Crítica | Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou
24 Novembro, 2020Sendo o escolhido para representar o Brasil no Oscar 2021, ‘Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou’ é um dos documentarios de maior destaque no mundo e é dirigido por Bárbara Paz.
De modo intimista, o documentário fala sobre a vida e a morte de Héctor Babenco. Babenco (1946-2016) foi um cineasta argentino e naturalizado brasileiro. Ele era filho de descendentes ucranianos e poloneses e com 19 anos, veio para o Brasil onde já trabalhou de vendedor e então engatou na sua vida no cinema, qual foi sucesso. Ele já foi indicado ao Oscar de melhor diretor pelo filme “O beijo da mulher aranha” (1985) e também dirigiu clássicos como “Pixote: A lei do mais fraco” (1982) e “Lúcio Flavio, o passageiro da agonia” (1977), além de “Carandiru” (2003).
Babenco marca a estreia de Bárbara Paz na direção de um longa, e é interessante ver como ela vem crescendo nesse ramo. Com memórias que nos levam ao passado e nos trazem ao presente, não de forma para apresentar a sua vida, e sim para refletir em cima dos seus acontecimentos e da sua ascensão até o desfecho dela. Ela apresenta a sua visão e a do companheiro, dentro do limite da mortalidade e fragilidade do corpo humano e sua humanização, sonhos e de um certo lembrete de que a vida é passageira. Através de gravações, eles retratam e compartilham de uma intimidade entre casal, amizades, além questões de vida e morte, como seus últimos momentos na batalha contra o câncer, onde estava bastante debilitado.
Contado como uma carta de amor, aqui a linguagem e audiovisual é usado como poesia, nos convidando a adentrar e entender o seu mundo e obras, cheios de críticas sociais que marcaram nossa geração. Sua fotografia em preto e branco atenua o drama, mas sem cair nas armadilhas muito sentimentais ou clichês. Suas cenas são muito bem montadas, em algumas delas, Paz mescla a voz de Babenco com cenas de seus filmes, em meio a reflexões de vida e morte – imergindo na sua cabeça e o flerte na ideia da sua morte – Essas ideias são transmitidas tanto enquanto suas lutas atuais com a doença, quanto nos elementos de sua vida e dos seus filmes. O que nos leva a reflexão junto, já que o assunto de vida e morte é sempre pertinente na nossas vidas, onde de alguma forma todos nós vamos ter que encarar de alguma forma ou outra. Babenco não é um típico documentário informativo como estamos acostumados e nem sensacionalista. De fato, o foco não está na doença, e sim a transição do homem até a sua imortalidade, qual ficará presente através deste.
Babenco: Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou nos coloca mais próximos do que foi o homem e diante da sua trajetória, permite uma despedida para o que os conhecia. Também funcionando como um começo da pesquisa das suas obras para outros. E claro, o ponto alto do filme é ser uma bela homenagem e declaração de amor da sua companheira.
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Sou cinéfila e meu filme favorito é indie e pouco conhecido, ele se chama Barbie Fairytopia.