Oscar 2021 | ‘Uma Canção para Latasha’ mostra em 20 minutos como o racismo atinge sonhos e perspectivas
31 Março, 2021Com uma produção simples e intimista, o curta indicado ao Oscar aposta em uma mensagem real tocante de um problema social antigo, mas recorrente, dando significado aos sonhos das vítimas do racismo.
Uma Canção para Latasha, curta de quase 20 minutos, apresenta uma premissa recorrente e chocante sobre o racismo, mais precisamente sobre o caso de Latasha Harlins, jovem de 15 anos precocemente assassinada pelo no dia 16 de marco 1991, em um mercado nos Estados Unidos. O curta parte dessa narrativa já conhecida: o racismo, mas aborda questões profundas sobre a interrupção de sonhos tanto dos que vão, quanto dos que ficam.
Não devemos cair na armadilha do senso que diz que apenas vítimas que são afetadas diretamente (como no caso da Latasha) sofrem as consequências desse crime, até por que toda a sociedade é afetada mesmo que não esteja ciente ou prefira não estar. O curta aborda uma perspectiva de Brittany Hudson, prima mais nova de Latasha que narra a curta vida da garota e como afetou todos.
A narração casa com a direção sensível e mostra a destruição, a destruição de futuros, de sonhos de perspectivas e realidades interrompidas por um sistema injusto e cruel. O documentário narra passos da menina com falas e anseios de uma conquista esperada de uma melhora quase utópica, e um trágico fim quase que anunciado, mas não esperado.
Assistir o curta dá um nó na garganta, afinal não é uma realidade isolada e uma realidade presente, não são baixos o número de negros mortos pelo racismo, não é baixo o número de sonhos mortos pelo racismo, sonhos que as vezes nem desabrocham.
Sophia Nahli Allison entra com a direção, fotografia e edição e trabalha de forma cuidadosa, emotiva e beirando a melancolia, mas de forma equilibrada e coerente deixando a experiência do filme silenciosa ao nosso corpo, mas barulhenta a nossas emoções. Uma Canção para Latasha é o retrato doloroso de uma sociedade lenta, racista e onde sonhos e vidas podem morrer por pouco ou nada.
O documentário esta disponível na Netflix.
Apaixonado por cinema, cerveja e cultura POP. Negro e defensor do cinema nacional