Crítica | Atypical 4ª Temporada: Um final digno de uma série excepcional
9 Julho, 2021A quarta e última temporada de Atypical estreou na Netflix nesta sexta-feita (09). A tão aguardada temporada chegou.
Durante o período em que os fãs esperavam, muitos rumores foram surgindo, rumores acerca do futuro do Sam (Keir Gilchrist ) e Zahid (Nik Dodani), que foram dividir um apartamento juntos; sobre o futuro da Elsa (Jennifer Jason Leigh) e do Doug (Michael Rapaport) e, também, o futuro da Casey (Brigette Lundy-Paine).
A quarta temporada de Atypical tem a mesma pegada das temporadas anteriores, mesmo tendo o Sam como personagem principal, a série consegue trabalhar aspectos da vida de todos os membros da família, dando tempo de tela necessário para cada personagem se desenvolver individualmente.
O final da terceira temporada deixou muitas questões em aberto, como o Sam, que nunca havia conseguido passar uma noite inteira sequer fora de casa, tomando a decisão de dividir um apartamento com seu melhor amigo, o Zahir. A Casey, ainda tentando lidar com a escola nova, tentando se encaixar nesse lugar completamente diferente, e de quebra, lidando com sua própria sexualidade, descobrindo estar apaixonada por sua melhor amiga, a Izzie (Fivel Stewart). E também, Elsa e Doug, os pais do Sam e da Casey, ainda lidando com um problema que vem se desenvolvendo lá da primeira temporada: seu casamento.
Se na terceira temporada tivemos personagens tentando se adaptar a ambientes hostis, nessa quarta temporada nós recebemos uma lição de autoconhecimento. É nítido o amadurecimento dos personagens, principalmente do Sam, não só por ser o personagem principal da série, mas acompanhar toda essa trajetória de um jovem autista entrando na faculdade e nessa quarta temporada acompanhá-lo fazendo planos para uma vida pós faculdade é, de fato, muito satisfatório. Acompanhar o amadurecimento do Sam desde a primeira temporada até a quarta é uma lição de vida, ver que no começo ele dependia da mãe para praticamente tudo e agora ele mesmo faz tudo é um aprendizado e tanto.
Um aprendizado não só para o Sam, mas para a Elsa também, que precisa aprender a abrir mão de suas atitudes superprotetoras e deixar que seu filho voe sozinho pelo mundo. E isso dá a ela um momento para se reaproximar de sua mãe, que a lembra muito a mãe de Izzie.
Nessa temporada nos foi mostrado um pouco mais sobre a mãe da Izzie, ficou mais claro as situações que ela passa em casa e o porquê dela, às vezes, tomar certas atitudes. A Izzie é uma personagem muito complexa, que passou por um processo de autodescoberta na terceira temporada, e que não foi bem abordado pelos roteiristas.
Nessa quarta temporada temos uma Izzie se encontrando, mesmo em meio ao caos, uma Izzie encontrando seu lugar, mesmo que o mundo ao seu redor esteja desmoronando.
Já a Casey se vê cada dia mais perdida, mais cobrada e mais ansiosa. Ainda tentando se adaptar a Clayton. Casey não consegue se encontrar, mesmo amando a corrida, ela se vê perdendo o prazer naquilo que amava, e a temporada consegue abordar esse tema de uma forma bem interessante, com um episódio inteiro só para ela.
A quarta temporada de Atypical abordou, em peso, muitos relacionamentos, seja amizade, amoroso ou familiar, e meio que um liga o outro. Como, por exemplo, o relacionamento da Casey com seu pai, que não gosta do seu relacionamento com a Izzie, mesmo a Izzie se parecendo bastante com a Elsa em sua adolescência (talvez seja por isso?!). E com o Doug e a Casey se afastando, dá a Doug oportunidade de se aproximar do Sam, que ainda tem certos traumas da época em que seu pai foi embora, quando ele era apenas um garotinho.
Uma outra personagem que eu não poderia deixar de falar é a Page (Jenna Boyd), ainda em sua jornada de autodescoberta, sim essa temporada foi para todos os personagens se autodescobrirem. Page também está lidando com muita coisa, tentando descobrir em que ela é boa, o que ela faz de melhor, e se relacionar com o Sam nesse período em que ele também está nessa mesma jornada foi bom para ambos descobrirem o que era melhor para eles e para o relacionamento.
Falando em relacionamento, o ponto forte dessa temporada foi Casey e Izzie, o marketing que a Netflix fez em cima desse casal foi enorme, mas confesso que lá para o meio da temporada tive minhas dúvidas se seria ou não endgame, pelos problemas que citei acima. Mas o roteiro não decepcionou, soube trabalhar as dúvidas e as inseguranças de cada uma, e com isso houve mais diálogo, ao contrário da terceira temporada, que diálogo nem existia para esse casal.
Atypical sempre foi uma série sobre representatividade, em todos os sentidos da palavra. Atypical consegue pegar nossos problemas do cotidiano e levar para as telinhas de uma forma leve, divertida e, acima de tudo, de uma forma séria. E essa quarta temporada veio com tudo, mesmo que seja difícil dizer adeus a família Gardner, a quarta temporada conseguiu consertar os erros da terceira e superar todas as expectativas. É impossível assistir sem derramar algumas lágrimas (no meu caso, foram litros), mas infelizmente chegou ao fim, com um final digno de uma série digna de maratonar várias e várias vezes.
Todos os episódios de Atypical estão disponíveis na Netflix.
Uma jovem estudante de Direito e apaixonada pelo Superman. Sou apaixonada também por quadrinhos e super-heróis porque vejo neles uma forma de mudar o mundo, nem que seja só um pouquinho. Tento passar esse sentimento pelos meus textos, espero que gostem!