“I Care a Lot” traz casal de trambiqueiras número 1 da Netflix
22 Fevereiro, 2021Na última sexta-feira (19), estreou I Care a Lot (Eu me importo) na Netflix e trouxe alguns nomes já conhecidos no elenco como Rosamund Pike, Peter Dinklage e Eiza Gonzalez para mais uma produção original do serviço de streaming.
O filme tem a direção e roteiro assinados por J Blakeson, conhecido por dirigir alguns filmes nada populares, como A Quinta Onda, filme que permanece uma incógnita até hoje.
J Blakeson aposta no protagonismo de Rosamund Pike, que rendeu mais do que poupança, inclusive uma indicação ao Globo de Ouro e também memes em comparação a Marta Golpista, de Uberlândia, conhecida como a maior golpista do Brasil e também uma releitura atual da nossa eterna Flora (Patricia Pillar) em A Favorita. A atriz que ficou ainda mais popular, após sua personagem fodona em Garota Exemplar, mostrou mais uma vez como o telespectador pode e vai ficar facilmente do lado de uma loira imoral e corrupta.
Eu me Importo traz no seu roteiro muito crime, humor e ação, apesar de ser classificado como um filme de comédia, ele tem mais momentos de ação do que de risadinha e ainda se arrisca como um thriller e nos dá tudo de mais tirano possível: golpe em velhinhos ricos prestes a cantar para subir. Pode apostar que o filme tem seus defeitos, mas essas misturas deram muito certo. Além disso, mas não menos importante, pelo contrário este é o tópico mais importante até aqui; temos um casal de lésbicas protagonistas que não viveu no século passado e que realmente são fodonas. Tem como não torcer a favor da imoralidade e corrupção, roteiro perfeito para fazer sucesso no serviço de streaming?!
A história é centrada em Marla Grayson (Rosamund Pike) uma mulher que ganha a vida com curadoria, que é quando um idoso não é mais capaz de cuidar de si próprio e não tem familiar que o faça, então o Estado a designa como guardiã legal dessas pessoas. E por trás dessa empresa, Marla tem um grande esquema de corrupção que envolve clínicas, casas de repousos e médicos com a moral lá embaixo. Assim como toda loira tem a sua morena, Marla tem uma esposa, Fran (Eiza Gonzalez), que é mais do que sua esposa bonitona, ela é a sua cúmplice e parceira de crimes, e se juntas já causam imagina juntas, o terror da aposentadoria.
Marla Grayson é tudo que uma vilã quer ser – Ela é elegante, bonita, inteligente e rígida e talvez o estereótipo loiro e atraente faça ela passar despercebida no mundo do crime, mesmo quando ela chama atenção. Afinal como vamos imaginar que uma mulher dessa aplica golpes, se não for no coração? Não é nenhuma novidade que a personagem de Rosamund foi construída com um pouco da base de Amy Dunne de garota exemplar; duas mulheres de sangue frio, sociopatas altamente manipuladoras que não desistem facilmente. Ainda assim, existem diversas diferenças entre elas, estamos falando de mulheres querendo se dar bem na vida. Altamente visionárias.
Tudo funciona perfeitamente em seu esquema até que ela encontra uma senhora que é o alvo perfeito para seu golpe: tem início de demência, sem herdeiros/familiares e com bastante dinheiro na conta. O que ela não sabe é que a senhorinha inocente é metida com a máfia – repara no clichê – russa, e é interpretada pela atriz Dianne Wiest, qual tem uma ligação com um homem misterioso interpretado por Peter Dinklage, o Tyrion de Game of Thrones. E apesar de parecer ser fácil aplicar golpes em idosos por sua fragilidade e dependência, sempre tem um que dá mais trabalho e esse é o caso da antagonista mais do que necessária no papel do filme. Qual não darei mais detalhes a partir pois o intuito desta coluna é te fazer assistir a esse filme com o mínimo de spoilers possíveis.
Marla ganha um rival à sua altura e a partir daí o filme ganha um tom ainda mais especial e até mesmo sombrio, numa disputa válida de duas personalidades arrogantes e difíceis de ceder, para nós que estamos assistindo nos resta a curiosidade de saber qual dos vilões vai se dar bem. O filme não explora muito da temática ou de todos os planos do casal vigarista, mas a forma em que a história decorre não deixa espaço para dúvidas e nem para questionamentos, são quase duas horas que passam bem rápidas e coesas, inclusive no desenvolvimento do casal principal que em nenhum momento passa por turbulências de dúvidas. Parceiras até que a morte as separe. O final pode com certeza te surpreender.
Sou cinéfila e meu filme favorito é indie e pouco conhecido, ele se chama Barbie Fairytopia.