Crítica | Loucos por Justiça – Quem disse que filosofia não combina com drama, ação e comédia?
10 Agosto, 2021Rider of Justice ou simplesmente Loucos por Justiça, é um filme dinamarquês e conta com o Mads Mikkelsen (que participou de ‘Druk’, filme vencedor do Oscar 2021). É um filme sobre um militar que perde a sua esposa num acidente e descobre logo mais que tudo pode estar ligado a uma máfia.
Parece história clichê de filme de ação né? No início sim. Não comparando totalmente, por ter algumas linhas diferentes até o final, mas é um filme com a vibe de “Busca Implacavel” e até mesmo “John Wick”, mediante as lembranças agora na cabeça, é o que mais se aproxima no roteiro, e que também, provavelmente todo mundo conheça a história só que não é bem assim e essa é a melhor qualidade do filme.
Mads é um ator espetacular que faz sucesso fora do seu país nativo, ele é Dinamarquês, mas ainda sim tem algumas pontas em filmes pro lado do mercado americano, e você pode até mesmo ter conhecido ele com Hannibal ou vilão do Dr. Estranho. E se você se interessa pela narrativa e direção de atores e diretores, que fogem do padrão Hollywood, e curte uma violência bruta com drama, é uma das boas opções vindo ai no mercado de filmes esse ano. O cinema dinamarquês é incrível.
E é isso, filmes de ação raramente precisam fazer sentido na nossa cabeça, mas aqui a gente tem outro estímulo para continuar assistindo. O filme conta como um todo com absolutamente tudo que um filme de ação precisa contar tipo ação, violência e drama. Tratamos de um militar que volta pra casa e perde sua família e precisa lidar com ela também. Mas o que faz a história minimamente boa e o que dá sentido, é como ela discorre na busca dos culpados por esse acidente que deixa de ter sido “por acaso” na cabeça de alguns que estão sempre buscando por resposta.
O diretor Anders Thomas Jansen, também dinamarquês, entrega bastante na sua produção e o que difere dos outros filmes comparado acima, é que Riders of Justice tem outros personagens na trama que são essenciais pro desenrolar da história. E eles parecem ser ainda mais fora da caixinha principalmente quando envolve um matemático que acredita que tudo foi premeditado naquele dia e então o filme começa uma certa busca por um sentido de “vida” dentro do acidente que tira a vida da esposa do militar Markus (Mads).
Markus é um militar típico, que precisa vir cuidar da sua filha após a mãe dela morrer no acidente e ele precisa cuidar dos negócios, e então surge essa obsessão de uns caras, envolvendo máfias e achar então os culpados, traçando um paralelo entre tudo que aconteceu na cena do crime. Essa pessoa que vos escreve, raramente escreve ou assiste sobre filmes de ação, mas adora um bom drama e drama aqui não falta principalmente quando envolve algo que a gente ver constantemente: A busca pela justiça com as próprias mãos ou de respostas que não vamos ter em alguns casos.
E essa diferença do clichê das histórias de ação é que normalmente não conta com outras pessoas ou o próprio personagem principal que vai criando outros vínculos. São quatro homens que provavelmente tomam banho uma vez na semana e estão obcecados em descobrir uma resposta, além de serem excluídos da sociedade e de nos proporcionar um pouco de alívio em meio a tensão de tentar bater de frente com máfias. E quer saber, vai além da violência, sem perder o seu ritmo, cinematografia e ótima edição.
O roteiro torna o filme bastante original quando lança a tal busca filosófica e violenta pela verdade em meio ao luto. Verdades nem sempre são absolutas e nessa busca algumas perguntas que são feita por nós em situações de conflito. Por que comigo? Por que agora e aqui? Por que as coisas tem que ser ruins e boas? As respostas vão ser diferentes onde você procura, possa ser de forma divina, científica ou jurídica, e aqui a gente pode levar até mesmo uma grande rasteira.
O proposto vai além de descobrir quem estava por trás de um crime, porque essas perguntas algumas vezes não vão ter nenhuma resposta boa ou exatamente ruim. Pode ser nenhuma das alternativas e vai te fazer andar em círculos procurando pelo sentido em algo que são coincidências da vida, que não são exatamente boas coincidências de qualquer forma. Mas no meio disso tudo, você ainda aprende diversas lições não é mesmo.
E nessa aventura perigosa a gente também se pergunta se toda essa correria vale a pena ou se é melhor simplesmente escolher ir a terapia. É uma coisa mais sossegada. Mas ai você precisa assistir o filme também.
No momento o filme está para aluguel nas principais plataformas de vídeo online e com a nota 7.6/10 no IMDB e 95% no rotten.
Sou cinéfila e meu filme favorito é indie e pouco conhecido, ele se chama Barbie Fairytopia.