‘Aves de Rapina’ continua o legado da DC em se arriscar, ser original, e ter seu próprio tom

‘Aves de Rapina’ continua o legado da DC em se arriscar, ser original, e ter seu próprio tom

5 Fevereiro, 2020 0 Por Marcos Marques

Após o sucesso tremendo de Mulher-Maravilha, a Warner se sentiu mais segura em trazer mais filmes de personagens femininas para o cinema e assim nasceu Aves de Rapina

O filme conta sobre a historia da Arlequina após o rompimento do seu relacionamento com o Coringa. Com isso, Harley acaba se deparando com outras mulheres em Gotham que se juntam para impedir o Mascara Negra e seus planos de dominar a cidade. Desde que foi anunciado um filme solo da Arlequina, vimos várias mudanças de planos vindo de Margot Robbie que preferiu trazer um filme em equipe ao invés de ser a única protagonista e isso deu certo, viu? 

Assim como todos os outros filmes da DC após Mulher-Maravilha, Aves de Rapina segue o legado da DC em ter tons próprios em cada filme não repetindo estéticas, técnicas e muito menos um humor saturado. O filme consegue fazer com que a gente enxergue Gotham de uma maneira totalmente diferente que vimos em outros filmes, seja do Batman do Christian Bale ou o Batman do Zack Snyder. Aqui temos a Arlequina no comando, contando a sua visão de Gotham e tendo ajudas inesperadas que completam o roteiro de uma forma sutil, engraçada e entrelaçada. 

Algo importante de se notar, é como o filme destaca suas personagens e honra o empoderamento que foi prometido, ele faz com que o espectador se interesse pelas historias das personagens e compre a ideia de que o Batman não é mais o chefe de Gotham, como eu disse antes, a grande celebridade (literalmente) é a Arlequina. 

A Canário Negro (Jurnee Smollet-Bell) é um dos grandes destaques do filme e fica aqui como um grande cala a boca para os que detestaram a escolha da atriz, e nem foi por ela não ser ‘parecida’ com a personagem dos quadrinhos, foi racismo mesmo. Jurnee consegue ser uma personagem durona e segura de si assim como a sua personagem nos quadrinhos, nos dando cenas de ações muito bem coreografadas e nos fazendo lembrar suas versões animadas e ilustradas. Renee Montoya é um grande destaque da trama porque estamos vendo uma detetive que é subestimada por seus colegas de trabalho devido a sua idade ou até tendo que lidar com “piadas” machistas e misogina. Rosie foi uma das grandes escolhas para interpretar a personagem, trazendo a relevância que ela tem nos quadrinhos. 

A Caçadora é um show a parte, pra quem é fã da heroína pode ficar tranquilo, FINALMENTE temos a nossa Caçadora nos cinemas. Quando eu falo isso, é porque temos ela em essência total da personagem pelo seu jeito debochado, durão e com muita, mas muita sede de vingança. Mary Elizabeth fez um papel incrível e depois de ver o filme, conseguimos compreender todas as entrevistas que a atriz deu durante a divulgação do filme. Mary entra de cabeça na personagem e entra para o hall de personagens que não poderia ser feita por outra pessoa. Cassandra Cain se da bem no filme, tem um ótimo humor mas de todas acredito que ela ficou a mais por baixo em relação a historia. Acredito que muitos sabem da historia da personagem nos quadrinhos e o filme mudou muito a sua narrativa. Existem diversos fatores que podem ter acontecido (já que ela tem uma ligação direta com o Batman) mas só saberemos no futuro. Ainda assim, Ella Jay Basco tem um futuro brilhante nos cinemas, seja na DC ou em outro qualquer lugar.

Reprodução: Margot Robbie

O que eu vou dizer? que a Margot Robbie brilha e devemos orar todos os dias em nome dela? Sim! Margot Robbie fez um papel maravilhoso que já tínhamos visto em Esquadrão Suicida, provando mais uma vez que ela nasceu para ser a personagem. Margot se entregou de corpo e alma para o filme e é nítido que ela caiu como uma luva para o papel. Arlequina continua louca, sarcástica, perturbada e insana e é essa Arlequina que amamos ver nos cinemas e que se a Warner quiser, pode criar diversos filmes futuros com a personagem, já que a Margot Robbie foi a grande responsável para que Aves de Rapina acontecesse. Ela carrega grande parte do humor do filme que não torna cansativo pelo simples fato de ser a Arlequina e ela poder fazer o que quiser. 

O Máscara Negra talvez seja um dos melhores vilões da DC e consegue ser tão cruel como qualquer um dos que já vimos, Ewan MCGregor tras um vilão fino, chique, b010l4 e muito malvado, com cenas bem divertidas e um humor muito ácido. 

As cenas de luta são bem feitas e deixo meus parabéns para a equipe, inclusive, tem uma cena tão boa que lembra a famosa luta do Batman no galpão em Batman v Superman. A trilha sonora do filme é muito bem feita e as músicas do álbum se encaixaram perfeitamente. Tem muita cena forte de violência e palavrões, agora da pra entender a classificação indicativa. Quando juntas, as personagens têm uma conexão muito perfeita, mostrando que todas elas estão ali procurando algo e que precisam mostrar para os homens que elas que mandam, a cidade é delas e que ninguém vai deitá-las novamente como no passado delas. 

Cathy Yan fez um trabalho feito neste filme, ela tem uma visão muito ampla sobre direção e cenas de ação. É muito bonito ver como foi acertada a paleta de cores do filme, posições da câmera e fica bem claro como Cathy entende de quadrinhos, se não entendia, ela estudou muito e merece todos os créditos do filme e vai além. A visão dela é tão boa, que poderia fácil dirigir uma sequência ou Sereias de Gotham, já que ela tem muita noção de como tratar personagens femininas de uma forma empoderadora e respeitosa.

(L-r) Director CATHY YAN and MARGOT ROBBIE on the set of Warner Bros. Pictures’ “BIRDS OF PREY (AND THE FANTABULOUS EMANCIPATION OF ONE HARLEY QUINN),” a Warner Bros. Pictures release. Photo by Claudette Barius/ & © DC Comics


Agora é torcer para que Aves de Rapina ganhe uma sequência porque precisamos urgente ver essas personagens em outras histórias e mostrando mais o seu potencial. 

Aves de Rapina é um prato cheio de referências aos quadrinhos e até mesmo ao próprio DCEU. Mais uma vez, a DC provou que críticas e erros do passado morreram e que eles estão totalmente dispostos a trazer para os fãs o que é a DC de verdade, personagens bem trabalhados, estéticas perfeitas, personalidades próprias e tons diferentes.