Capitão América: Sam Wilson #1  —  Muito mais que um manto!

Capitão América: Sam Wilson #1 — Muito mais que um manto!

19 Junho, 2020 0 Por Murilo Fagundes

Lançado em 2015, a revista do Falcão escrita por Nick Spencer, agora como capitão América traz análises críticas necessárias e recorrentes dando partido e a importância necessária pra sua posição em frente há uma sociedade preconceituosa e intolerante.

Quadrinho é político! Isto é um fato, e quando se trata do Capitão América, criado em meio a guerra como um símbolo de justiça e patriotismo americano, mas essa é uma representação que agrega todos, ou só um deslumbre de um escudo com uma estrela que simboliza a justiça e a liberdade? 

A Marvel tirou do Capitão América (Steve Rogers) não só o manto, mas deu um novo significado quando resolveu passar para Sam wilson, conhecido como falcão. Agora temos um capitão que mostra a realidade nua e crua de uma sociedade racista e intolerante escancarado desde sua primeira edição que aspectos da segunda guerra e inimigos estrangeiros que ameaçassem o “America away of life” nao seriam a pauta principal do quadrinho, mas sim de uma forma muito bem escrita e atual de um problema recorrente mas pouco abordado no escudo do soldado, forte, branco, hetero e com um senso de justiça inigualável.

No quadrinho, o nosso herói tem consigo um grande dilema, não só com carregar o fardo de ser um dos heróis mais admirados dos EUA, mas também mostrar que ele tem um pensamento e uma posição diferente e única, porém o que ele não esperava é que a reposta dos cidadãos seria tão negativa e intolerante. Apresentar-se como capitão América negro em uma sociedade racista, com ideias que priorisa ajudar não só o mundo como também os bairros a comunidade negra e imigrantes parece incomodar muito os americanos, dando uma grande fúria e ódio contra o novo capitão. 

Talvez essa seja a HQ mais política e uma das mais polemicas da Marvel comics, recebendo críticas negativas quanto a abordagem real que – geralmente – o homen hetero, braco, nerd insiste em desacreditar reduzindo quadrinhos a malha e raios sônicos intergalácticos em todas as páginas, o quê é engraçado, levando em consideração o contexto totalmente político no qual o manto do capitão América foi criado, numa tentativa de promover a imagem do soldado americano. Não é que Sam Wilson, renegue seu país, muito pelo contrário, porém ele não esconde seu posicionamento e seu ideal, ele deposita em um manto na esperança de todos lutar com ele e não contra ele.

HQ usa a intolerância como verdadeira vilã, e se apropria de discursos recorrentes para instigar os anseios do herói, aqui ela tem como cenário uma América intolerante que é abordada da forma mais explícita nas páginas dando um pesar necessário para despertar o senso crítico do público, possa ser que soe novo para quem estava costumado a ver o Sam apenas como “companheiro” do Capitão América, afinal a narrativa muda quase que radicalmente, também seria estranho falar que seja pra agradar seu público alvo o que não deixa de ser verdade, afinal um herói negro ocupando um lugar tão importante no universo Marvel tem uma representatividade imensa, mas sem dúvida a narrativa real de uma a sociedade intolerante que presa a individualidade o culto a imagem de um ser patriota e se recusa a furar sua bolha apelando para a ignorância e o extremismo é o que torna não só a HQ como o personagem que carrega o nome em algo tão importante e poderoso.