Crítica | Chucky: Série não tem medo de honrar a essência da franquia

Crítica | Chucky: Série não tem medo de honrar a essência da franquia

21 Dezembro, 2021 0 Por Marcos Marques

Sendo uma das figuras mais populares da cultura pop, o Chucky retorna com uma série que surpreende muito um público que tem medo de revival de filmes e séries do gênero. 

Você gostaria de ter um Good Guy? Eu que não! Lançado em 1988, o primeiro filme da franquia fez um enorme sucesso e garantiu diversos filmes, fazendo do personagem um dos mais populares do terror. 

Chucky é a nova série do personagem que se passa logo após os eventos de O Culto de Chucky (2017). Aqui temos Jake, um garoto que mora em Hackensack e é apaixonado por bonecos. Após conseguir o Good Guy em uma bazar do bairro, Jake acaba descobrindo que esse boneco é diferente dos demais… e não só a vida de Jake está em perigo como também a de todos os moradores da cidade. 

Quando a série foi anunciada oficialmente, muitas pessoas ficaram com o pé atrás devido a uma possível saturação da franquia. Já existe uma reclamação sobre como a indústria cinematográfica está produzindo muitos remakes e reboots de franquias. Recentemente tivemos alguns remakes e continuações bem famosas como O Grito, Halloween, Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado e Pânico, que estreia em 2022. Mas de uma forma bem simples, a nova série do boneco assassino superou as expectativas em todos os quesitos. 

A franquia é considerada um clássico do slasher, mesmo brincando bastante com o trash, e na série não é diferente: ela mantém a sua personalidade. Chucky é uma assassino bem diferente dos outros que conhecemos, afinal o boneco assassino tem o espírito de Charles Lee Ray, um assassino em série que após ser perseguido pela polícia acaba sendo cercado em uma loja de brinquedos e faz um ritual de voodoo, e transfere sua alma para um boneco. Diferente dos outros filmes, a série explora o passado do personagem de uma forma bem interessante como um presente aos fãs que não sabiam com detalhes a origem de Chucky. 

Quando o Chucky se encontra com o protagonista a história muda. Chucky não quer matar Jake e sim matar pessoas que praticam bullying com ele. Jake é um garoto gay que vive com o pai e, além disso, precisa lidar com os problemas da escola, onde alguns alunos o ignoram. Com os sentimentos confusos, Chucky tenta convencer Jake que a melhor saída é se livrar de pessoas ruins, dizendo que esse tipo de pessoa merece morrer. 

Seria Chucky um verdadeiro aliado da causa LGBTQIA+?

Reprodução: Star+/Hulu

Brincadeiras à parte, é muito divertida a interação entre eles e todo o desenrolar da história. O Chucky é um personagem muito sádico e cômico e a série não tem vergonha de deixar isso claro. Outros personagens são bem interessantes, como Lexy Cross (Alyvia Alyn Lind), Junior (Teo Briones) e Devon (Björgvin Arnarson), uma parte da história que irei dedicar no próximo parágrafo

Jake é apaixonado por Devon, um garoto que tem um podcast sobre True Crimes (Crime Reais). Ao longo da série, eles desenvolvem um relacionamento muito bonito e de uma forma muito natural. Durante a exibição da série, um episódio chamou bastante a atenção do público, que é quando Chucky revela ao Jake que tem um filho gênero-fluido e quando questionado por Jake se ele aceita de boa, Chucky rebate dizendo que não é um monstro. Para quem tem interesse, vou deixar pra vocês um artigo que explica melhor sobre Glen/Glenda, filhos do Chucky com a Tiffany

Pelo fato do Chucky ter mencionado isso, muitas pessoas reviveram trechos de O Filho de Chucky (2004) e o próprio criador do personagem disse em entrevista ao Syfy que o personagem é um símbolo da comunidade LGBTQIA+ e que devemos estar atentos a mudanças: 

“Uma identidade gay muito específica para a franquia. Acho que precisamos sempre estar atentos ao que está acontecendo na cultura, na sociedade, e usar Chucky para abordar esses temas de uma forma interessante e divertida”

Acredito que a série acertou em cheio na questão de trazer representatividade para essas questões. Sabemos que existem muitos estereótipos de casais LGBTQIA+ em séries e filmes, mas a série consegue desenvolver algo muito bonito e significativo. 

Apesar de tudo, a série comete apenas o deslize de correr muito para entregar o objetivo do enredo. Por mais que a história caminhe de uma forma gostosa de acompanhar, ela demora um pouco para entregar o plot principal, o que pode deixar algumas pessoas confusas. Por outro lado, a série entrega um prato de referências aos filmes anteriores e aponta para o futuro da franquia, já que foi confirmado oficialmente que a série vai ganhar uma 2ª temporada. 

Chucky é uma série com roteiro simples mas que casa com tudo que foi apresentado na franquia do personagem. Além disso, a série trabalha muito bem os personagens deixando uma experiência muito divertida e empolgante.