Crítica | Uma Mulher na Janela: O que pode ter dado errado?
18 Maio, 2021Amy Adams é uma das mais promissoras atrizes da atualidade. Ela entrega performances brilhantes e tem um carisma incrível em tela.
No entanto, algumas das produções que ela se envolveu atualmente sempre estão indo de mal a pior. O que foi o caso dos dois últimos filmes que ela participou, distribuídos pela Netflix.
A Mulher na Janela é um livro de suspense que conta a história dos Russells – pai, mãe e o filho adolescente – que se mudam para a casa do outro lado do parque, e Anna (Amy Adams) fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir.
Anna Fox (Amy Adams), é uma psicóloga infantil que sofre de agorafobia e está em tratamento. Ela não consegue sair de casa, então passa os dias trancada, tomando diversos remédios e consumindo uma quantidade absurda de bebida alcoólica enquanto acompanha as pessoas na rua, pela sua janela.
O Filme até então é uma adaptação bem fiel à proposta do livro e sua história, mas o roteiro e direção parece não ter dado muito certo em diversos aspectos. Com algumas referências a filmes clássicos, como do diretor Alfred Hitchcock, nada parece ter realmente funcionado além da atuação da atriz.
Previsto para ter sido lançado em 2019, foi adiado e passou por diversos problemas, incluindo refilmagens após algumas sessões de teste terem tido retorno negativos. Mas o resultado final novamente foi recebido com uma enxurrada de críticas ruins, exceto pela fantástica atuação de Amy Adams, que mais uma vez acaba sendo ofuscada pela produção horrível.
O que seria a premissa de um terror psicológico empolgante e com um narrador não confiável, acaba virando uma avalanche confusa, mal utilizada e cheia de efeitos atormentadores. Tudo parece ser mal construído para que o público realmente vivencie a experiência desajeitada da personagem, em primeira pessoa, mas parece que esse tópico foi levado a sério demais.
Avaliando superficialmente o filme, ele é completamente confuso, cheio de reviravoltas com menos sentido do que o esperado. Até para as cabeças mais confusas tudo é muito cansativo, tedioso e chato. Literalmente uma bagunça desconectada e apressada solta a sua tela.
O filme é um suspense sem suspense, mas também é um terror, no sentido mais nu e cru da definição da palavra aterrorizante. Como uma produção e equipe A-list de atuação tenha sido tão mal aproveitada! Jennifer Jason Leigh parece ter caído no set da produção por erro. Será que ela deveria mesmo estar nesse filme?
Janela Indiscreta (1954) de Alfred Hitchcock é um exemplo de filme de sucesso em que a narrativa de personagem não confiável funcionou muito e serviu de fonte de inspiração. Outros filmes atuais que foram sucessos como Garota Exemplar e A Garota do Trem, parecem ter aproveitado bem mais dessa experiência. Belos exemplos de cenas bem montadas e diálogos bem construídos.
Nos momentos finais, as cenas viram um filme slasher, mais uma reviravolta que tentou nos dar uma sessão de mais um jumpscare, exceto pela falta do jumpscare e com seus efeitos e coreografias ainda mais tristes. São tantas cenas desnecessárias e desconectas, que até mesmo esse texto pode estar sofrendo de algum tipo de desconexão com a realidade, após a redação do site ter insistido em assisti-lo duas vezes e tentar provar o improvável.
A duração do filme é um pouco menos de uma hora e quarenta minutos, mas parecem passar das três horas ao longo de diversas revelações nada desinteressantes e forma esse desfecho tedioso. No fundo você esquece tudo sobre a personagem e seus problemas iniciais porque a trama simplesmente não te deixa entendê-los em nenhum momento.
Isso não é um comparativo, mas também não nos resta muito elogios. Especialmente porque nada no filme funciona e o fruto das refilmagens podem ter contribuído para formar uma colcha de retalhos entre as cenas. Talvez essa confusão fique ainda pior para quem não conhece a sinopse do livro, que é classificado como um best-seller.
Não existe carisma nos personagens e muito menos emoção nas telas. O problema psicológico de Anna é deixado no churrasco e não convence. Exceto por sabermos que ela se encontra mesmo é 100% do tempo chapada após tomar diversas medicações e abusar do álcool. Uma situação que se assemelha a nós do outro lado da tela, após um ano de pandemia tentando achar um modo de sobreviver ao isolamento.
Entretanto, se tiver um pouco de paciência, você pode assistir por sua conta e risco.
Sou cinéfila e meu filme favorito é indie e pouco conhecido, ele se chama Barbie Fairytopia.