Crítica | 1ª Temporada de Invencível: Quais as consequências de ser um super-herói?
1 Maio, 2021Invencível chegou ao fim de sua primeira temporada, mas já temos a confirmação de que a série não só terá uma segunda temporada, mas também uma terceira! A animação realmente teve potencial.
Contando a história de Mark Grayson, a animação faz alusões e homenagens a vários super-heróis popularmente conhecidos, inclusive o próprio Mark que mistura um pouco do Homem-Aranha com poderes do Superman.
Já no primeiro episódio somos apresentados a equipe principal de super-heróis, os Guardiões do Globo, e também ao Omni-Man, um super-herói que veio de outro planeta e que ajuda nossos Guardiões a salvar a Terra. Nesse primeiro episódio a série já mostrou a que veio, com um plot twist de matar (literalmente) no final. (Leia as primeiras impressões sobre Invencível)
A partir desse primeiro episódio a animação consegue encaixar todos os elementos dentro de uma história fascinante, envolve mistério, investigação, heróis vivendo uma vida dupla, adolescentes se descobrindo e muito mais.
A animação que foi baseada nas HQs de mesmo nome e do mesmo criador, Robert Kirkman, e consegue ser bem fiel a sua história de origem, inclusive com as falas e ações de determinados personagens. Mas o que me chamou atenção foi que mesmo sendo bem fiel, a animação também conseguiu ser original, trouxe elementos próprios para a história, inclusive com bastante representatividade. Outro traço interessante foi a cronologia a ser contada a história, a animação pegou os acontecimentos das HQs e colocou em sua própria ordem cronológica, deu muito certo!
Invencível traz um roteiro bem consistente, mesmo tendo sua própria cronologia a história flui com facilidade e consegue intercalar entre o personagem principal e os secundários, desenvolvendo histórias paralelas à do Mark. As cores vibrantes da série também são para se destacar, durante as cenas de luta as cores dão um destaque especial e tudo fica muito bonito. Como mencionei, o roteiro foi muito bem elaborado, conseguiu construir uma base boa para a segunda temporada e os eventos estarem em uma ordem cronológica um pouco diferente das HQs deixa que os fãs quebrem a cabeça pensando no que virá a seguir. Como nas HQs, a série não foca muito nos vilões, mas conseguiu sim dar um destaque a alguns vilões importantes nesse primeiro momento. O foco principal foi nos heróis, a série, em paralelo a história do Mark, já desenvolveu os Novos Guardiões do Globo, desenvolveu a Eve, uma personagem que gosto muito e que teve um destaque legal na animação, ou seja, a segunda temporada tem tudo para ser até melhor que essa primeira.
Durante toda a temporada a animação usou e abusou das cenas de lutas para mostrar uma violência extrema, mas tudo isso não foi a toa. Na minha opinião, todas as cenas de luta onde vemos as consequências das brigas entre herói e vilão, onde vemos os inocentes sendo mortos, inclusive isso é mostrado explicitamente, foram totalmente necessárias. Estamos acostumados a ver filmes de super-heróis onde há toda aquela destruição de prédios e ruas, carros sendo arremessados e não geram consequência alguma. Um adendo para falar de Batman vs Superman, onde a luta do Clark com o General Zod causa uma destruição gigantesca e Bruce Wayne, que estava em meio aos escombros, se revolta com tudo aquilo e usa o Batman para mostrar ao Superman que suas ações têm consequências, mas mesmo o filme abordando esse tema, somente Invencível mostrou de forma clara as verdadeiras consequências dessas lutas.
E foi em seu último episódio da temporada que Invencível conseguiu superar todas as expectativas. Quando o Omni-Man, pai de Mark, o Invencível, revela a seu filho que na verdade ele vem de uma raça de alienígenas fascistas que tem o intuito de dominar todo o Mundo, e que sua missão na Terra era enfraquecê-la para que seu povo pudesse tomá-la, é que as coisas ficam realmente pesadas.
Quem leu as HQs já sabia o que ia acontecer nesse episódio, após a revelação de Omni-Man viria a luta entre ele e o Invencível, mas o que não esperávamos era tudo o que veio nesse meio tempo. Durante essa revelação e com o intuito de dizer a Mark que ele também é um viltrumita e que ele deveria se juntar a seu povo para assim dominar todos os planetas de todas as galáxias, inclusive a Terra, Mark, como todo herói, não aceita o posicionamento de seu pai e tenta, em vão, lutar contra ele. Omni-Man então mostra a Mark que as criaturas na Terra são frágeis causando assim um genocídio. Nas HQs as cenas do prédio e do metro são passadas rapidamente, mas na animação Robert Kirkman fez questão de mostrar a dor de Mark ao tentar impedir o genocídio causado por seu pai, mas falhando. O próprio Kirkman comentou, em entrevista para o ComikBook, sobre uma das cenas em que Mark tenta salvar uma mãe e uma filha de um prédio prestes a desabar:
“Eu queria que Invencível fosse uma história onde prédios são destruídos e isso significa tudo […] Você vê como é para ela e sua filha estar em um prédio prestes a cair, o desespero que surge ali […] Então mostrar Mark se esforçando ao máximo para salvá-las e falhando miseravelmente, injeta uma tonelada de emoção na história, muito mais drama, e você consegue entender como Mark se sente, tudo por causa daquela cena”
E realmente, não só nessa cena, mas durante toda a temporada Invencível conseguiu se destacar por mérito próprio, a animação, que por muitos foi comparada a uma versão barata de The Boys, conseguiu passar sua mensagem nessa primeira temporada.
A animação inteira se fez necessária, ela trouxe um pouco dos heróis para nossa realidade, abordou temas relevantes para as histórias de super-heróis e conseguiu passar a mensagem que queria: a dor de falhar, de ter vidas em suas mãos, de danos que são irreparáveis e principalmente do que é ser um super-herói.
Todos os episódios da primeira temporada de Invencível já estão disponíveis no Amazon Prime Video.
Uma jovem estudante de Direito e apaixonada pelo Superman. Sou apaixonada também por quadrinhos e super-heróis porque vejo neles uma forma de mudar o mundo, nem que seja só um pouquinho. Tento passar esse sentimento pelos meus textos, espero que gostem!