Crítica | Flee – Sentimental, aconchegante e real

Crítica | Flee – Sentimental, aconchegante e real

21 Abril, 2022 0 Por Matheus Luccarelli

Longa dinamarquês que combina animação e documentário para contar a extraordinária história de um refugiado afegão, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 21 de abril, com distribuição da Diamond Films.

Documentarista e radialista conhecido na Dinamarca, o diretor de Flee – Nenhum Lugar Para Chamar de Lar, Jonas Poher Rasmussen, é amigo de um refugiado do Afeganistão desde a adolescência, mas desconhecia os detalhes dessa história. Os anos se passaram e, quando adultos, ele propôs a esse amigo fazer um filme sobre sua jornada.

Filme já recebeu mais de 80 prêmios, entre eles o de Melhor Filme no Festival de Annecy, e foi indicado em três categorias do Oscar.

Em formato de documentário a animação conta como foi sua trajetória até chegar onde está, hoje ele é um acadêmico que está prestes a ir para Princeton cursar um doutorado, e enquanto isso acontece seu namorado e ele decidem se casar e formar uma família, só que para isso dar certo ele precisa se livrar de coisas do passado. Amin Nawabi um refugiado do Afeganistão, saiu ainda criança do país, ele e sua família precisaram sair às pressas do país por conta dos diversos conflitos que aconteciam naquela região.  Logo que saiu do seu país de origem, Amin viveu na Rússia com sua família durante alguns meses enquanto seu irmão mais velho juntava dinheiro para fazer a travessia de todos até a Dinamarca.

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A animação em si é simples, simples no sentido de que foi feito com tanto esmero que se fosse acrescentados mais elementos não ficaria tão bom assim. 

Como bons europeus sabemos como são tratados os refugiados a não ser que sejam ucranianos são muito bem tratados, Amin e sua família passaram por situações bastante pesadas, como a fome, frio e a dificuldade em tentar pertencer a algum lugar, quando se é refugiado você não tem lar, o retrato de Amin é dos anos 1980 e a situação acaba sendo tão atual, afinal, há anos ocorre conflitos não só no Afeganistão mas em toda vizinhança.

Eu sou uma pessoa que sempre acabo criando um certo apreço com personagens e Amin é um personagem sensível, tímido e corajoso. Não é sempre que nós conseguimos colocar tudo aquilo que passamos em pratos limpos e ter que reviver aquelas mesmas angústias, determinadas lembranças acabam nos dando gatilhos, seu melhor amigo que também é seu terapeuta realizou sessões que mais pareciam hipnose, o levando de volta para o passado.

Em países que seguem a doutrina Islã existe diversas pressões sociais o que acarretam a preconceito e bastante machismo, e o acolhimento que Amin recebe da família é bonito, sua figura masculina mais próxima seria seu irmão mais velho, havia um certo receio dele sobre sua sexualidade e ele recebe algo que todo homossexual espera receber quando precisa “se assumir”, um abraço. Muitos de nós não tivemos isso, acaba tocando em um ponto que deixa seus olhos marejados pela leveza que esse assunto é tocado.  

O filme é bem gostoso de assistir, te deixa com um gostinho de quero mais, em 1h25 muita coisa acaba acontecendo que acaba até atropelando algumas coisas, dava pra se aprofundar mais tanto em Amin como em toda sua trajetória desde o Afeganistão até o momento em que ele e seu namorado começam a escolher um local para morar e construir sua família.

Assista ao trailer