Crítica | Mentira Incondicional — Cercado de mistérios, o filme se torna um pouco estranho e duvidável
23 Outubro, 2020Resultado da parceria com a Amazon e a Blumhouse, ‘Mentira Incondicional’ é um filme que possui uma história bem estranha.
Mentira Incondicional (“The Lie” no original) foi escrito e dirigido por Veena Sud, o filme fala sobre uma família que precisa lidar com as consequências causadas por sua filha após matar a sua melhor amiga Brittany (Devery Jacobs).
Apesar de ter um enredo bastante interessante e misterioso, quando assistimos o filme há uma sensação de que estamos esperando por algo grandioso. Nos deparamos com o desespero de Rebecca (Mireille Enos) e Jay (Peter Saarsgard) após saber o que Kayla (Joey King) havia feito com a Brittany. Eles começam a procurar soluções para proteger a sua filha e, ao mesmo tempo, vão se tornando mais próximos, já que são separados. Kayla sofre com a separação dos seus pais, em diversos momentos podemos perceber que o divórcio é um elemento importante para a história, já que eles precisam estar juntos para lidar com a situação.
O ponto alto da produção são as atuações. Temos um trabalho bem bacana de Mireille Enos, que talvez seja a personagem mais interessante do filme. Conseguimos enxergar um real desespero nela, assim como podemos entender e compreender os sentimentos dela como mãe, que são uma mistura de entre preocupação, medo e desespero. Peter Saarsgard entrega um papel bom: apesar do pai ter uma ligação muito forte com a filha, ele também se impõe na história para dar suporte a personagem de Mireille. Joey King é uma ótima atriz, por mais que tenha entregado alguns papéis duvidáveis como em A Barraca do Beijo (2018), aqui sua participação é bem razoável, mas que nos deixa com a pulga atrás da orelha.
O enredo também trabalha com a dúvida sobre a personagem Kayla. Por um lado, pensamos que ela é uma psicopata por ter matado a sua amiga por um uma besteira, mas por outro sentimos que ela é uma menina carente, o que Joey King demonstra perfeitamente em diversas cenas de afeto entre a família. O relacionamento de Kayla com os pais é comum, mesmo com Rebecca reclamando que o pai a protegia demais.
No geral o filme é muito arrastado, por mais que a premissa nos leve a querer saber como eles vão lidar com a situação. Boa parte do enredo gira em torno da família tentando fugir do pai de Brittany, que estava desesperado sem notícias da sua filha. O filme parece não ter nenhuma novidade em termos de roteiro, ele mal consegue fugir do esperado e passa a maioria da trama no mesmo lugar. É um filme que não anda com o desenvolvimento dos personagens e faz com que a ansiedade para o desfecho decaia ao longo da história.
De forma geral, o filme tem um bom desfecho, mas não acho que foi o suficiente para apagar os inúmeros erros de roteiro que o filme possui, mesmo que seja possível ligar os pontos da história no final. A produção tem uma boa premissa, mas a forma como é construída é muito cansativa e lenta. Na verdade, o roteiro é tão maçante que às vezes você não consegue nem prestar atenção na história.
Mentira Incondicional tinha tudo pra ser um grande filme de suspense e até consegue trazer uma história completa com um final razoavelmente interessante, mas que não compensa o tempo perdido com o restante da trama.
Se falar mal da Beyoncé o pau vai comer.