Análise | Personagens trans nos quadrinhos: Uma noção histórica!
25 Abril, 2019Apesar de aconchegante para muitos, os quadrinhos nem sempre foram um lugar muito amigável para vários tipos de grupos sociais, num geral a população LGBTQI+ não existe nas histórias em quadrinhos, quando existem, suas representações são equivocadas. Felizmente, tal panorama tem mudado, e nos últimos anos as HQS se tornaram bem mais diversas. Apesar disso, o T da sigla “LGBT” ainda é mt escasso nas comics norte-americanas. O objetivo deste post é analisar a história de personagens trans nas hqs norte-americanas e frisar a importância da representatividade no meio geek.
Anos 40/50/60 ➠ Como já é de se imaginar, nessa época não existiam personagens assumidamente trans nas hqs >nem em outras mídias<. No entanto, existiam alguns personagens que causavam uma certa identificação para xs leitorxs trans. Geralmente eram metamorfos, alienígenas, mágicos, robôs etc. Um exemplo é o vilão da Era de Ouro Ultra-Humanite, que transportou seu cérebro para o corpo de uma mulher.
Anos 80/90 ➠ Na hq clássica da Dc comics, Camelot 3.000 temos Sir Tristan, um dos cavaleiros do Rei Arthur que reencarna no ano 3.000 num corpo feminino. Aqui percebemos melhor o quão problemática foi e ainda é a representação de pessoas trans nas HQS. Tristan é um homem trans, porém não temos isso explícito e provavelmente a intenção do escritor, Mike Barr, não era essa. Outros personagens notáveis que de fato ajudaram para a representação trans nas comics são de “Doom Patrol”, estou falando de Rebis e Coagula. A segunda foi criada por Rachel Pollack -também tans- que teve grande influência de Grant Morrison e sua criação “Rebis”, personagem intersex. Em entrevista para o blog Autostraddle, Pollack conta que criar uma personagem assim como ela é de grande mérito e frisa a importância de discutir temas tabus nas hqs. “Sandman”, de Neil Gaiman, também teve sua importância para a história dos personagens trans, no arco “Um jogo de você” temos Wanda, mulher trans que é amiga da protagonista da história
Anos 2005/2013➠ Durante um longo período a representação trans permaneceu inexistente, apenas em 2005 na hq de Brian K. Vaughan “Fugitivos” que temos Xavin, alienígena da raça Skrull que por muito fãs é considerada genderfluid. Outra personagem importante dessa época é Alysia Yeon, BFF de Barbara Gordon, criada por Gail Simone nos Novos 52. Gail conta que para ela sempre foi difícil ler hqs e ver poucas personagens femininas, então ela se perguntou como seria para outros grupos que têm menos representatividade se identificarem com as histórias; conversando com leitxres trans a roteirista decidiu criar Alysia, mulher trans, que ganha grande foco em sua fase na Batgirl.
17 anos, quer escrever quadrinhos. Enquanto não realiza seu sonho, lê e escreve sobre o assunto – agora, seu objetivo é descansar e ler a pilha de quadrinhos acumulada desde as férias passadas.