‘Falcão e o Soldado Invernal’ só prova que a Marvel está empenhada em trazer histórias reais
16 Abril, 2021Falta apenas um episódio para o fim de Falcão e o Soldado Invernal, a série da Marvel no Disney+ que está fazendo um grande sucesso.
Após o sucesso estrondoso de WandaVision, muitas pessoas ficaram receosas com o lançamento da série sobre Sam e Bucky, mas não dá pra negar que a série está caminhando para algo que jamais foi visto ao longo desses 13 anos de MCU. Ao longo dos episódios tivemos a construção desses personagens entendendo melhor suas motivações e também entendendo a história que está sendo apresentada. Assim como vimos bastante coisa sobre o Bucky, neste penúltimo episódio tivemos mais sobre Sam, que querendo ou não, é o personagem chave da série.
Quando olhamos para o MCU, vemos um universo de filmes compartilhados onde as suas histórias seguem o padrão comum do que ficou conhecido pela propria Marvel. Até mesmo em WandaVision tivemos uma construção interessante, mostrando uma narrativa diferente (que usa recurso dos quadrinhos da personagem), mas que ainda assim tem um roteiro coeso e que apresenta um desfecho clássico dos filmes de super-herói. Em Falcão e o Soldado Invernal vemos uma narrativa muito diferente, e que não é apenas uma história onde eles devem socar inimigos e salvar o dia.
Já tivemos a introdução de Isaiah Bradley, o primeiro Capitão América, que revelou as atrocidades que fizeram com o seu corpo como um cobaia para replicar o mesmo soro usado em Steve Rogers. Nesse episódio o Sam resolve ter outra conversa com o Isaiah, mas é algo muito mais profundo e íntimo. Isaiah fala sobre o período que ficou preso, das cartas de sua esposa que foram escondidas, e também do sentimento de ser um homem preto sendo usado como experimento. Ele também fala sobre o fato de terem apagado a história dele porque tinham medo que ela vazasse. Isaiah tenta convencer Sam de que os Estados Unidos jamais vai deixar um homem negro ser o Capitão América e isso é super valido, já que existe esse apagamento de corpos negros. Sam até tenta dizer que o mundo está diferente, mas devido a toda a sua história é mais do que compreensível a fala de Isaiah.
É muito interessante que a Marvel esteja disposta a colocar isso em jogo porque é algo real, não é como se fosse uma mentira. O episódio faz uma crítica ao fato do Steve Rogers ser a personificação dos Estados Unidos por ser loiro, ter olhos azuis e usar “estrelas e listras” porque é esse tipo de pessoa que eles querem que os represente. O fato do MCU mudar as suas narrativas e tentar encaixar uma história tão real em uma série de super-heróis, mostra que a Marvel parece ter interesse em trazer as mudanças recentes dos seus quadrinhos para a tela dos cinemas e do streaming.
Outro momento importante do episódio é a união de Sam e Bucky, e não é como se fosse óbvio que eles tivessem essa conexão por serem os protagonistas, mas é pelo fato de sentir que a Marvel está mais disposta em firmar relações entre os seus personagens. Quando assistimos os demais filmes no MCU, conseguimos sentir uma conexão entre um ou outro personagem, mas não dá pra comparar devido ao tempo de material, já que a Marvel lançou apenas filmes para os cinemas. Ainda assim, tivemos momentos incríveis do Sam com o Bucky onde eles realmente firmam uma relação de irmãos. É interessante saber os motivos pelos quais o Bucky não queria que o Sam tivesse entregado o seu escudo, já que é o único laço familiar que ele tem com o Steve Rogers. Sam também aconselha Bucky e se cria um momento muito bonito entre os dois, e que faz com que a história dos dois se complementam na série.
Ainda sobre o Sam, também tivemos a história dele com a sua irmã Sarah e seus sobrinhos, e que é um ponto muito importante da trama. Eles tentam vender o barco da família, mas Sam acaba pedindo ajuda dos vizinhos para consertar e entregar novo. Sarah acaba desistindo de vender o barco e é aqui que temos um momento muito importante e simbólico, porque Sam diz que eles não podem se desfazer de algo que faz parte da história da família Wilson. Esse momento é muito bonito porque mostra a questão do pertencimento e celebração, porque aquilo é algo muito maior pra esses personagens, é toda a tradição e respeito de uma geração que poderia ter sumido e é de extrema importância mostrar que os irmãos carregam o legado dessa família que foi tão gentil e acolhedora com as pessoas.
Acho que já é a hora de aceitar que a Marvel vai se superar a cada nova produção, porque eles estão começando a entregar histórias que quebram um pouco a saturação que vimos durante os últimos anos da Marvel Studios nos cinemas. Mas por enquanto, Falcão e o Soldado Invernal é a melhor coisa que a Marvel fez em anos.
Se falar mal da Beyoncé o pau vai comer.