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Crítica | Crip Camp: Uma Revolução pela Inclusão que utiliza de um vasto acervo de imagens e um ponto de vista único
21 Abril, 2021Crep Camp: Uma Revolução Pela Inclusão é um documentário da Netflix produzido pelos Obamas e dirigido por James Lebrecht e Nicole Newnham. Sucesso em festivais e indicado ao Oscar na categoria de “Melhor Documentário”, o material traz um ponto de vista único sobreposto em um enorme arquivo de imagens carregado de informação e importância.
Remetendo aos anos 1970, passando por um contexto político e social de mudanças no mundo com o crescente destaque dos movimentos civis nos Estados Unidos, a história conta sobre um acampamento de verão em Nova York para adolescentes com deficiências, nos levando a uma experiência necessária de entendimento da necessidade de igualdade e de respeito.
O documentário explora de forma leve e orgânica a interação entre os jovens, tratando com a normalidade necessária e quebrando alguns preconceitos que carregamos sobre pessoas com deficiências. O longa transita em duas narrativas: a primeira, no início, sobre como eles viviam a leveza e a interação do grupo ainda sobre uma estética hippie (levando em consideração o contexto do movimento que estava em queda), passando por relações amorosas, convivência e principalmente igualdade, afinal sabemos que a sociedade ainda tem um olhar preconceituoso e carrega um grande desinformação quando o assunto é pessoas com deficiência, levando a uma segregação e afastamento como nos espaços públicos, mercado de trabalho e tantos outros. E a segunda, mostrando a vida anos depois do acampamento, o engajamento no ativismo por direitos iguais, nos mostrando que agradecer por acessibilidade é uma ideia que deve ser esquecida, afinal temos que começar ter igualdade sem precisar agradecer já que se trata de um direito.
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A utilização de arquivos de imagem são continuamente presentes e a quantidade é vasta e talvez esse seja um dos maiores pontos do longa: o grande acervo de depoimentos, fotos e vídeos do acampamento são postas de forma muito agradável gerando uma sensação incisiva na experiência de quem está assistindo. A técnica utilizada é coesa, nada parece jogado de forma solta apenas para gerar um conteúdo vazio e sim para enriquecer e até mesmo agradar as pessoas que não tem tanta afinidade com documentários. Ao mesmo tempo que é importante, Crep Camp: Uma Revolução Pela Inclusão conquista por ser leve, bonito, com uma trilha sonora bem feita e relatos delicados e sensíveis.
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Apaixonado por cinema, cerveja e cultura POP. Negro e defensor do cinema nacional