‘O Telefone Preto’ é bom, mas poderia ser ótimo!
21 Julho, 2022O gênero do terror vive em uma montanha russa de popularidade, às vezes em cima as vezes em baixo, mas sempre presente. Sendo assim levando em consideração os últimos anos, podemos dizer que o terror está em cima ascensão de diretores como Jordan Peele, diretor de Nós e Corra ou até mesmo o retorno de clássicos como: Pânico, Halloween e O Massacre da Serra Elétrica.
Nesse contexto de “volta do terror” estreia O Telefone Preto, filme que conta a história de Finney (Mason Thames) um garoto de 13 anos, tímido e reservado que tem uma ótima relação com a irmã mais nova Gwen (Madeleine McGraw) e uma relação abusiva com seu pai possivelmente alcoólatra e violento. Dentro desse cenário, um serial killer, o “Sequestrador” interpretado pelo Ethan Hawke, atormenta a cidade sequestrando crianças onde eventualmente o Finney será uma das vitimas e contará com a ajudas das outras crianças sequestradas e mortas para conseguir escapar através de ligações de um telefone preto em seu cativeiro.
O filme passa sua primeira metade mostrando a relação dos irmãos e os conflitos ásperos que eles têm que enfrentar, mostrando a que a vida deles já era um verdadeiro terror antes mesmo do desaparecimento de Finney, a escola, a rua a própria casa são ambientes extremamente hostis e violentos, onde no final eles só tem um a outro. Essa relação é de fato muito bonita, bem construída e importante para o desenrolar da história, tanto pelos sentimentos de amor e dualidade dos personagens onde o Finney é uma figura reservada e silenciosa e a Gwen se mostra ser totalmente o contrário, sendo ambos extremamente cativantes.
Dirigido por Scott Derrickson, que já tem uma carreira no terror e dirigiu Dr Estranho (2016) para a Marvel Studios, o filme nos mostra mais uma vez o quão cuidadosa é sua direção para criar atmosferas. Se em Dr estranho tínhamos as belíssimas cenas da dimensão espelhada que nos imergia dentro dela, aqui, em O Telefone Preto, temos o porão onde Finney está preso, em uma atmosfera totalmente claustrofóbica e tensa, filmadas com planos brilhantes e cuidadosos, ora abertos ora fechados, dispensando outros meios que possam soar apelativos, como o exagero dos sons comuns em filmes de terror.
O filme tem uma boa história, um excelente elenco (destaque para Madeleine McGraw, atriz jovem e potente), uma ótima direção e ambientação, mas em contrapartida um vilão que beira o desinteressante e um trailer que entrega todas as melhores cenas do filme.
As relações dos personagens são bem trabalhadas, mas quando o assunto é sobrenaturalidade e profundidade do vilão ele falha. Falha uma vez que você coloca um excelente ator (nesse caso o Ethan Hawke), dentro de uma instigante caracterização, mas não dá a ele profundidade. Tudo que você sabe é que ele é barulhento, usa máscaras que mudam as emoções e nada além disso, nem o porquê da troca de máscaras o filme deixa claro.
Outro pequeno, mas notável erro é a relação sobrenatural da Gwen, você não entende muito bem o sonhos dela, mas sabe que é fundamental para o desenrolar da narrativa, talvez se esses sonhos fossem trabalhados de forma mais clara, você enxergaria eles com mas importância, pois no final deram a ela a função de um cão farejador.
Apesar de todas as cenas do terceiro ato estarem no trailer, a ideia de usar as outras vítimas como condutores da fuga de Finney, usando as tentativas prévias dos garotos assassinados por meio de um telefone que não funciona é sim uma boa ideia, mas o filme entrega um final extremamente corrido que beira a utopia e almeja uma continuação.
No final de tudo, traz uma boa experiência que poderia ser ainda melhor, mas nos mostra que nem sempre o sobrenatural é o vilão.
Apaixonado por cinema, cerveja e cultura POP. Negro e defensor do cinema nacional