Crítica | Uma Noite em Miami: A estreia de Regina king como diretora foi boa?

Crítica | Uma Noite em Miami: A estreia de Regina king como diretora foi boa?

21 Janeiro, 2021 0 Por Marcos Marques

Adaptação de uma peça de mesmo nome, ‘Uma Noite em Miami traz boas surpresas na criação do longa.

Estreando Regina King como diretora, o filme conta como seria um encontro “imaginário” entre quatro grandes nomes da história na luta dos direitos civis dos negros, Malcom X (Kinsley Bem-Adir), Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), Cassius Clay/Muhammad Ali (Eli Goree) e Jim Brown (Aldis Hodge) em um hotel em Miami.

A premissa simples mas instigante torna a experiência do filme agradável, sem deixar seu tom sociopolítico de lado nas discursões culturais de cada personagem postos na tela. Regina King trabalha com a contextualização e introdução dos personagens logo nos primeiros minutos, o que é bastante estratégico para apresentá-los a uma parcela do público que talvez não conheça suas histórias, sem subestimar os que já conhecem. No entanto, não espere que o longa insira você imediatamente em tudo que eles representaram e significaram. Na verdade, ter um conhecimento prévio sobre a história dessa figuras e o contexto da época pode sim melhorar sua experiência.

Kemp Power, autor da peça, teve mais liberdade ao adaptar o texto para esta versão: seu trabalho em “reescrever” sua peça definitivamente merece ser elogiado, principalmente considerando que o maior destaque do filme é o roteiro. O texto trás reflexões precisas e uma narrativa concisa, que não perde o ritmo ou deixa o longa monótono. Apesar dos quatro personagens lutar por uma causa comum, o longa faz um bom trabalho em mostras as reflexões individuais de cada um, dando singularidade aos personagens, sem deixar a mensagem central de lado.

Outro destaque que eleva a obra é sem sombra de duvidas o seu elenco. A química dos quatros atores é evidente e muito notável da forma mais orgânica e coesa possível. É impossível de exaltar apenas um como destaque, o que pode ser uma dificuldade para a própria produção na hora de discutir questões de posicionamento nas premiações.

Regina King com certeza é uma das artistas mais brilhantes da atualidade. Além de seus diversos prêmios, é indiscutível a sua coragem de estrear atrás das câmeras como diretora em um filme de uma obra já conhecida com uma narrativa extremamente importante e inteligente. Ela entrega uma ótima direção que realmente destaca a mensagem e a reflexão do filme. De fato, houve alguns pecados quanto a alguns vícios, o que deu leves desvios no ritmo do filme, mas sem estragar a qualidade da sua direção e, consequentemente, da obra.

A palavra que resume Uma Noite em Miami é coesão: coesão de um roteiro bem escrito com um elenco talentoso, com uma ótima ambientação, com direção bem feita com uma trilha sonora extremamente bem trabalhada (por conta de Terence Blanchard). São esses elementos essências que fazem do longa um ótimo filme.