Oscar 2021 | Colette: Uma análise sobre história e dor
13 Abril, 2021“Os nazistas ocuparam a França. A resistência exige coragem. Setenta e cinco anos depois, enfrentar os próprios fantasmas pode demorar ainda mais.”
Com 24 minutos de duração, o curta produzido pelo The Guardian indicado ao Oscar 2021 mostra uma verdadeira e significativa história, que nos apresenta praticamente uma aula sobre dor e superação. O curta acompanha Colette Marin-Catheei, veterana da Segunda Guerra Mundial que lutou junto com a resistência francesa contra o nazismo alemão, voltando em um campo de concentração nazista onde perdeu seu irmão. Ao lado da jovem estudante de história Lucie Fouble, Colette apresenta uma linda aula com uma narrativa importante e feito de um ponto de vista técnico cuidadoso e respeitoso.
Dirigindo por Anthony Giacchino, os primeiros dos 24 minutos nos apresenta a história no seu sentido mais literal da palavra (em documentos e relatos) e em seguida mostra a dor e a tentativa de superação de uma forma delicada e cuidadosa, trabalhando os sentimento, as lembranças e a força em um assunto que precisa ser tocado sempre para que nunca se repita.
A frase de Edmund Burke “Um povo que esquece sua história esta condenado a repeti-la” é uma das mais verdadeiras que existem. Aqui podemos vê-la na forma de sentimentos que levam a uma grande reflexão quanto a minimização das feridas, pois mesmo que sejam antigas carregam uma enorme cicatriz. Temos uma mulher de 75 anos que sentiu na pele a dor da guerra e da perda, seria injusto e até desumano a minimização desse sentimento e a negação dos horrores que ela viveu, afinal é algo que permanecerá tanto na sua história de vida quanto na história da sociedade eternamente.
As imagens são bem colocadas, evidenciando o objetivo de trabalhar a didática levando o tom documental muito a sério da forma justa e necessária. Talvez com exagero (ou não) comparo a mensagem com grandes filmes como A Lista de Schindler (1993). Mesmo que com abordagens diferentes, o curta de 2020 te pega pela forma empática num sentido do presente em que está inserido, ao contrário da produção muito mais explícita de 1993.
Colette é uma obra importante que trata de um assunto necessário e usa do cinema para levar uma importante discussão ao público. Considerando o contexto negacionista no qual a sociedade se encontra, o curta adquire um novo nível de importância e deixa claro que precisamos levar a dor a sério e entender que o passado pode sim se repetir!
Colette está disponível de forma gratuita no YouTube:
Apaixonado por cinema, cerveja e cultura POP. Negro e defensor do cinema nacional