Falcão e o Soldado Invernal: Quem é o vilão até agora?
9 Abril, 2021Falcão e o Soldado Invernal é a segunda série lançada pelo serviço de streaming da Disney+ com a Marvel Studios. A série começou a focar de uma forma geral, como o governo está lidando com a situação das pessoas que sobreviveram ao BLIP e também das que voltaram ao mundo após os Vingadores desfazerem o estalo do Thanos.
Estamos no quarto episódio e essa parece ser uma das maiores histórias políticas da Marvel Studios. Apesar de sempre trazer o assunto militar e político em suas obras, eles começaram a tomar cuidados em como esses seriam abordados em suas obras. O Falcão e o Soldado Invernal se faz imensamente necessário no contexto da geopolítica. Em quatro episódios a série retrata problemas de economia, má gestão e racismo como em nenhuma outra vez na Marvel. Exceto por Pantera Negra e Luke Cage.
Após 5 anos se passarem, o mundo parecia estar se adaptando e aceitando as consequências do sumiço de metade da população, como algo benéfico inclusive, mas tudo parece ter desgovernado quando essas pessoas retornaram a vida e então precisaram se realocar na sociedade outra vez. Parece que assim como antes, esse espaço foi diminuindo. O maior exemplo foi o próprio Sam Wilson, a qual Steve Rogers confiava, mas no primeiro episódio vimos que sua situação parecia bem diferente quando o próprio não estava mais “vivo”.
Problemas esses que são financeiros e até mesmo a falta de reconhecimento dos próprios chefes de estado, Sam sendo o portador e merecedor legal do escudo e manto de Capitão América, e o legado de um vingador acaba devolvendo o escudo achando ser o melhor para todos. Logo em seguida ele vê o escudo ser entregue a outro homem e o problema aqui não é mais homenagear Steve, mas questões raciais também. Os próprios personagens da trama ainda são respeitados e reconhecidos por uma parcela da sociedade, mas sequer tem uma legislação para atuar e continuar o trabalho da equipe que eles mesmos participaram.
A criação de um conselho específico para cuidar desses problemas Pós Blip foi estabelecido, mas até que ponto ele foi útil para todos? De certa forma foi algo que ficou somente no papel, sequer abrangeu as pessoas que deveriam ter acolhido. Deixando milhões de pessoas à mercê da formação de grupos de resistência para atuar contra esses descasos. Esses grupos vão ganhando força, e à medida que esses problemas vão aumentando, eles precisam encontrar sua própria forma de sobrevivência. Os apátridas por exemplo, tomam ciência do soro de supersoldado, e então encontram nesse antídoto uma forma de combater e resistir ao poder daqueles que poderiam protegê-los.
“Guerra é a única linguagem que eles conhecem” – De certa forma, Karli Morgenthau (Erin Kellyman) resume brevemente ao seu companheiro, o que significa lutar pelos seus direitos e do seu povo quando ficam desprotegidos. É a forma de conseguir ser ouvido e se comunicar, mesmo que isso custe o nome de terroristas. Afinal de contas, será que os apátridas aqui são os verdadeiros vilões da série? No nosso mundo, ser ouvido significa que podemos a chegar ao extremo. Como a personagem chegou a explodir um local cheio de pessoas. Mas toda ação gera uma consequência de alguma forma.
Esse conflito nunca foi para ver quem é mais forte no soco, e sim como vão encontrar a solução dos problemas na mesma linguagem. O centro do poder do mundo se baseia na América, e, se contrapor a isso é imediatamente um ato de terrorismo. O que já é um conceito aceito em todo mundo. E claro, esse assunto jamais poderia passar batido de uma produção da Marvel, onde todo o controle dos super heróis é tido ali.
Os apátridas nos quadrinhos e no MCU tem formação e origens diferentes. Nas histórias eles não contam com poderes tais como superforça e resistência do soro, mas com bastante dinheiro para investimento. E também não é um grupo em si, apenas um super vilão, mas as motivações são semelhantes. Enquanto na série, dinheiro é o problema e o soro do supersoldado é a fórmula mágica para travar uma batalha contra aqueles que possuem mais poderes. O grupo faz o seu grande ataque ao banco, e é visto como terroristas e suas ideias são comparadas a de supremacistas.
As histórias que envolvem o personagem do Capitão América sempre terão questões políticas e governamentais, e essas questões estão sempre envolvidas com o mundo real da mesma forma. Anarquismo, antifascismo e liberalismo, os conflitos entre o poder do povo e subordinação ao governo que atende somente aos seus interesses e interesses esses que são dominados por chefões que nem mesmos sabemos seus nomes. Os Apátridas são definidos pela série, como um grupo que procura um mundo onde as pessoas não sejam separadas por fronteiras e conceitos vagos. Até então eles são os vilões da série, mas isso é um breve período.
Do outro lado dessa história temos então governos cruéis, que também levam terrorismo a população. Os grupos de “resistências” sempre serão visto como um ato de terrorismo e atendado as forças maiores, mas, o ato de deter bilhões em doláres sem uma distribuição igual enquanto uma parcela fica perecendo sem cuidados não é vista como o terrorismo real nesse mundo. Na série até o momento, o Governo tem sido o grande vilão, contando apenas com aliados a essa sua guerra de quem estará por cima, quem vai sobreviver e se adequar ao mundo novamente.
É uma colocação importante da série dado aos problemas reais e atuais como Guerra em países do Oriente Médio, Ásia e da América Latina que se recusam a fazer aliança com os EUA. Automaticamente esses países se tornam seus maiores inimigos, assim como os apátridas cansados de esperar por ajuda, resolvem cuidar da sua gente, ao seu próprio modo. Outro fator interessante é como a figura de Steve Rogers e a dualidade quanto ao seu significado para o povo.
Rogers é considerado um pacificador e uma forma de conexão entre sociedade e governo, mas para alguns ele é só um homem servindo ao seu país para os interesses de tais. Em resumo, o Capitão América serve aos interesses liberais. John Walker, Agent US, vem aqui no quarto episódio disposto a elevar a outro nível esse conceito.
O Agente Americano começa como uma necessidade de colocar a imagem do Capitão América novamente no mundo, afastando os possíveis crimes e criando a imagem da américa segura, mas isso não dura muito tempo. Ele é só uma tentativa frustrada de afastar o Sam Wilson dessa tarefa, uma versão desequilibrada e sem escrúpulos do Capitão América e sem qualquer carisma. E ele sabe que é essa imagem que passa, para alguns podem passar desapercebido, mas a necessidade do personagem em estabelecer uma relação de controle, até mesmo com Sam Wilson e Bucky Barnes o vai afundar ainda mais.
Barão Zemo parece estar em segundo plano quando se trata do pior problema para a dupla aqui, mas ele ainda terá suas jogadas após os interesses em comuns com Sam e Bucky terminar. Temos o mercador na jogada, Sharon Carter e todo o contexto que ela está inserida, principalmente vivendo na Ilha de Madripoor. A violência e a falta de diálogo ficam cada vez mais evidentes quando John entra em cena, a personalidade cruel e descontrolada do personagem assumem a face do inimigo real e que precisa ser combatido, desmacarando a imagem heroíca que o governo tentou criar dele.
Essas questões vem à tona no último episódio exibido, e mostra quão Sam Wilson precisa assumir o controle do manto com urgência. Não apenas como o legítimo herdeiro do escudo e sim por saber ouvir a parte que precisa mostrar sua voz. O verdadeiro diálogo e solução é como o Sam Wilson vai conquistar a confiança das pessoas e do mundo, e como sua imagem é um símbolo de resistência e esperança a todos.
Confira o nosso canal no Youtube:
Sou cinéfila e meu filme favorito é indie e pouco conhecido, ele se chama Barbie Fairytopia.