Análise | A vida da Capitã Marvel: como fazer histórias de origem!

Carol Danvers sempre foi uma personagem importante para a Marvel Comics. Participou de arcos importantes da Casa das ideias como Ms. Marvel e teve sua história revitalizada em 2012 por Kelly Sue Deconnick. Mesmo antes do anúncio de seu filme solo – em 2014 – a Marvel decidiu aproveitar ao máximo o potencial de Carol, a editora decidiu apostar todas as fichas numa personagem que sempre se mostrou muito interessante, talvez só precisasse de alguns ajustes para se tornar um dos pilares da editora. Danvers sempre teve grande importância em arcos decisivos como “Dinastia M”,“Guerra Civil I”, “Invasão Secreta”e “Vingadores vs X-men” por exemplo, a personagem nunca foi uma mera espectadora como muitos pensam.

No entanto, somente em 2012 -meses antes da iniciativa Marvel Now- que a piloto ganhou mais notoriedade e atenção da editora. Kelly Sue Deconnick ( Bitch Planet, Pretty Deadly etc) e Dexter Soy (Red Hood and the Outlaws) foram os responsáveis pela revolução feita na personagem, Jamie McKelvie foi o responsável pelo novo uniforme de Carol. A partir daquele momento Carol Danvers estava pronta para conquistar o universo da Marvel Comics e posteriormente o cinema, se um grande passo para o crescimento da personagem havia sido dado em 2012 outro foi dado em 2018, e qual seria?

Ms. Marvel 1977 #17

A resposta é simples, Margaret Stohl e seu genial Retcon em “A vida da Capitã Marvel”. O quadrinho foi publicado entre Setembro de 2018 até Fevereiro de 2019 e conta em 5 partes a nova e definitiva origem da Capitã Marvel. A partir de agora vão começar os spoilers do quadrinho, portanto esteja avisade! Vamos começar com o básico, o que é um retcon? Um Retcon é uma artimanha dentro dos quadrinhos muito utilizada e de certa maneira odiada, também pode ser chamada de erro de continuidade. Geralmente um escritor pega uma “lacuna” na história e preenche com certa novidade que pode mudar por completo a história do personagem ou equipe. No caso de Carol Danvers ficamos sabendo que seus poderes não foram ganhos em uma explosão – como anteriormente-, mas sim ela sempre teve o DNA kree, já que sua mãe é uma grande guerreira Kree. Isso é muito importante para a história da heroína, pois ela não é uma mera “costela” de um herói, ela é por si só especial e dona de sua própria narrativa.

A vida da Capitã Marvel edição #4

“A vida da Capitã Marvel” não é apenas um quadrinho divisor de águas na história de Carol Danvers é também um belo exemplo de como usar bem o Retcon e de como contar histórias grandiosas e sentimentais sem tantos clichês e rodeios. O roteiro é direto, visto que as coisas acontecem rápido e não de uma forma jogada, mas de uma forma sistemática e organizada. O passado da heroína é levado em conta e quem não conhece Carol não ficará perdido, já que existem flashbacks para auxiliar o compreendimento do todo. Margaret Stohl sabe humanizar muito bem a Capitã, e acima de tudo, conhece sua história e sua importância para o universo Marvel. O dever de casa foi cumprido.

A Vida da Capitã Marvel esta disponível para compra na Panini Comics