Crítica | Capitã Marvel

Crítica | Capitã Marvel

9 Março, 2019 0 Por Giulia Alves

 


Roteiro e Trilha Sonora por Giulia Alves

Elenco por Talita Lopes

Referências por Catarina Cunha

  • Roteiro

Capitã Marvel é, sem sombra de dúvidas, um filme focado no público mainstream. O que não é um ponto negativo.

Apesar da caracterização de Carol Danvers ser fiel, principalmente em relação a construção de sua personalidade, o roteiro trás uma história totalmente nova pras telonas, não há como contestar. A trama é 100% original e envolve elementos bem pontuais que a ligam aos outros 20 filmes da Marvel Studios, alguns deles até bem inteligentes.

Sua introdução é um pouco demorada, ás vezes cansativa. Consegue situar o telespectador no ambiente, mas não o prende como deveria, talvez por ser um começo lento demais para um filme de super-heroí no espaço.

A partir do momento que Carol chega na Terra, a familiriaridade trás um gostinho e um conforto muito bom para quem assiste. A vontade de entender mais sobre personagens que já conhecemos no Universo Cinematográfico Marvel em suas versões mais novas e menos sérias consegue despertar no público o que faltou no primeiro ato.

Flashbacks são peças importantes na construção do filme, e foram usados de forma orgânica, na medida certa. A sensação é realmente a de estar se lembrando de acontecimentos junto da nossa Capitã.

Duas reviravoltas acontecem durante o filme, são os grandes twists da obra. A primeira deixa qualquer fã de quadrinho com uma pulga atrás da orelha, porque altera tudo que sabiamos sobre os Skrulls. Já a outra, conecta o filme diretamente e com absoluta relevância ao MCU.

O feminismo que tanto foi abordado no marketing do longa não é abordado diretamente, mas é possível identificar a pauta em algumas situações, principalmente entre Maria e Monica Rambeau.

Cenas de ação realmente deixam a desejar, apesar da quantidade delas ser razoável. Falta um pouco mais de tensão nas brigas corporais e alguem que realmente seja forte o suficiente para um embate com Carol Danvers, já que seus poderes são pra lá de extraordinários.

O desfecho do filme é emocional, mostra o apego das personagens umas pelas outras e acaba sendo um suspiro de alívio pros fãs por não haver nenhuma grande perda, já que Guerra Infinita e Homem-Formiga e a Vespa tiveram finais complicados de se encarar. Algumas questões acabam ficando em aberto, mas isso não parece tão relevante já que nesse universo tudo se interliga e em sequências todos os pontos são explicados.

Analisando sua totalidade, Capitã Marvel é um bom filme. Não tem o melhor roteiro do estúdio, mas é divertido, emocionante, épico em alguns momentos e com certeza tem bastante importância na linha do tempo da Marvel, além de estar anos luz a frente de muitos outros filmes esquecíveis de super-herói. Vale a pena assistir, em especial se você for mulher e quiser enxergar, mesmo que seja só um pouquinho, de si mesma nos cinemas.

Nota: 7.5/10

  • Trilha Sonora

Provavelmente um dos pontos que mais esperava em relação ao filme e um dos que mais me decepcionou.

A década de 90 foi repleta de hits e grandes álbums, passeou graciosamente por multiplos genêros musicais, do teen pop até o grunge e o hip hop. Mas, infelizmente, pouco reflexo desses anos brilhantes é visto em Capitã Marvel, apesar da estética e fotografia combinarem absurdamente com bandas de rock clássicas da época.

A colisão entre Nirvana e os Kree merecia muito mais do que se entrega.

Nota: 6/10

 

 

  • Elenco

O elenco é excepcional.

Se por um lado, o filme pode não ter atingido o auge da perfeição com seu roteiro ou trilha sonora, aos olhos dos críticos, o elenco não deixou a desejar de nenhuma forma.

A sintonia é brilhante, incluindo a do felino que rouba todas as cenas.

A principal e melhor relação, que merece todos os aplausos do mundo é de Maria Rambeau e sua amiga Carol Danvers, todo o apoio que precisava para lembra-la da sua vida e ao que ela era predestinada a ser.

A atuação de Lashana Lynch mesmo curta, nos deixou ainda mais mais curiosos para um futuro, não só dela, mas de sua filha Monica Rambeau.

Não lembro de ter visto algo tão puro, sincero e bem adaptado nesse universo dessa forma, desde a amizade de Bucky e Steve.

O outro rosto mais conhecido, o de Samuel L Jackson, que nunca deixou a desejar e não, não tem papel de um homem tóxico, mas sim uma versão menos séria do que acostumamos ver.

Talvez entre todos os filmes da Marvel, essa seja a melhor relação que Nick teve com alguém com superpoderes.

Ben Mendelsohn brilha como Talos e assim como todos os Skrulls e a raça Kree.

O elenco é diverso e tem uma conexão incrível.

Jude Law entrega perfeitamente o líder Kree, mas não tem um plot tão incrível como o de Annette Bening, que foi o mais inesperado.

Nota: 10/10

 

  • Referências

Como já é de praxe, o MCU insere muitas referências em seus filmes, no entanto Capitã Marvel tem uma dose mínima de easter eggs.

Acredito que isso foi um dos maiores pontos problemáticos dele. Durante a produção e a pós-produção do longa, parecia que mão ia faltar referências aos quadrinhos e animações que a personagem já participou.

Carol tem uma história tão rica nas hqs que foi um grande desperdício não usar quase nada no filme.

Acredito que a maior referência, que talvez tenha passado despercebida para muitos fãs, foi o cameo de Kelly Sue DeConnick, que foi a responsável por reinventar e modernizar Carol Danvers, quem fez a transição de Ms. Marvel para Capitã Marvel.

DeConnick aparece quando “Vers” – Carol – recém cai na Terra e está procurando um Skrull, a cena se passa na estação de metrô.

Outras referências sutis, porém muito interessantes são advindas de “A vida da Capitã Marvel”, história publicada em 5 edições, escrita por Margaret Stohl e desenhada por Carlos Pacheco.

A HQ se propõe a recontar a origem de Carol e a tornar mais inspiradora e poderosa – podemos dizer que o filme fez isso com a origem da personagem, mas de uma maneira diferente-. Não somente isso, algumas situações vistas no quadrinho – problemas com o pai e situações machistas que Carol enfrenta durante toda sua vida profissional- também estão presentes no longa.

Nota: 6/10

E você? O que achou de Capitã Marvel? Diz pra gente nos comentários ou no twitter, @HQzonna.