Conheça os indicados ao Oscar 2022: Filmes Internacionais

No domingo (27), teremos a 94ª cerimônia de entrega do Oscars 2022, e será apresentada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas que homenageará os melhores atores, técnicos e filmes lançados de 1 de março a 31 de dezembro de 2021.

O Oscar de Melhor Filme Internacional é um prêmio entregue pela Academia para um longa-metragem produzido fora dos Estados Unidos com diálogos predominantemente em uma língua diferente do inglês.

A surpresa e esnobe do ano foi para o filme Titane da diretora Francesa Julia Ducournau. O longa francês por sua vez, já havia causado bastante polêmica no meio crítico, ao vencer o prêmio Palma de Ouro, no Festival de Cannes, mas não forte o suficiente para concorrer a academia. Mas de polêmica e boicote o Oscar entende, não é?!

Outra grande esnobada foi com o nosso cinema brasileiro, que não teve filme pré-selecionado para a categoria de Melhor Filme Internacional também, mas seríamos um grande concorrente no meio deles a propósito. O filme Deserto Particular, de Aly Muritiba, estava dentre os nomes que poderiam ser indicados e a aposta do Brasil para a Academia esse ano, mas acabou não chegando nem as semi-finais.

Não é novidade também que o filme que mais roubou atenção da temporada de prêmios foi o japonês Drive My Car. Antes mesmo da divulgação da lista dos pré-selecionados, esse foi um dos filmes que já tinha ganhado o coração do público e de muitos críticos, sendo já considerado forte candidato à estatueta. O filme dirigido por Ryusuke Hamaguchi, levou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes e também levou o Globo de Ouro na categoria Filme Estrangeiro. 

Outro fator bastante interessante também entre a categoria dos filmes internacionais, é que 92 filmes 22 foram dirigidos por mulheres. Mas na corrida dos pré-selecionados, apenas 4 mulheres conseguiram chegar lá. Apesar de ser um percurso longo para as mulheres, ainda sim, a lista de filmes tem vários títulos que valem a pena sua atenção, já que majoritariamente é uma categoria que foca numa diversidade de produções diferentes das habituais categorias do Oscar e focadas em temáticas para todos os gostos dos cinéfilos. Para os mais curiosos, listamos os 15 filmes pré selecionados aqui, foram eles:

Great Freedom (Áustria), Playground (Bélgica), Lunana: A Yak in the Classroom (Butão), Flee (Dinamarca), Compartment No. 6 (Finlândia), I’m Your Man (Alemanha), Lamb (Islândia), A Hero (Irã), A Mão de Deus (Itália), Drive My Car (Japão), Hive (Kosovo), Noche de fuego (México), The Worst Person in the World (Noruega), Plaza Catedral (Panamá), The Good Boss (Espanha).

Já os grandes finalistas merecem uma atenção especial para quem curte filmes independentes. Veja sobre cada um deles a seguir:

Drive My Car (Japão)

Yusuke Kafuku, ator e diretor de teatro, ainda incapaz, depois de dois anos, de lidar com a perda de sua amada esposa, aceita dirigir O Tio Vânia de Tchécov em um festival de teatro em Hiroshima. Lá ele conhece Misaki, uma jovem introvertida, designada para dirigir seu carro. Entre os passeios, segredos do passado e confissões sinceras serão revelados.

O filme tem vários propósitos e significados que não apenas da para reduzi-lo ou resumir a história de uma perda na sua sinopse. É sobre amizade, amor, uma infinidade de sentimentos ao longo de suas 3 longas horas. Que pode ser um empecilho claro, para quem não curte filmes desse tamanho. Mas que ainda sim, vale a pena conhecer algumas histórias fascinantes de pessoas complexas e cheias de camadas para desvendar.

Ficha Técnica:
Direção: Ryusuke Hamaguchi
Roteiro: Ryûsuke Hamaguchi, Takamasa Oe.
Elenco: Hidetoshi Nishijima, Toko Miura, Masaki Okada, Reika Kirishima, Park Yurim, Jin Daeyeon.
Duração: 179 minutos.
Título original: Doraibu mai kā
Disponível: Disponível para assistir em alguns Cinemas Brasileiros. E a partir de primeiro de Abril, no serviço de streaming MUBI.

FLEE / Fuga (Dinamarca)

Amin era menor quando chegou à Dinamarca sozinho, vindo do Afeganistão. Hoje, com 36 anos, é um acadêmico de sucesso e está noivo do seu namorado de longa data. Mas esconde um segredo há mais de 20 anos, que começa a ameaçar arruinar a vida que construiu para si. Amin, pela primeira vez, partilha a sua história com um amigo chegado.

Um documentário feito na primeira pessoa, em jeito de entrevista, FLEE – A FUGA empurra os limites do género retratando a experiência de um refugiado através de uma animação, para apresentar um livro de memórias comoventes.

Esse é o tipo de filme que vai te deixar pensativo mesmo depois de termina-lo. É interessante a escolha de como ser contado de uma forma única e envolvente, o deixando comovente a cada instante transitando entre alegre e dor. Esse tipo de história contada sempre será algo atual para nós. Pois nunca vamos deixar de presenciar guerras e histórias de pessoas que precisam abandonar suas origens e encontrar um local de paz para recomeçar. E encontrar um jeito de como recomeçar, como acolher e ser acolhido. Com certeza um forte concorrente para a estatueta.

Ficha Técnica:
Direção: Jonas Poher Rasmussen.
Roteiro: Jonas Poher Rasmussen.
Elenco: Daniel Karimyar, Fardin Mijdzadeh, Milad Eskandari.
Duração: 83 minutos.
Título original: Flee.
Disponível: Filme ainda não disponível no Brasil.

A Mão de Deus (Itália)

Na Nápoles dos anos 80, um jovem louco por futebol se vê diante de uma tragédia familiar que define seu futuro incerto, porém promissor, como cineasta.

Outra escolha fantástica e que definitivamente também merecia uma estatueta. Apesar do tema acabar sendo clichê de algum ponto de vista, a questão do amadurecimento e de certas escolhas da vida e como isso afeta a cabeça dos jovens, deveria ser amplamente discutida do ponto de vista do próprio jovem, da suas experiências e das suas dores. Há muito o que admirar nessa história e na visão que o próprio diretor tentar passar sobre ele também. Uma história para rir e para chorar.

Ficha Técnica:
Direção: Paolo Sorrentino.
Roteiro: Paolo Sorrentino.
Elenco: Filippo Scotti, Toni Servillo, Teresa Saponangelo
Duração: 130 minutos.
Título original: È stata la mano di Dio.
Disponível: Disponível na Netflix.

A Felicidade das Pequenas Coisas (Butão)

O professor Ugyen Dorji, de 20 e poucos anos, sonha em se mudar para a Austrália e ser um cantor famoso. Em seu último ano de contrato com o governo, ele é mandado para Lunana, onde deve assumir uma escola infantil. Ugyen detesta esta vida pacata e sem tecnologia, até descobrir o prazer da vida simples.

A cenografia do filme é bastante interessante. Os personagens são únicos e cativantes, mas o roteiro do filme deixa a desejar com algo repetitivo de várias outras histórias, diante das escolhas mais complexas retratadas dos outros filmes. Sim existem pessoas boas em todos os locais do mundo, isso inclui um lugar pacato no meio de uma selva ou até mesmo na cidade grande.

Ficha Técnica:
Direção: Pawo Choyning Dorji.
Roteiro: Pawo Choyning Dorji.
Elenco: Sherab Dorji, Kelden Lhamo Gurung, Ugyen Norbu Lhendup,Pem Zam, Kunzang Wangdi, Sonam Tashi, Tsheri Zom, Tshering Dorji, Tashi Dema, Dophu, Dorji Om.
Duração: 110 minutos.
Título original: Lunana: A Yak in the Classroom.
Disponível: Disponível em alguns cinemas do Brasil.

A Pior Pessoa do Mundo (Noruega)

O Filme norueguês é mais um dos destaques da categoria, tendo recebido duas nomeações para Melhor Filme de Língua Estrangeira e Melhor Atriz no BAFTA, e também premiado no Festival de Cannes por Melhor Atriz.

O filme narra quatro anos da vida de Julie, uma jovem mulher norueguesa de 30 anos que está navegando pelas águas turbulentas de sua vida amorosa e profissional. Enquanto luta para encontrar um bom parceiro e ingressar no emprego que deseja, ela irá compreender melhor quem realmente é e quais caminhos deve percorrer.

O interessante sobre a personagem é acompanhar sua jornada de fazer boas e péssimas escolhas ao longo da sua vida. Algumas de suas mudanças são realmente ruins para algumas pessoas, ruins para ela, assim como também são boas para sua construção e amadurecimento pessoal. Ela não é boa e nem ruim, ela é literalmente uma pessoa.

A propósito o filme parece abordar questões completamente clichês ao nosso mundo contemporâneo, mas se destaca por estabelecer conexão com o público em vivenciar por dentro como essas escolhas refletem diretamente no íntimo da personagem. Como uma pessoa que não gosta muito de filmes de comédia romântica os elementos empregados na trama são mais interessantes que qualquer outro. Com certeza vale a pena assistir.

Ficha Técnica:
Direção: Joachim Trier.
Roteiro: Joachim Trier, Eskil Vogt.
Elenco: Renate Reinsve , Anders Danielsen Lie , Herbert Nordrum.
Duração: 128 minutos.
Título original: Verdens verste menneske.
Disponível: Disponível em alguns cinemas do Brasil.