Crítica | ‘Raya e o Último Dragão’ preenche todos os requisitos de uma animação perfeita
8 Março, 2021Quando se fala de Disney sempre esperamos que o estúdio traga uma animação de qualidade, e claro, Raya e o Último Dragão cumpre todos os quesitos.
Adiado devido a pandemia, Raya e o Último Dragão chegou ao Disney+ no dia 05 de março através do Premier Access, onde você paga um valor adicional para alugar o filme.
Há muito tempo, no mundo de fantasia de Kumandra, humanos e dragões viviam juntos em harmonia. Mas quando uma força maligna ameaçou a terra, os dragões se sacrificaram para salvar a humanidade. Agora, 500 anos depois, o mesmo mal voltou e cabe a uma guerreira solitária, Raya, rastrear o lendário último dragão para restaurar a terra despedaçada e seu povo dividido. No entanto, ao longo de sua jornada, ela aprenderá que será necessário mais do que um dragão para salvar o mundo – também será necessário confiança e trabalho em equipe.
A Disney sempre foi marcada por adoráveis princesas que se arriscam para realizar um sonho. Seja pra ir a um baile, conhecer o mundo fora do mar, abrir um restaurante… mas ao longo do tempo o estúdio mudou a sua narrativa, investindo em personagens que fogem do papel de princesa e inovando em algo mais alternativo para elas seguirem os seus caminhos, como Mulan, lançado em 1998. Assim como as personagens recentes da Disney, Raya toma um lugar de uma personagem destemida e que precisa fazer de tudo para salvar o seu povo e trazer paz ao mundo.
Raya não tem medo de enfrentar o que está no seu caminho, ela precisa ir até o fim para conquistar o seu objetivo mesmo não acreditando que pode dar certo. A Disney faz de Raya uma personagem muito objetiva, ela foge um pouco da “jornada de heroína”, mostrando que ela já está preparada o suficiente para lidar com as grandes situações da história. A missão da protagonista é realizar o sonho do seu pai, mas mesmo não tendo uma fé, ela se mantém firme para recuperar o seu bem mais precioso.
O roteiro tem uma premissa simples com uma mensagem bem bonita, provando que dificilmente a Disney erra no roteiro de suas animações. É interessante notar que o roteiro tem uma delicadeza em nos apresentar a história de uma forma bonita, e ao mesmo tempo ele segue o ritmo da animação fazendo com que o espectador tenha um misto de emoções, seja pelos momentos tristes, felizes ou decisivos. Um ponto importante é que tem algumas reviravoltas engraçadas no filme e situações bem feitas, apresentando um propósito bem legal para o que foi apresentado.
Sisu é o Último Dragão, uma personagem que serve de âncora para Raya porém tem uma personalidade bem divertida, apesar de inocente. Ela procura soluções interessantes para a Raya e também tenta ajudar da melhor forma possível, fazendo com que ela seja mais uma personagem consciente do que um estereótipo do companheiro animal. Por outro lado, o visual da personagem é bem mais ou menos, já que acredito que ela deveria ser representada com uma presença melhor.
Namaari é a antagonista da série, mas a sua jornada é muito mais do que ser a inimiga da Raya. Ela tem um papel principal na trama que a move por desconfiança, já que ela possui um passado com a protagonista. Namaari tem o mesmo objetivo que Raya, só que por conta da guerra entre os povos, isso acaba rendendo muita desunião e desconfiança entre eles.
Além disso, Raya encontra outros personagens no seu caminho que possuem o mesmo objetivo, mostrando que ainda existe esperança em algumas pessoas.
A mitologia da história é muito bonita, apesar de se passar em um lugar fantasioso, o filme é baseado em contos do Sudeste Asiático em países como Tailândia, Vietnã, Camboja, Indonésia e Laos. Os cenários são bem bonitos, apresentando características únicas dos lugares além do design de roupas, objetos, visuais e o próprio traço da animação. As cenas de ação são bem bonitas, principalmente quando Raya enfrenta Namaari.
É interessante ver uma animação da Disney com personagens asiáticos, e mais interessante é ver que os roteiristas do filme são asiáticos, Adele Lim que é malaia e Qui Nguyen que é vietnamita. Claro que não podemos esquecer que ainda é uma produção norte-americana, mas ainda assim é legal ver o esforço da Disney para trazer mais representatividade às telas. Além disso, grande parte do elenco são de pessoas asiáticas, tendo Kelly Marie Tran como Raya, Awkwafina como Sisu, Gemma Chan como Namaari, Daniel Dae Kim como Chefe Benja, Sandra Oh como Virana e Benedict Wong como Tong.
O filme em geral passa uma mensagem muito bonita, sobre união e confiança. Apesar de ter os Druun, que são forças malignas, o filme esquece um pouco o fato de existir um vilão para focar nas relações dos personagens que possuem interesses em comum. Todos querem trazer a paz, mas por conta da ambição eles acabaram se perdendo e se tornando individualistas. Por isso o roteiro do filme é muito bom, porque ele trabalha com uma ideia de trabalho coletivo ao mesmo tempo que mostra que os maiores vilões são as pessoas, fazendo com que toda uma comunidade seja quebrada por estarem atrás de um grande poder.
Raya e o Último Dragão mantém a qualidade das animações recentes da Disney, trazendo uma história inspiradora e bonita, trazendo o toque de magia da Disney e com um aprendizado que pode inspirar uma nova geração de pessoas.
Se falar mal da Beyoncé o pau vai comer.