Graves é gay! Um breve caminho sobre representatividade LGBTQIA+ nos games

Graves é gay! Um breve caminho sobre representatividade LGBTQIA+ nos games

17 Junho, 2022 0 Por Murilo Fagundes

No dia 1 de junho de 2022, os games receberam mais uma personagem gay, dessa vez o Graves personagem do MOBA mundialmente conhecido League of Legends.

Em um conto divulgado para sua Lore no vasto universo em que o personagem está inserido, a Riot empresa responsável pelo jogo, revela que o personagem se relaciona com outros homens.

Essa é uma especulação antiga, porém vale lembrar que personagens como a Leona e Diana já passaram por essa mesma trajetória. Mas peraí, personagens LGBTQIA+ em Jogos só existem em splash arts em junho? Para falar de representatividade, seja ela qual for, é importante visitar o passado e acompanhar a trajetória para entendermos melhor como as empresas e o público vem se adequando a novas narrativas e cuidar com o público que ele quer representar (ou lucrar).

Reprodução: Riot Games

O primeiro personagem gay no mundo dos games que se tem conhecimento é o Paco, ele surgiu em 1985, em um jogo chamado Le Crime du Parking da empresa francesa Froggy Software e o personagem se revela como vilão no final do jogo, agarrando aquele estereótipo comum de antagonista. Esses estereótipos não sãoapenas exceções, é muito comum em jogos mais antigos, limitar personagens LGBTQIA+ a caricaturas, como por exemplo homem gay afeminado remetendo a fraqueza, mulheres lésbicas eram retratadas com traços mais masculinizados, enquanto as personagens femininas heteros com traços finos e sensualidade (entrando no estereotipo da sexualização feminina).

Em 1988, no jogo Super Mario Bros 2, a Nintendo apresentou a personagem Birdo que podemos considerar um personagem trans, afinal no próprio manual do jogo diz: “ele pensa que é uma menina e cospe ovos da boca. Ele prefere ser chamado Birdetta“, é importante ressaltar que essa é uma fala problemática e errônea, que não deve ser tolerada  mas serve para ilustrar um dos exemplos levando em conta seu ano de 1988.

Reprodução: Nitendo

Logo em seguida, em 1889, tivemos Caper in the Castro, que possivelmente foi um dos primeiros jogos com uma grande narrativa dentro de temas LGBTQIA+, aqui temos como protagonista Tracker McDyke, uma detetive lésbica que tinha como mistério desvendar o sequestro de seu amigo Drag Queen Essy LaFemme.  

O RPG Chrono Trigger de 1995, trouxe a Flea, personagem de gênero fluido, que é um metamorfo que se identifica tanto no gênero masculino quanto no feminino. 

Com o passar dos anos, alguns poucos personagens foram surgindo despercebidamente ou em apenas em algumas versões alternativas, ora por censura, ora por questões comerciais.

Já dando um grande salto para os anos 2000, as empresas começaram aos poucos se adequarem a novas narrativas, e a personagens com maior profundidade, talvez um dos grandes marcos dentro dessas narrativas que busquem representar a comunidade esteja em Life Is Strange (2015). Um dos mais populares no seu estilo de jogo interativo e de aventura, e que foi de fato um sucesso. O jogo aborda as questões e sexualidade dos personagens de forma muito orgânica, profunda, sentimental e cuidadosa.

Reprodução: Square Enix

Ainda sim, personagens que fujam desse espectro heterosexual causam desconforto e desfrutam da ignorância de alguns -não- consumidores, como por exemplo The Last Of Us, que trouxe o beijo entre Ellie e Dina e desencadeou uma série de comentários positivos e negativos.

É de certa forma “engraçado” acompanhar a revolta de jogadores ao descobrir a sexualidade de personagens de games, como se influenciasse em algo na sua jogabilidade, afinal o Graves beijar o TF, não vai afetar ele farmar a selva, vai? Talvez, essas pessoas que se sentem tão ameaçadas com uma representatividade mínima dentro de um jogo de ficção – LOL por exemplo tem mais de 160 campeões quantos deles não são heteros – tenha apenas desejos reprimidos, ou medo de perder tantos privilégios no mundo real.

O tema da representatividade, é um tema extremamente amplo e necessário não só dentro do mundo dos games, mas em um grande geral. É importante ressaltar que ainda existe um vasto caminho de mudança que deve sim existir e atravessar a barreira da intolerância.