Um Superman negro após as acusações de racismo?
6 Maio, 2021De acordo com o site The Hollywood Reporter, a Warner, combinado a DC Comics, estariam em busca de um diretor negro para o reboot de Superman, que virá após os eventos do novo filme do Flash. O reboot contará também com um personagem negro, o que nos quadrinhos nós já vimos, o Superman da Terra 23, Calvin.
Será o primeiro Superman negro adaptado para os cinemas. A Warner estaria procurando um ator pouco conhecido para viver o super-herói, tal como Brandon Routh e Henry Cavill antes de assumirem o manto.
Mas o que isso quer dizer? Aparentemente, o filme, assim como The Batman, não terá ligação com o DCEU, o universo cinematográfico atual da DC, e, também, se passaria nos anos 20.
Entre os nomes mais especulados para dirigir o filme estão Steven Caple Jr. de Creed II, Regina King de Uma Noite em Miami, e Shaka King, a favorita da Warner devido a indicação recente ao Oscar de Melhor Filme por Judas e o Messias Negro.
Quem se lembra das recentes denúncias do ator Ray Fisher ao estúdio da Warner? Se você não se lembra, refrescarei sua memória:
Após as gravações daquele filme, no qual, após uma tragédia pessoal, Zack Snyder teve que abandonar as gravações e ser substituído por Joss Whedon, Ray Fisher, o ator que interpretou o Cyborg, soltou diversas críticas a Warner alegando abusos da parte do diretor Joss Whedon, em um tuíte definiu o comportamento do cineasta no set de gravações como “nojento, abusivo, não profissional e inaceitável”. Fisher disse ainda que os produtores Geoff Johns e Jon Berg incentivavam o diretor.
Jon Berg se manifestou sobre as acusações de Fisher, disse que o descontentamento do ator era de que ele tinha que usar o bordão “Booyah” no filme, que se tornou famoso nas animações. O roteirista dos quadrinhos de Cyborg, David F. Walker apoiou Ray Fisher na polêmica envolvendo a frase de efeito do herói, “Booyah!”, na versão cinematográfica daquele fime:
“Para constar: não tive nenhum problema com Luke Cage dizendo ‘Sweet Christmas’, mas toda vez que eu escrevia ‘Booyah’ para Cyborg, isso esmagava minha alma. Minhas objeções chegam a ouvidos surdos e, no final, acabei desistindo.#IStandWithRayFisher”. Como nenhum outro ator tinha uma frase de efeito, Fisher declarou ao THR: “Parecia estranho ter o único personagem negro dizendo isso”.
Em 2020, Ray Fisher afirmou ter recebido uma ligação de Hamada, que comanda o estúdio atualmente, pedindo que ele desistisse da denúncia e da investigação de abuso contra o diretor e os produtores, o ator também foi cortado de The Flash, o novo filme do Flash que dará início a esse novo universo, inclusive ao novo filme do Superman.
“Recebi a confirmação oficial de que a Warner Bros. Pictures decidiu me remover do elenco de The Flash”, começou Fisher. “Discordo totalmente da decisão deles, mas não é surpreendente. Apesar do equívoco, o envolvimento de Ciborgue em The Flash foi muito maior do que uma participação especial – e enquanto eu lamento a oportunidade perdida de trazer Victor Stone de volta à tela, trazer a consciência para as ações de Walter Hamada provará ser uma contribuição muito mais importante para o nosso mundo.”
Mas você deve estar se perguntando, o que tem a ver o Cyborg, Ray Fisher e toda essa polêmica com o novo Superman? Irei te explicar: na versão de Whedon daquele filme, é nítido o boicote ao Cyborg, um personagem que é extremamente importante, com uma carga emocional altíssima e com muito a ser explorado, é muito mais que um alívio cômico e uma frase de efeito, mas Whedon o reduziu a isso.
Não bastasse a Warner ter vazado esse rumor de procurar um diretor negro, dando a entender que um ator negro interpretará o Superman, colocando de lado o Superman do Henry Cavill, pouquíssimo explorado (só com um filme solo), no dia do aniversário do próprio Cavill, ainda faz tudo isso tentando provar não ser racista após todas essas polêmicas envolvendo o Ray Fisher. Rumores ainda dizem que o Superman que veremos no cinema não será o Superman que temos nas HQs da Terra 23, e sim o próprio Kal-El adaptado.
O que era pra ser uma coisa maravilhosa, o primeiro Superman negro adaptado para os cinemas, virou uma estratégia para se safar de acusações racistas. Todo apoio ao Ray Fisher e que ele consiga, de fato, provar seu lado na história. Lutar contra grandes corporações é uma luta cansativa, mas se faz necessária quando situações assim acontecem.
Uma jovem estudante de Direito e apaixonada pelo Superman. Sou apaixonada também por quadrinhos e super-heróis porque vejo neles uma forma de mudar o mundo, nem que seja só um pouquinho. Tento passar esse sentimento pelos meus textos, espero que gostem!