Luke Cage: A importância de um herói de bairro

Criado em 1972, Luke Cage se tornou um ícone da cultura pop. Em meio esteriotipos e representatividade o herói do Harlem é um exemplo clássico de como história de bairro merecem espaços nos quadrinhos!

Na década de 70 no estourou do blaxpoitation a Marvel decidiu unir a representatividade e o lucro mandando para as bancas a primeira HQ de um herói negro, Luke Cage, Hero for Hire #1, não é novidade que as editoras acabam aderindo a moda fora dos quadrinhos para alcançar um maior público –assim como Shang-chi criado no ápice dos filmes de Kung fu– Luke Cage surgiu ainda com vários esteriótipos que até então rodeava a comunidade negra, o que era “normal” considerando a época.

Blaxpoitation foi um movimento cinematográfico que teve como característica a exploração do cotidiano negro, muitas vezes a marginalidade e a violência dos guetos, foi extremamente importante para o movimento e abertura dos negros no cinema construindo uma certa identidade e notoriedade, em meio a tudo isso nasce o Luke Cage, um herói nascido no Harlem com muita personalidade e carisma e o principal: a representatividade de um herói cotidiano.

Nos quadrinhos existe o amigo da vizinhança mas confesso que não é pra mim, afinal o homem aranha é amigo de que vizinhança? A branca cheio de cientistas? É notável nas características dos seus vilões, óbvio não anula sua importância na cultura pop, mas isso não significa que vai agregar todo o público, diferente do Luke Cage que é um herói do cotidiano negro e suas injustiças e que acaba pegando um público que normalmente carece destes personagens.

A criação de Luke Cage é política, um homem que cresce em um bairro marginalizado e entra em uma gangue pode ser visto em qualquer bairro pobre do mundo fora dos quadrinhos e não é essa a única injustiça social que se aplica ao herói, Luke depois de algum tempo acaba se tornando policial mas é preso depois de ter drogas implantadas no seu apartamento.

E assim nasce Luke Cage em um contexto de racismo institucional que está presente até hoje o que também fica explícito em sua série da Netflix de 2016 contada quarenta anos depois da sua aparição nós quadrinhos, mostrando o quão lenta as mudanças são.

Todas as histórias do Luke vão seguir a narrativa de bairro, um herói de aluguel que ajuda nos problemas e combate vilões da vizinhança, os vilões normalmente é mostrados como chefes de gangues e foge um pouco dessa mitologia de HQs mais populares com vilões do espaço ou super cientistas. Seria impossível falar de sua história sem tocar em política, afinal nunca um herói negro vai ser criado sem contexto político social, principalmente em um mundo em que ser um negro a prova de balas é um ato imensurável de resistência.