Review | ‘Fúrias Femininas’ — Irmandade e revolução
28 Maio, 2020Sendo uma das equipes femininas da DC Comics, as Fúrias Femininas são servas leais do Darkseid e são comandadas pela Vovó Bondade.
Pra quem conhece a história da DC nos quadrinhos, Apokolips e Nova Gênese travam uma guerra de anos que faz com que Darkseid busque cada vez mais a equação anti-vida, além de ter uma sede de sangue muito grande com Nova Gênese. Em Fúrias Femininas (2019) escrito por Cecil Castellucci e desenhado por Adriana Melo, somos apresentados as Fúrias Femininas e a história dessas personagens que sempre foram coadjuvantes no exército de Darkseid.
Nessa história, a Vovó Bondade quer mostrar ao seu mestre que as Fúrias estão mais do que pontas para servir de linha de frente durante as guerras o que traz consequências drásticas para Barda, Aurelie, Lashina, Harriet Louca, Stompa e Bernadeth que formam a equipe.
A primeira observação que se pode fazer desse quadrinho é que fazia muito tempo que a DC não desenvolvia uma história de forma tão interessante como essa. É de extrema importância a DC colocar mulheres na produção dos seus quadrinhos, já que a editora já foi muito criticada por falta de diversidade em suas histórias e além disso, trabalhar com essas personagens específicas faz com que o leitor crie um laço de afeto por elas trazendo histórias jamais vistas, ou contadas. Como já disse, as Fúrias são personagens que a maioria das pessoas conhecem mas raramente elas tiveram um protagonismo como estão tendo agora, esse quadrinho explora ao máximo as suas personagens e resgata histórico da própria DC Comics que na maioria das vezes mal conseguimos enxergar as personagens que eles possuem.
O ponto principal do quadrinho é como ele deixa claro que existe uma luta contra a desigualdade, ele aponta como as Fúrias Femininas são rebaixadas pelos demais homens do Darkseid e até por ele mesmo. Aqui vemos como a Vovó Bondade (que é uma das personagens mais conhecidas pelos fãs) teve que lutar muito para se destacar e em sua grande maioria não conseguiu ser notada pelos demais homens. Além de toda essa maneira que Bondade tem de mostrar que é qualificada e que fez um ótimo trabalho com as Fúrias, ela acaba envolvendo Aurelie, líder do grupo, que é muito prejudicada de uma forma extremamente pesada. A história aponta momentos bem complicados em relação a isso porque também mostra como os servos de Darkseid olham para as personagens como objeto sexual e também complica quando a Vovó Bondade não se importa muito com a equipe, e sim, em alcançar um status muito grande onde elas devem fazer o que for preciso para chegar nesse patamar. Acredito que tenha ficado claro o tipo de coisa que elas devem se submeter para conseguir tal status, né?
Além disso, acontece um tipo de desconfiança que faz com que a equipe acaba se tornando desunida, quando uma das membros acaba sofrendo tal violência que as demais acham que ela está fazendo aquilo para chamar atenção ou acabar com os planos de serem notadas. A história reflete a questão de quando as mulheres são vistas como histéricas, vitimistas e outros estereótipos horríveis que são criado pelos homens para demonizar a mulher. Enquanto isso, o roteiro (que é maravilhoso) tenta de todas as formas mostrar como funciona toda essa vilania, já que sempre vemos o Darkseid e seus capangas ganhando um protagonismo e personagens como Vovó Bondade e as Fúrias sempre como coadjuvantes.
Acredito que além de trazer uma questão social que ainda é presente, o quadrinho tem como objetivo de ser criativo ao ponto de usar essas personagens que sempre foram deixadas de lado para também criticar a própria DC e criar um roteiro que explique os motivos delas serem tão rebaixadas.
Se falar mal da Beyoncé o pau vai comer.
Essa hq é incrível. Nunca pensei que pudesse ler algo tão bom em 2020.