Crítica | ‘Mulher-Maravilha 1984’ eleva a narrativa das histórias da DC nos cinemas
15 Dezembro, 2020Após diversos adiamentos por conta da COVID-19, finalmente Mulher-Maravilha 1984 chegará aos cinemas e também no HBO Max, para quem mora nos Estados Unidos.
Após três anos desde o lançamento de Mulher-Maravilha, muitos ficaram ansiosos pela sequência do filme que prometia ser totalmente diferente do que já foi visto, afinal, o filme se passa nos anos 1980, considerada a melhor década do último século.
Como arqueóloga, Diana, que trabalha no Museu Smithsonian, é uma Mulher-Maravilha que tem super poderes extraordinários, podendo ser a heroína mais forte do mundo. Em 1984, a Mulher Maravilha está em perigo mortal assustador diante de uma enorme conspiração do empresário Max, que canta alto para satisfazer os desejos das pessoas, e uma inimiga misteriosa, a Mulher-Leopardo. A Mulher-Maravilha vai conseguir parar o colapso do mundo sozinha?
Quando Patty Jenkins, diretora dos dois filmes da personagem, disse inúmeras vezes que Mulher-Maravilha 1984 seria diferente ela não mentiu. Apesar de ter pequenas conexões com os outros filmes do DCEU, o filme é totalmente novo e único. Muitas pessoas estranharam a escolha de trazer a personagem para a década de 1980, já que a Mulher-Maravilha já teve uma história no passado. No entanto, quando o filme começa a desenrolar, finalmente entendemos a decisão. O roteiro do filme é bem amarrado, talvez seja um dos filmes da DC que mais souberam explorar uma história a fundo.
Nessa história vemos uma Diana (Gal Gadot) solitária, uma mulher presenciou seus amigos partirem e que desde então se encontra em um mundo onde ela não tem mais ninguém a não ser suas memórias e um romance antigo que ela ainda não superou. Apesar de acostumada com o mundo dos homens (aquele que ela demorou para se adaptar), Diana faz o que ela nasceu pra fazer: ajudar as pessoas.
É muito interessante ver como Jenkins conseguiu manter a essência da personagem que vimos no primeiro filme, mesmo que Diana já esteja mais madura e lembre um pouco mais a mulher que vimos em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016). Gadot entrega um ótimo trabalho como Diana Prince, e é notável que a atriz parece mais confiante e à vontade na pele da personagem. Além de estar interpretando o papel pela quarta vez, Gadot também é produtora do filme.
Toda a história é em torno da Pedra dos Desejos, um artefato mágico que (como o nome diz) realiza os desejos do seu dono. Maxwell Lord (Pedro Pascal) é um vilão que almeja ter tudo que sempre quis por puro poder. Seus objetivos nada tem a ver com a destruição o mundo, sua motivação é bem real e interessante para a história. Eu me arrisco a dizer que o Maxwell Lord é um dos vilões mais desenvolvidos do DCEU até então, porque o filme entrega uma emoção para a sua narrativa que jamais foi vista no Universo Estendido da DC.
Além dele, temos também Barbara Minerva (Kristen Wiig) que é a vilã secundária no filme. Barbara também tem uma motivação bem forte e faz com que ela vá ao extremo para conseguir o que quer. Sua personalidade é muito parecida com as dos quadrinhos e nesta versão ela também constrói uma relação com Diana, que logo se torna a sua única amiga. Para quem prestou atenção nos trailers do filme, não é novidade que Barbara tem uma origem diferente dos quadrinhos. Mesmo com a origem mudada, a história da Mulher-Leopardo é bem construída e faz sentido dentro da narrativa, mas se você é muito fã da Mulher-Leopardo, talvez a aparição da personagem neste filme não seja exatamente o que você esperava.
O filme tem muitas cenas de ação, cenas que são muito grandes em comparação ao primeiro filme. Esse upgrade foi, provavelmente, por conta do orçamento de U$ 200 milhões de dólares, investimento que com certeza fez com que o filme ganhasse mais vida do que o anterior. É notável como a produção teve um cuidado muito grande até mesmo nos efeitos mais simples, o que é bastante positivo considerando que este mesmo aspecto foi alvo de críticas no filme anterior.
Do ponto de vista técnico, talvez o maior defeito do filme tenha sido a luta da Mulher-Maravilha com a Mulher-Leopardo. Acredito que não foi uma boa escolha colocar a luta para se passar a noite, já que existia uma grande expectativa em ver os detalhes do CGI da Mulher-Leopardo. Por conta da pouca iluminação, é um tanto difícil de ver o resultado final. Ainda assim, a luta é incrível e com certeza se torna mais bonita quando a Mulher-Maravilha usa a Armadura Dourada, considerada um dos melhores trajes da personagem.
Repleto de referências, o filme traz grandes momentos para os fãs dos quadrinhos, cenas que fazem qualquer um gritar e chorar de emoção. Não é novidade que Steve Trevor (Chris Pine) retorna ao filme, e sua aparição nos trailers trouxe muitos questionamentos para os fãs. Eu diria que o retorno do personagem vai dividir opiniões, mas o roteiro faz um bom trabalho e incluir Steve na medida certa. Sua participação é fundamental para história, mas não impactante a ponto de colocá-lo no centro da narrativa.
O compositor Hans Zimmer consegue transmitir uma emoção muito bonita com a trilha sonora do filme e nos leva diretamente para Batman vs Superman, onde tivemos a primeira aparição da Gal Gadot como Mulher-Maravilha. O filme também tem uma fotografia muito bonita e é muito colorido, trazendo diversas referências da época nas roupas e deixando claro que não estamos mais no início do século.
Mulher-Maravilha 1984 é sem sombra de dúvidas um dos melhores filmes da DC. Jenkins fez um ótimo trabalho no filme e o potencial para um terceiro é quase certo, já que a franquia tem tudo para se tornar uma das melhores trilogias de super-heróis. O filme tem uma mensagem muito bonita, é algo que faz com que a gente reflita um pouco sobre a nossa vida, o que podemos ser e o que desejamos. É uma história que atinge todos os públicos e que honra o lema da Mulher-Maravilha de que “só o amor pode salvar o mundo”.
Se falar mal da Beyoncé o pau vai comer.