Análise | A história de Joe Shuster, o artista por trás do Superman

Nada melhor do que contar a história do artista que desenhou o Superman do que em forma de HQ, certo? Julian Voloj, o roteirista, foi atrás da história do Joe numa árdua pesquisa, o que torna esta obra quase bibliográfica para quem estuda a história do Superman.

O Superman é hoje a maior influência do mundo dos Super-heróis, todo mundo já ouviu falar do homem-de-aço, além, é claro, de ter sido o primeiro super-herói do mundo dos quadrinhos. Mas pouco a gente ouve falar de seus criadores, Jerry Siegal e Joe Shuster.

Esta obra é uma biografia contada sobre a ótica do Joe Shuster, vai desde sua infância até quando Jerry e Joe conseguiram, enfim, deixar o seu legado como criadores do Superman.

Para quem já conhece afundo a história do Superman e de seus criadores sabe da grande briga judicial pelos direitos do super-herói, mas para quem não sabe, me acompanhe:

A primeira aparição do Superman foi em 18 de abril de 1938, na Action Comics #1, mas a ideia do personagem veio muito antes disso. Joe e Jerry se conheceram no colégio e foi amizade na certa. A HQ, como já disse, sob a ótica do Joe, nos dá uma noção de como era a personalidade de cada um. O Jerry já era redator do jornal da escola e escrevia colunas para outros jornais e foi graças ao Jerry que o Joe começou a desenhar profissionalmente, desenhando tirinhas para o jornal da escola, se inscrevendo em concursos e até ganhando eles. A HQ vai passando pelos vários estágios da vida dos dois, e é nítido que o Jerry que levava jeito para lidar com os empresários, e foi aí que começaram a trabalhar juntos em diversas tirinhas para jornais, o Jerry como roteirista e o Joe desenhando. A ligação que os dois tinham era quase como mágica, era como se o Joe pudesse entrar na cabeça do Jerry e desenhar justamente o que ele tinha pensado ao escrever o roteiro.

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A primeira ideia para o Superman não foi bem um Superman. O Super-Homem que surgiu primeiro foi um vilão, um morador de rua que foi escolhido por um cientista que criou uma poção que a atribuía superpoderes a quem usasse. Então o cientista aplicou essa poção ao morador de rua que instantaneamente ganhou superpoderes muito semelhantes aos poderes que viriam a ser do Superman. Só que o morador de rua quando se viu com todo aquele poder matou seu criador para que ninguém mais pudesse detê-lo e saiu em busca de dominar o mundo. Seus planos foram por água abaixo quando seus poderes acabaram e ele perdeu tudo. Não sei a vocês mas essa história me lembrou muito o Frankenstein da Mary Shelley.

Enfim, esse foi o primeiro esboço do Superman, anos depois Jerry aprimorou seu Super-Homem e o tornou do bem, um símbolo de justiça, paz, e claro, um símbolo estadunidense. E quando Jerry contou ao amigo sua ideia do super-herói e Joe fez seus primeiros esboços do que viria a se tornar um símbolo da cultura pop e do mundo geek no geral, os dois não sabiam o sucesso que o Superman ia se tornar, e muito menos sabiam que teriam longos anos pela frente tentando provar que tinham direitos sobre sua criação.

Então, em 1938 uma editora se interessou pelo Superman e iriam publica-lo em 13 páginas numa nova revista chamada Action Comics, em troca os dois criadores do Super-Herói venderiam seus direitos por um cheque de 130 doláres. Na época os dois ficaram muito felizes, donos de tantos outros quadrinhos eles não imaginariam que em abril, quando fosse lançado, o Superman seria líder de vendas, foi um sucesso estrondoso, todo mundo queria a Action Comics e seus volumes seguintes só pelo Superman e foi aí que a briga começou.

A história de Joe Shuster é triste, é a história de dois garotos super talentosos que sonhavam em ganhar a vida com seus roteiros e desenhos. É, também a história de quase todos os artistas que foram injustiçados pelo sistema.

Já se passaram 80 anos desde sua primeira publicação e até então não tínhamos uma HQ que contasse as dores e as alegrias dos artistas que deram início a Era de Ouro dos Quadrinhos.  Com uma arte linda do Thomas Campi e um roteiro minuciosamente cuidadoso e pesquisado, esta é uma homenagem mais que merecida para os artistas que criaram o personagem que mudou o mundo, e mesmo depois de 80 anos continua mudando.

Para o alto e avante!