Rivais: é Tensão (e tesão)!
7 Maio, 2024Em “Rivais”, dirigido por Luca Guadagnino, temos uma nova perspectiva sobre um tema comum em suas obras: a tensão entre as relações humanas. Guadagnino, que não sabe o que é um filme ruim desde “Me Chame Pelo Seu Nome” (2017), trabalha com maestria as relações físicas e sentimentais, seja na forma visceral do horror como em “Suspira”(2018) e “Até os Ossos” (2022) ou na forma mais sóbria como no já citado “Me Chame Pelo Seu Nome”.
A trama de “Rivals” gira em torno de dois companheiros de tênis, Art (Mike Faist) e Patrick (Josh O’Connor), cuja amizade é testada quando ambos se apaixonam pela mesma garota, a talentosa, tenista Tashi (Zendaya). Este triângulo amoroso e erótico cria uma tensão palpável, que marca uma virada em suas carreiras, mas também explora as complexidades dos relacionamentos perdidos e do apego a Tashi dando uma pprogressao perfeita para a historia.
O roteiro se apega a um contexto, e aqui temos o tênis como plano de fundo, o que nos imerge nessa leitura frenética não só na disputa do esporte mas também com a tensão das relações dos personagens. “Rivals” adota uma estrutura não linear, e adota os flashbacks para ilustrar essa não linearidade e apresentar alguns conflitos, o que pode ser um problema, “…Tony Bill, o produtor/diretor/ator, diz, “Quando eu vejo um flashback num roteiro eu sei que a história tem problemas. É um recurso fácil para o escritor novato”….”, Syd Field cota esse trecho em seu livro Manual do Roteiro” (1995) pode não ser uma verdade absoluta, mas aqui ela se encaixa, uma vez que marca a estreia Justin Kuritzkes e mostra essa possível inexperiência com a progressão narrativa de sua história.
A relação entre os três personagens é cheia de ambiguidades, criando identificação não só pela empatia, mas também pelo desejo. Aqui a relação deles é tensa, com muito desejo onde você sente a tensão (e o tesão) no ar, que funciona muito bem quando se tem um bom desenvolvimento de personagem, afinal os três possuem personalidade muito próprias combinada a ótimas atuações.
Tash desempenha um papel central na história, mas não necessariamente a de protagonista, mas de controle sobre as situações situações para manter a rivalidade de Art e Patrick no centro das atenções.
Guadagnino tem um tato excelente para trabalhar a imagem e o toque, é tudo muito limpo e palpável, a sensualidade tem a medida exata onde o fôlego se prende ao máximo o que funciona muito bem, principalmente quando o drama tem como plano de fundo o tênis, um esporte frenético que eleva o máximo a tensão. O engraçado é que as cenas que menos me prenderam são exatamente as cenas de tênis, óbvio não é fácil trabalhar com atores que não são esportistas profissionais então ele deixou para montagem e atuações realizar esse trabalho e tá ok.
Rivais trabalha o vai e vem do tênis com a fragmentação da história, apresenta os personagens os relaciona e espreme o máximo de cada um deles, transforma toda a relação em tensão de uma forma conflitante e erótico, fazendo com que a experiência seja extremamente satisfatório do início ao fim.
Apaixonado por cinema, cerveja e cultura POP. Negro e defensor do cinema nacional