Crítica | A Maldição da Mansão Bly
14 Outubro, 2020Mesmo mantendo semelhanças com a antecessora A Maldição da Residência Hill, a nova minissérie consegue manter sua qualidade e entregar uma narrativa tão instigante quanto a primeira.
Dado ao sucesso do terror A Maldição da Residência Hill (ANO), a Netflix não renovou a serie propriamente dita, mas deu uma nova história com o mesmo criador em outro universo, prevalecendo a estética horripilante e até mesmo alguns atores no elenco, aqui com uma nova mansão e seus fantasmas seguindo como peça fundamental — tanto no sentido literal quando os fantasmas pessoais de alguns personagens. Baseada na obra de Henry James A Volta do Parafuso (1898), a nova adaptação da Netflix trouxe um clássico para o agora, para um novo público em uma nova época, mesmo que a série em si se ambiente como uma história sendo contada no passado.
É impossível não encontrar semelhanças diretas com A Maldição da Residência Hill. Além de seguir com a produção de Mike Flanagan, a série mantém parte do elenco, o que poderia ser um problema, mas não foi, pois apesar do tom e rostos já vistos a nova produção conseguiu ser única e seus novos personagens conseguiram se destacar com suas próprias narrativas, distanciando da série anterior.
A série se passa através a narração de uma personagem nos tempos atuais contando uma história que aconteceu em 1987 –- e, em alguns momentos, antes disso. Tudo começa quando a professora Dani Clayton (Victoria Pedretti) consegue um trabalho de Au Pair e passa a cuidar de duas crianças Flora (Amelia Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth) em uma mansão no interior. A partir daí, a trama segue uma série de eventos misteriosos que assombram não só o passado da casa como fantasmas da própria personagem.
Desde o início, a narrativa segue um ar sombrio, tenso e mistério, e poderia soar arrastada se não fosse bem desenvolvida. A atmosfera de suspense que se mescla com o terror psicológico de um possível jump scare é uma herança da antecessora, mas a nova trama assustadora consegue sua singularidade. A narrativa te prende a Dani que rapidamente parece estar em perigo, quando tudo (menos ela) parece normal, a sensação de inquietude e curiosidade está presente.
Por mais que o arco principal siga a Dani, a casa e seus coadjuvantes não são esquecidos, muito pelo contrário todos os personagens carregam seus mistérios e no final a protagonista funciona como catalisadora dos eventos que procedem.
Não se tem um terror bom sem atuações dignas e não foi diferente na série. Victoria Pedretti, que já tinha feito um excelente trabalho em A Maldição da Residência Hill segue fazendo uma ótima interpretação e dando todas as camadas necessárias a personagem. O elenco mirim também se destaca, dando a devida importância a função de coadjuvantes.
No final de tudo, é um grande conjunto de acertos que transforma a produção em um sucesso inevitável: criar uma atmosfera “assombrada” e inserir histórias de terror semelhantes, porém únicas, e abrir ainda mais o universo do terror colocando vários elementos do gênero de uma vez. Sim, podemos dizer que a série se aproveita também do clichê, mas dá, ao mesmo tempo, profundidade e desenvolvimento necessários para te surpreender!
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Apaixonado por cinema, cerveja e cultura POP. Negro e defensor do cinema nacional