Clássicos do Horror #2 – O Bebê de Rosemary (1968)
16 Outubro, 2020Adicionando mais um clássico de horror ao nosso Especial de Halloween, trago hoje, em complemento do nosso podcast, a indicação do filme “O Bebê de Rosemary” como um dos mais conhecidos filmes desse subgênero.
Que além de um clássico cinematográfico, saiu direto do livros e foi adaptado às telas do cinema pelo diretor Roman Polanski. Até hoje esse filme é capaz de arrepiar até os mais céticos e por isso anos após anos, ele se configura como um dos melhores do gênero e serve de inspiração para mais filmes do subgênero conhecido de terror psicológico.
Se por um lado alguns filmes brincam com nossos medos de coisas desconhecidas ou nos fazem ter repulsa de tamanha violência, sangue em outros, o terror psicológico está aqui para usar nossa própria mente como armadilha de medo. Para diferenciar-se de outros filmes, o terror psicológico é baseado normalmente da vulnerabilidade da nossa mente, com situações que nos dão desconforto mental em geral, como as fobias.
No podcast anterior, falamos de comos as tramas do terror podem estar com suas formúlas esgostadas, mas o terror psicólogico vem ganhando seu espaço nesse meio por abusar dos mistérios e histórias que se assemelham a realidade e brincam com esses medos e paranóias comum do ser humano. Apesar de parecidos, medo e terror têm as suas diferenças, um pouco difícil de distinguir no início, mas para você entender o conceito desse subgênero é importante compreender que o medo não é algo negativo em si, e funciona como um sentimento em que nosso corpo sabe reconhecer uma situação de perigo. Enquanto o terror configura num sentimento ainda mais intenso além do medo, podendo causar paralisias, calafrios, alucinações e outros sintomas agravados apenas ao pensar na situação de perigo.
É muito comum que as pessoas não gostem de terror que envolvam muito sangue, violência e vários tipos de abusos. Mas mesmo não gostando dessas variáveis, ainda sim nós somos atraídos por coisas que dão medo de alguma forma e afloram a nossa curiosidade e nos deixam aflito. É aqui que inserimos o terror psicológico. Como já falado no podcast passado, a história verdadeira por trás do que está sendo contado, seja no gênero literário ou cinematográfico, desperta a nossa curiosidade. Logo no terror psicológico você não vai precisar de sangue, fantasias e máscaras aterrorizantes para ficar com medo.
“Menos sangue e nojo, e mais climão; é menos visual e mais sugestão; enfim, é menos o nosso sensorial e mais psicológico.” ( Revista Galileu sobre Rosemary’s Baby)
O Bebê de Rosemary como um clássico dos Anos 60 de terror psicológico
O filme é inspirado no livro escrito por Ira Levin. E assim como na literatura, o filme segue a história de um casal, que são interpretados por Mia Farrow como Rosemary e John Cassavetes como Guy. O casal se muda para um novo apartamento e pretendem ter um filho, porém fatos estranhos acontecem durante a gravidez. Pode parecer um típico clichê usar um casal e criança como tormento nos filmes de terror, mas logo a trama vira uma sequência inteligente de cenas e momentos de total aflição, quando Rosemary começa ter alucinações durante a gravidez após esse pesadelo, envolvendo o marido e a criança, tudo vira de cabeça para baixo.
“Não existe nada de sobrenatural, salvo o pesadelo. A ideia do diabo poderia ser considerada como paranoia de Rosemary durante a gravidez ou por uma depressão pós-parto”, disse Polanski ao canal “Conversations Inside The Criterion Collection”.
A nossa imaginação é a melhor máquina para criar terror, e partindo dessa afirmação, o diretor da trama brinca com esses elementos e com nossa mente em conjunto; o que te dá medo não é visto e nem falado. Rosemary é uma mulher doce e sutil, encantadora e mesmo que pareça evidente os problemas ao seu redor, nada é realmente concreto. É sua mente mesmo ou obras que envolvem cultos diabólicos que estão fazendo da sua vida um verdadeiro pesadelo? Aliás essa é a pergunta pertinente da trama, seria tudo um pesadelo de fato ou estamos lidando com coisas reais?
Diferente do também clássico de terror sobrenatural, o filme exorcista, que te assusta com imagens mais explícitas e nojentas, aqui vemos a personagem central entrar numa situação insolúvel e desesperadora. Podemos dizer que Polanski deu vida a um típico terror cult, muito recheado de suspense e mistério.
Alguns (talvez) spoilers sobre a história do filme O Bebê de Rosemary
Além de pequenos elementos físicos pelo prédio e apartamento do casal, temos outros personagens coadjuvantes que enriquecem a trama como a jovem Terry (Angela Dorian), uma viciada em drogas em recuperação quais um casal de idosos, excêntrico no edifício, os Castevets, assumiram. Em certo dia, Guy e Rosemary descobrem que Terry jogou-se da janela do seu apartamento e morreu. Em seguida, temos Minnie (Ruth Gordon) e Roman (Sidney Blackmer), a quem eles se conheceram na noite do suicídio de Terry. Minnie convida o Woodhouses para jantar e após isso, Guy constroi uma relação com os Castevets. Minnie dá o pingente de Terry para Rosemary, dizendo-lhe que lhe trará boa sorte também.
Guy sugere que ele e Rosemary tenha um bebê e então nessa noite, Minnie traz copos individuais de mousse. Estranho? Talvez. Rosemary desmaia e entra num transe, onde percebe ser um estranho em seu sonho, mais parecido com um pesadelo no qual ela é estuprada por uma forte presença demoníaca de Guy, os Castevets, e outros inquilinos de Bramford. Quando ela acorda, ela encontra arranhões em seu corpo.
Após descobrir sobre a gravidez, os Castevets insistem que eles visitem um médico pessoal da família para acompanhar a gestação. Dr. Abraham Sapirstein (Ralph Bellamy), que diz que Minnie vai fazer Rosemary uma bebida diária que é mais saudável do que os comprimidos usuais vitamínicos. Durantes os primeiros meses da sua gravidez, Rosemary passa por diversas dores, perde peso e fica com aparência estranha, tendo vontade mais estranhas ainda com comidas. E mesmo assim, o médico garante que logo estará tudo bem.
Um fato absurdo que você consegue perceber durante o filme, é como o comportamento das pessoas são controladores com Rosemary, que vive cheia de incertezas. O que torna assustador é como ela fica no limite onde não percebe esse problema.
Os bastidores e a sequência de acontecimentos estranhos ligados ao filme
- Ao contar a história de uma mulher grávida, o diretor se vê numa situação bem parecida depois do filme. Aqui todo mundo conhece a história de Sharon Tate, na época a sua esposa, qual foi assassinada por uma seita, que por sinal também estava grávida.
- O produtor do filme, William Castle, recebeu diversas ameaças de mortes pelo tema tabu do filme, anticristão. Uma conversa que circula também, é que antes da sua morte, William começou ter alucinações e delírios constante falando da Rosemary.
- No mesmo hospital que William havia sido internado, o compositor da trilha sonora do filme também estava internado e morreu com um tumor no cérebro.
- No crime qual Sharon Tate e outras pessoas morreram, ficou conhecido por “Helter Skelter”, nome de uma música dos Beatles, 11 anos depois, Lennon foi assassinado na porta do prédio em que O Bebê de Rosemary foi filmado: O edifício Dakota.
- Coincidência ou não, Polanski em entrevista falou que tinha cogitado chamar Sharon para o papel de Rosemary antes da Mia Farrow.
Ouça o nosso Especial de Halloween
Sou cinéfila e meu filme favorito é indie e pouco conhecido, ele se chama Barbie Fairytopia.