Crítica | Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio – Um filme de terror que assusta na direção

Crítica | Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio – Um filme de terror que assusta na direção

8 Junho, 2021 0 Por Ida Carolina Curty

A franquia de Invocação do Mal chegou em seu terceiro filme com A Ordem do Demônio. O filme, baseado em fatos, mostra o casal Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga) em mais uma investigação paranormal envolvendo demônios e exorcismos.

Dessa vez, o casal investiga um dos casos de possessão demoníaca mais famosos dos Estados Unidos, o caso de Arne Cheynne Johnson. Arne foi o primeiro réu dos Estados Unidos a se defender de uma acusação de homicídio alegando estar possuído por um demônio.

Foi em 1981, e o caso ficou bastante famoso na época, Arne esfaqueou várias vezes o dono da casa onde ele morava, e sua namorada estava presente. Arne foi encontrado há alguns quilômetros da casa, todo ensaguentado e dizendo não se lembrar de nada do que aconteceu, alegou que estava possuído por um demônio.

Para os amantes do gênero, Invocação do Mal é atualmente uma das melhores franquias de terror, não só por ser baseado em fatos, ou por ter como protagonistas os demonologistas Ed e Lorraine Warren, que se tornaram muito famosos ao longo dos anos, mas também por ser dirigido por James Wan. Quem não se lembra da franquia de Jogos Mortais? No começo dos anos 2000, Jogos Mortais se tornou uma das franquias de terror e suspense mais famosa da época, com poucos recursos, pouco dinheiro e pouco espaço James Wan dirigiu o longa em apenas 18 dias e entregou um clássico do terror que gera debates até hoje.

Reprodução: Warner Bros. Pictures

Mas é aí que entra o problema de Invocação do Mal 3, James Wan o entregou a um de seus aprendizes, tal como fez com Annabelle. Ele o entregou a Michael Chaves (A Maldição da Chorona), e talvez isso tenha causado estranheza entre os fãs da franquia, porque de fato, algumas coisas mudaram.

O filme é ruim?

Não, o filme é bom. O diretor consegue explorar coisas novas no gênero, porque normalmente estamos acostumados a filmes de terror clichês, onde há o demônio, fantasma ou serial killer, que seja, um local mal assombrado e as vítimas, todo mundo morre e pronto, tomamos vários sustos, temos nossos picos de adrenalina e fim.

Invocação do Mal consegue ir um pouco além disso, explora as relações afundo dos personagens, os dramas e o amor, principalmente do casal protagonista, Ed e Lorraine.

Reprodução: Warner Bros. Pictures

Mas, na minha opinião, focaram tanto nessa parte sentimental que esqueceram que o filme ainda pertence ao gênero do terror, foram poucas as cenas que dão “susto”. Um outro ponto que esqueceram também foi a própria história do filme, a história do Arne ficou totalmente de lado. No segundo ato do filme a direção muda totalmente o rumo da história, mesmo que esteja interligada esse rumo só é retomado no final do terceiro ato, isso foi um erro grotesco, é uma história fascinante e poderiam tê-la explorado muito mais.

Não só a história do próprio Arne, mas as outras histórias secundárias mereciam mais tempo de tela. A investigação do casal abrangeu outras vitimas desse demônio e tudo foi contado tão rapidamente que pareciam nem ter importância na história, quando na verdade eram o ponto chave para tudo que estava acontecendo. A impressão que transpareceu foi a de que o diretor se perdeu na própria história que estava contando.

Não quero entrar na ceara de quem acredita ou não em possessão demoníaca, mas o caso do Arne é muito interessante, juridicamente falando, e o filme poderia ter trago mais disso para nós, e sem esquecer do terror, visto que havia outros casos ligados ao dele, inclusive a maldição inicialmente nem era para ele, e sim para o irmão de sua namorada, o David. Exemplo disso temos O Exorcismo de Emily Rose, o filme podia ter seguido essa pegada, como no começo se inclinou a fazer. Pelo contrário, o filme seguiu um rumo totalmente diferente do que se propôs a fazer inicialmente, o filme segue um plano mais aberto e pouco fala do tribunal.

O marketing antecessor ao filme nos passou algo como se esse vilão fosse o mais assustador da franquia, o que mais assustou o casal, mas o que o filme trouxe foi uma vilã fraca, com pouco tempo de tela e nem um pouco impactante. O filme serviu mesmo para contar do amor de Ed e Lorraine.

No mais, a atuação excelente de Vera Farmiga consegue segurar algumas pontas soltas, o problema de Invocação do Mal 3 foi a direção, o que tornou o filme massante e beirando a mediocridade.