Crítica | Legado de Júpiter: São oito episódios cansativos

Crítica | Legado de Júpiter: São oito episódios cansativos

10 Maio, 2021 1 Por Ida Carolina Curty

O Legado de Júpiter é a mais nova série de super-heróis da Netflix

Baseada na série de quadrinhos de mesmo nome do Mark Miller e Frank Quitely, a série chegou a Netflix com sua primeira temporada completa, contendo 08 episódios.

A série, criada por Steven S. DeKnight, gira em torno de um grupo de super-heróis, a União da Justiça, e de seus filhos que, em tese, serão seus substitutos no futuro. Mas a série foca em seu herói principal, o grande herói Utópico, cujo próprio nome já remete a algo inalcançável, um sonho, um ideal, uma utopia.

Utópico, também conhecido como Sheldon, carrega fortemente seus ideais, os quais ele chama de O Código. O Código são regras a serem seguidas pelos super-heróis para que eles não venham a interferir na política, nas guerras, no livre arbítrio do ser humano comum, sem poderes.

A série gira em torno desse debate, onde temos o filho do Utópico, o Paradigma, tentando ser digno da aprovação do pai, tentando ser um herói tão bom quanto o pai para ser digno de substitui-lo no futuro, e em uma de suas missões acaba quebrando o Código.

Trazendo assuntos pertinente para os dias atuais, os métodos antes utilizados pelos heróis já não bastam para deter os vilões, os vilões entram na luta sem nada a perder, na intenção de matar o herói, então o herói deve fazer o mesmo? “Força letal, sem um processo legal, não é justiça”.

Reprodução: Netflix

Essa frase foi dita por Utópico, que acredita que os heróis não devem matar os vilões, e de fato, é uma discussão bastante pertinente para os dias atuais, e que assim como o restante da série não foi bem trabalhado.
Intercalando entre passado e futuro, carregando um grande mistério que se estende até o último minuto, o roteiro da série peca miseravelmente em não saber desenvolver histórias paralelas e se perde. No começo a série foca muito em questões morais, mas ao decorrer dos episódios vai perdendo sua essência. O roteiro não soube trabalhar nem a família principal. Foram muitas informações jogadas e não trabalhadas, muitos personagens mal desenvolvidos, principalmente a filha do Utópico. Você até entende as motivações dela, mas falta algo. Falta sua essência.

A série deixou muitas pontas soltas, foca demais em um ou dois personagens e simplesmente esquece do restante, ou melhor, não se importa com eles, assim como o grande Utópico não se importa com ninguém além do Código e do seu falso moralismo.

Não foi o baixo orçamento nas cenas de luta que incomodou ou as discussões que a série se propôs a tratar, mas o péssimo desenvolvimento. Foi o processo tão lento para tratar de um assunto que o roteiro e a direção se perdiam no meio do caminho. Os quadrinhos do Mark Millar são famosos pelo desenvolvimento ágil, poderiam ter trago isso para a série também.

A série traz atuações boas, mas peca, de verdade, no desenvolvimento das histórias que se propõe a contar. Esse primeiro volume foi bastante introdutório, se houver continuação nada impede de corrigirem esses erros, porque há potencial, mas precisa ser desenvolvido.