Sobre a bissexualidade e personagens bissexuais nos quadrinhos!
10 Julho, 2019Percebe-se que há uma confusão do que seria a bissexualidade, muitas pessoas acham que o indivíduo bissexual se atrai por homens e mulheres apenas, alguns chegam a beirar a transfobia e supor que são apenas homens e mulheres cisgênero (pessoa que se identifica com todos os aspectos do gênero de nascença). Tal imaginário é deveras comum, já que as orientações sexuais são construções sociais e passam por modificações com o passar dos anos. No livro “Bisexualities: The Ideology and Practice of Sexual Contact with Both Men and Wonen” o pesquisador Eli Coleman estabelece três paradigmas modernos para o entendimento da bissexualidade.
No primeiro, a bissexualidade é entendida como a tricotomia de heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade, nesta visão há 3 entendimentos diferentes da sexualidade humana. Tal noção perdurou durante o século XX, e estava vinculada com a ideia que a atração pelo mesmo sexo fosse uma doença. O segundo paradigma já é bem distinto, aqui a bissexualidade é considerada um contínuo, todavia está amarrada no fato das genitais determinarem por quem a pessoa sente atração. Por fim, o último paradigma, o atual, é parecido com o anterior, porém crítica o fato das genitais determinarem o objeto de desejo, e assim rompe com o determinismo biológico, pois reconhece que a atração de uma pessoa por outra vai além das genitais, podem também envolver questões psicológicas e sociais.
Agora que já explicamos um pouco melhor sobre a história da bissexualidade vamos falar sobre ela nos quadrinhos. Assim como outras letras da comunidade LGBTQ+ o “B” não é bem representado, geralmente os personagens bi estão envoltos por clichês (do que os autores acreditam ser pessoas bissexuais) e raramente abordam vivências sociais e políticas sobre sua sexualidade, isso só mostra a falta de profissionalidade por parte de seus escritores, geralmente heterossexuais, que não fazem uma pesquisa para entender melhor a minoria que estão escrevendo. No entanto, temos alguns bons exemplos de personagens bissexuais nas hqs. Seguimos:
(Google imagens)
Na Marvel, temos Julie Power (tendo sua primeira aparição em “Power Pack” #1 de 1984). A meta humana já teve um romance com Karolina Dean (“Fugitivos”), além do primeiro volume de “Power Pack” a heroína também aparece em “Academia Vingadores” – hq que sua bissexualidade é trabalhada- e no último volume de “Fugitivos”. Também temos Prodígio, David Alleyne. O mutante apareceu na hq “Novos x-men: Academia X” e em “Jovens Vingadores” (hq em que assume sua bissexualidade). Finalizando Marvel, temos Nico Minoru, umas das minha personagens favoritas. A heroína teve sua sexualidade desenvolvida desde o primeiro volume de “Fugitivos” (2003) e hoje namora com sua companheira de equipe, Karolina Dean, no novo volume de fugitivos (2017)
(Google Imagens)
Agora passando para a dc. John Constantine e Madame Xanadu são personagens da linha Vertigo e ambos bissexuais. Para conhecer mais sobre John recomendamos o arco “Hellblazer: Cinza e Pó na cidade dos anjos” e “Liga da justiça sombria” dos Novos 52. Já sobre Madame Xanadu é interessante ler a hq da personagem escrita por Matt Wagner e LJS dos 52 também. Vamos finalizar com Selina Kyle, nossa querida Mulher-Gato, que apareceu primeiramente em Batman #1 de 1940. À personagem tem hqs muito interessantes, entre elas “Mulher-Gato” (2002), “Mulher-Gato: um crime perfeito” e “Mulher-Gato” (2018). Espero que as dicas de hqs tenham ajudado, e toda reflexão presente no texto também!
(Google Imagens)
17 anos, quer escrever quadrinhos. Enquanto não realiza seu sonho, lê e escreve sobre o assunto – agora, seu objetivo é descansar e ler a pilha de quadrinhos acumulada desde as férias passadas.