Crítica | Stranger Things entrega uma temporada com mais terror e história
2 Junho, 2022Desde sua estreia na Netflix em julho de 2016, Stranger Things tornou-se um grande sucesso.
Sabemos que é difícil para algumas séries manter sua qualidade ao longo dos anos, mas aqui não temos esse problema: embora o público possa apontar uma temporada da qual menos gostou, é pouco provável que consiga apontar uma temporada que seja de fato ruim.
A quarta temporada de Stranger Things acabou de sair do forno e mostrou o quão grande o poder da série tem no streaming da Netflix, sendo senão a maior do catálogo (atualmente) uma das maiores. Mas afinal qual seria o segredo para tamanho sucesso?
Seria quase impossível (ao menos para mim) dar uma resposta tão incisiva e única, afinal, dentro desse universo criado pelos Irmãos Duffer encontramos nostalgia, ficção e fantasia, além da junção de vários elementos que dá uma grande singularidade ao enredo e aos personagens. E que, ao decorrer das temporadas, vão somente aumentando.
Seguindo essa linearidade bem pensada chegamos talvez a temporada mais madura e ainda assim fantasiosa até agora. Um dos motivos dessa maturidade talvez seja o próprio crescimento do elenco dentro e fora desse universo, da primeira temporada até o lançamento da quarta acompanhamos juntos a vida dos personagens e a vida de Hawkins.
O crescimento dos personagens são elementos fundamentais e os roteiristas sabem disso: agora temos adolescentes vivendo como adolescentes, indo para escola e enfrentando vilões adolescentes (mas não por muito tempo).
Ao longo dessa primeira parte temos uma dualidade entre o mundo “real” e o mundo invertido, sendo assim, à medida que surgem novos vilões valentões na escola, no mundo invertido não seria diferente.
Stranger Things sempre carregou uma pitada de terror escondido no mistério da série e nessa temporada esse terror está mais evidente. A serie não está confortável, o que é um ponto positivo, afinal em algumas temporadas já nos apegamos a personagens com um segundo de tela, postos apenas para morrer – um beijo Barbs – mas, desta vez, a sensação que a narrativa transmite é que a qualquer momento qualquer um pode ir e ninguém está salvo. Elementos que brincam com o gênero do terror como possessão e até mesmo um pouco de gore se faz presente de forma balanceada e necessária.
Talvez o único grande problema da série seja algo que já a acompanha por algum tempo: o uso de subenredos que não tangenciam a narrativa principal, afastando-se dela e se tornando extremamente desnecessários. Um bom exemplo ocorre na segunda temporada, com arco do grupo de jovens que tinham poderes que ninguém lembra. Na quarta temporada, o subenredo da Rússia não faria a menor falta se não estivesse ali. Parece que os roteiristas acertam quando adicionam novos personagens, mas perdem a mão quando tentam estender o enredo para fora de Hawkins.
No final de tudo, a primeira parte da quarta temporada segue tendo a qualidade de seus acertos, contando uma boa história, com personagens cativantes e com um ótimo elenco que transmite de fato as emoções do universo em que estão inseridos.
Falando em elenco, sinto que a cada temporada alguns dos atores ou atrizes acabam brilhando mais. Como nas temporadas anteriores Millie Bobby Brown (Onze), Winona Ryder (Joyce Byers) e Noah Schnapp (Will Byers) tiveram excelentes momentos, agora foi a vez de Sadie Sink (Max) brilhar – pode até ser só uma impressão pessoal, mas mesmo isso não desvaloriza o trabalho de todo o elenco que tem uma ótima química e faz um excelente trabalho.
A primeira parte da quarta temporada de Stranger Things já está disponivel na netflix.
Apaixonado por cinema, cerveja e cultura POP. Negro e defensor do cinema nacional