Review | The Boys: O Nome do Jogo – O lado obscuro dos super-heróis

Review | The Boys: O Nome do Jogo – O lado obscuro dos super-heróis

10 Setembro, 2020 0 Por Marcos Marques

Com uma série sendo adaptada pela Amazon, The Boys é considerado um dos melhores quadrinhos dos anos 2000 e não é exagero quando se fala sobre o quão grande a obra é. 

The Boys é escrito por Garth Ennis, desenhado por Darick Robertson e colorido por Tony Aviña. O quadrinho foi lançado em 2006 pela DC Comics através do selo WildStorm e em seguida lançado pela Dynamite Entertainment. Aqui no Brasil o quadrinho está sendo lançado pela Editora Devir e atualmente conta com 10 edições, com as edições 11 e 12 em pré-venda.

Em The Boys: O Nome do Jogo, o primeiro volume da edição brasileira, somos apresentados a um mundo onde os super-heróis existem assim como somos acostumados, porém, a história mostra o lado mais perverso e ganancioso dos heróis mais amados do mundo. Corrompidos pela fama, sexo, drogas e inúmeras irresponsabilidades, os grupos de super-heróis entram no radar dos The Boys, um grupo que trabalha para a CIA que é responsável por monitorar esses grupos de supers. 

Basicamente, a história fala sobre um universo de super-heróis onde eles não são apenas os mocinhos que salvam o dia e ficam dando palestrinhas de como é proteger a vida das pessoas. A gente já viu algo “parecido” em Os Incríveis, o famoso filme da Pixar que todo mundo ama. Lá, podemos ver os problemas que os super-heróis causam quando vão fazer algum ato heróico e que acabam machucando pessoas civis e causando algum tipo de revolta. Em The Boys não é diferente, na verdade, é mil vezes pior e bem mais pesado, mas chegaremos lá. 

Logo no começo conhecemos Hughie, um cara que vê a sua namorada sendo morta “acidentalmente” por Trem-A, um dos Sete, o melhor grupo de super-heróis do mundo. Para ajudar a superar a sua perda temos a presença de Carniceiro, o líder da equipe The Boys, que é um cara bem rude e que também sofreu com a morte da sua esposa que foi estuprada pelo Capitão Patriota, o líder dos Sete. É muito legal ver a construção desses personagens, a história do Hughie é vista apenas nesse quadrinho. Mesmo que ele se negue a participar da equipe, Hughie alimenta ódio e sede de vingança dos supers. 

Apesar disso, o Hughie da série demonstra muito mais ódio do ocorrido do que o do quadrinho, no qual ele fica muito recluso e tenta superar a perda aos invés de tentar ir atrás de um culpado. A história de Carniceiro, por sua vez, é bem mais complicada e detalhada em The Boys: Pau Pra Toda Obra (Butcher, Baker, Candlestickmaker), que explica com mais detalhes a vida do personagem.

Reprodução: Dynamite Entertainment

Assim, Carniceiro, Hughie, Leite Materno, Francês e Fêmea formam o The Boys e começam a sabotar outros grupos de super-heróis para que eles sejam expostos na mídia por seus podres, fazendo com que eles briguem entre si. 

Do lado dos Sete, assistimos a entrada de Estelar na equipe: uma super-heroína iniciante que sempre sonhou entrar em um grande grupo de heróis. A sua visão sobre os supers cai por terra quando ela é coagida pelo Patriota a transar com ele, Sombra Negra e Trem-A. Infelizmente, ela acaba sendo chantageada e sendo abusada pelos três. No episódio piloto da série, A Luz-Estrela (seu nome na série) confronta o Profundo, mas acaba sendo chantageada e colocando a sua inserção na equipe em risco. Tanto na série como nos quadrinhos esse momento é bem bizarro e extremamente nojento, e entendo que o ponto do roteirista tenha sido mostrar que essas coisas acontecem bastante no meio artístico, onde homens fazem esse tipo de coisa para ameaçar a carreira de outra mulher, principalmente no meio do entretenimento. 

Reprodução: Dynamite Entertainment

Somos acostumados a ler histórias em quadrinhos onde os super-heróis lutam contra bandidos, salvam o planeta terra e sorriem na frente das câmeras, e de uma forma bem certeira, o quadrinho mostra um submundo desses heróis onde eles escondem muita coisa dos olhares do público, incluindo muita corrupção e discursos extremamente preconceituosos. Também ficamos sabendo da existência de uma equipe muito grande por trás, de pessoas que investem bilhões nesses supers e que os apoiam em uma grande rede de publicidade que acoberta as diversas polêmicas em que eles se envolvem. 

The Boys: O Nome do Jogo reúne as edições 1-6 e é uma ótima apresentação para essa história que deixa o leitor cada vez mais tenso e assustado conforme as páginas vão passando. É bom ter uma outra perspectiva sobre os super-heróis e o que realmente eles são, mesmo que fictícios para gente. A história nos apresenta uma crítica dura sobre o que idealizamos das pessoas do entretenimento, que muitas vezes passam uma imagem bastante diferente do que realmente são.