Crítica | Nanny: Anna Diop entrega uma performance espetacular e que merece ser reconhecida
28 Janeiro, 2022Financiado pela Stay Gold Features, Linlay & Topic Studios, Nanny é um filme de terror dirigido e escrito pela cineasta serra-leonesa-americana Nikyatu Jusu, produzido por Nikkia Moulterie e Daniela Taplin Lundberg.
Texto por Pâmela Rodrigues, do portal Anna Diop Brasil
Antes de dominar as telonas, o script chegou em diversas premiações: 2020 Blacklist, Sundance Institute Criative & Prod. Lab & Summit, Sundance 2020 Director’s Lab e o Sundace 2020 Writer’s Lab.
O longa-metragem estreante de Jusu conta a história de Aisha (Anna Diop), uma babá imigrante sem documentos que cuida da filha de um casal privilegiado em Nova York. Enquanto ela se prepara para a chegada do filho que deixou para trás no Senegal, uma presença sobrenatural invade sua realidade, ameaçando o sonho americano que ela meticulosamente construiu. A ruptura no mundo Aisha começa a se formar quando presenças sobrenaturais e uma série de desventuras atravessam seu caminho.
Ambas ameaças são empregadas de maneira eloquente no roteiro, persistentes e impiedosas, fazendo com que o espectador sinta empatia pela protagonista que se mantém intensa do início ao fim graças a performance surpreendente de Diop. O filme aborda assuntos como desigualdade social, abuso no ambiente de trabalho, intolerância cultural, racismo e sexismo; Nikyatu Jusu mergulha de cabeça ao utilizar figuras do folclore e mitologia da África Ocidental e mesclá-los de forma tão homogênea e sutil.
Anna Diop se mostra confortável na trama, habilmente carregando um papel de peso com a delicadeza de seus maneirismos e a voracidade de suas expressões faciais marcantes. O talento de Diop é colocado em ênfase ao navegar entre terror e drama enquanto impressiona também ao dominar três línguas durante o longa: francês, inglês e wolof.
No festival, a atriz foi aclamada por muitos como a melhor intérprete de sua categoria.
A atuação de Rose Decker (Rose) dispensa comentários.
Em seu filme de estreia, a jovem atriz se mostra confortável ao contracenar com Diop e trazendo muita fluidez em sua performance. Sinqua Walls interpreta Malik: um personagem carismático, que aos poucos se transforma em um feixe de luz na vida conturbada de Aisha. Michelle Monaghan e Morgan Spector entregam performances potentes como Amy e Adam. Leslie Uggams, Jahleel Kamara, Zephani Idoko e outros integrantes do elenco não deixam desapontar com personagens carismáticos e apaixonantes.
A fotografia é um show à parte! Ao lado de Jonathan Guggenheim (designer de produção) e Joseph Bicknell (colorista), a cinematógrafa Rina Yang prepara uma explosão de visuais e cores que acentuam cada cena. A iluminação e trabalho de câmera durante as cenas proporcionam de ambientes aconchegantes a corredores claustrofóbicos e aterrorizantes. A decoração dos vastos sets e paleta de cores contribuem com a harmonia entre os frames — tornando o visual do filme cada vez mais instigante.
Os efeitos visuais não decepciona ao trazer as anteriormente citadas “presenças sobrenaturais” à vida e abraçar o gênero e as inspirações da diretora para a obra (alô fãs de A Forma Da Água e Guillermo Del Toro!!!). O filme conta com shots incríveis debaixo d’água.
E finalmente, a trilha sonora. Tanto na presença da trilha quanto na ausência da mesma em momentos de suspense, Nanny acerta em mais um setor contando com nomes como o da cantora e atriz Tanérelle, Wata e Bartek Gliniak.
Nanny é uma pequena peça de uma grande engrenagem. É esperança de que portas se abrirão e mais dessas histórias serão contadas. É o abraço eupático das mulheres pretas da diáspora…É a representação moderna e realista da armadura de ferro e da deusa da guerra que existe em cada mãe… e dos demônios que elas carregam dentro de si.
Não há previsão de lançamento para Nanny em serviços de streaming até o momento.
O filme esteve em exibição no festival Sundance nos dias 22 e 24 de Janeiro (2022).