só adquire aquele capuz de estopa (sim, aqui conhecemos a história do assassino encapuzado com o machado) depois de matar muitas pessoas, pessoas estas que o conheciam e se chocam ao vê-lo, e mesmo assim, ele não dá chance alguma delas correrem, os assassinatos são brutais e muito rápidos, dai já percebemos que esse filme explora muito mais a violência que seu antecessor.
Os personagens principais são todos cativantes, principalmente a Ziggy, ao que tudo indica, irmã da C. Verman, e te garanto, você passa o filme inteiro se apegando a ela e sofrendo por já saber seu destino final. Se no primeiro filme a história principal foi ligada ao amor entre duas garotas, no segundo também, mas um amor diferente, um amor de irmãs. E a história se repete, tentar de tudo para salvar quem você ama das garras Da Bruxa.
A atuação da Sadie Sink está incrível no longa, se você já gostava dela em Stranger Things, em Rua do Medo você vai amá-la. Definitivamente quero vê-la em mais filmes e séries do gênero. Ela entrega uma atuação autêntica e feroz, como disse, é muito difícil não se apegar a Ziggy, então tome cuidado.
A direção de Leigh Janiak repete padrões, como os assassinos bizarros Da Bruxa irem atrás, obsessivamente, de quem a perturba. Como também o fato dela não desenvolver esses vilões, eles são só marionetes, o foco é e sempre foi os personagens. Aqui também temos plot twist, e diga-se de passagem, é um baita plot. Nisso o roteiro está de parabéns, mesmo contendo mais violência e mais brutalidade, os diálogos ainda estão fortes na trilogia, até aqui. O longa traz, nos flashbacks, alguns personagens já conhecidos do outro filme, e nos apresenta novos, nos quais, digo novamente, é perigoso se apegar.
Rua do Medo: 1994 – Parte 1, se encerra com uma frase: “Os tempos mudam. O demônio não.”
Talvez Janiak queira dizer mais do que só uma referência aos lapsos temporais de sua trilogia. Talvez a frase esteja se referindo aos tempos atuais, uma mensagem dizendo que sim, é possível reinventar um gênero, é possível fazer alusões a clássicos do terror, ter alívios cômicos e mesmo assim entregar um filme sensacional. Abro aspas para dizer que A Maldição da Residência Hill reinventou todo um gênero abordando o terror de uma forma jamais vista, e em Rua do Medo Janiak pegou o que nós já vimos várias e várias vezes e conseguiu tirar disso algo novo, algo surpreendentemente bom.
Eu disse do meu texto anterior, na crítica a Parte 1 (clique aqui para ler), que Rua do Medo tinha nas mãos um grande potencial para fazer justamente isso. Os dois primeiros filmes mostraram com passos sutis que as coisas estão mudando, como, por exemplo, as questões dos esteriótipos, onde nem toda garota gótica é a excluída da turma, a excluída nem sempre é a garota considerada esquisita pelos demais, nem toda patricinha é loira, nem sempre a garota mais sexualizada é aquela líder de torcida amada pela escola, e claro, trazendo para o protagonismo mulheres fortes, um casal de mulheres e duas irmãs.
O terceiro e último filme da franquia estreia na próxima semana, nele teremos um salto temporal ainda maior, iremos para 1666, onde tudo começou. Visualmente, pelo trailer liberado, o filme seguirá uma pegada ao filme mais recente lançado A Bruxa, o que faz total sentido.
Vamos aguardar o final dessa trilogia, mas até agora é uma das melhores lançadas atualmente. Rua do Medo: 1978 – Parte 2 já está disponível na Netflix.
Uma jovem estudante de Direito e apaixonada pelo Superman. Sou apaixonada também por quadrinhos e super-heróis porque vejo neles uma forma de mudar o mundo, nem que seja só um pouquinho. Tento passar esse sentimento pelos meus textos, espero que gostem!